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Portugueses gostavam que as cidades fossem “mais verde e mais pedonal”

Portugueses gostavam que as cidades fossem “mais verde e mais pedonal”

Os resultados preliminares de um estudo internacional – intitulado Cidades Emergentes – concluem que a maioria dos participantes portugueses gostava que a cidade fosse “mais verde e mais pedonal”.

Contribuir para a discussão sobre o futuro das cidades e da habitação depois da pandemia Covid-19 era o objetivo do estudo realizado por professores da Escuela de Arquitectura Cesuga-USJ na Coruña, Espanha, e que, em Portugal, contou com a parceria da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto(FAUP).

De acordo com a instituição portuguesa, os resultados preliminares do estudo A cidade emergente – PT concluem que a existência de mais espaços verdes e zonas pedonais foram dos aspetos mais valorizados pelos participantes.

Através da realização, em vários países, de um inquérito online, o projeto pretende “avaliar como o isolamento atingiu o nosso modo de olhar para as cidades e para a habitação”.

O estudo incide em aspetos como as características da habitação, o espaço para o teletrabalho, a relação da habitação com o exterior, a relação com vizinhos, as qualidades do espaço público, o funcionamento da cidade e o controlo social.

Segundo indica o comunicado enviado à Lusa pela FAUP, entre o dia 6 de abril e 5 de maio, participaram no estudo cerca de 1.400 pessoas, das quais 41% residem no Porto e 23% em Lisboa.

No que diz respeito às características de habitação, mais de metade dos participantes vivem em apartamentos localizados em edifícios plurifamiliares e 20% em casas unifamiliares, sendo que 56% das habitações dispõe de três ou quatro quartos.

Relativamente à escolha de uma futura habitação, a maioria dos participantes no estudo valoriza de “forma expressiva” a orientação solar, o isolamento térmico e acústico, a existência de um espaço de trabalho autónomo da sala e grandes aberturas com espaços exteriores privados, “cuja existência é vincadamente desejada”, assegura o comunicado da FAUP.

Na questão da organização do interior das habitações, apenas 26% dos participantes desejava ter “uma relação mais aberta entre a sala e a cozinha” e a experiência do teletrabalho não teve um “impacto significativo” na necessidade de terem um espaço autónomo de trabalho.

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Apesar de ser desvalorizada a possibilidade de viver noutra zona da cidade ou mesmo num ambiente rural, 90% dos inquiridos gostaria que a cidade fosse “mais verde, mais pedonal e funcionasse com lógicas de proximidade”. No entanto, “poucos” acreditam que essas mudanças possam acontecer.

O estudo mostra ainda que metade dos participantes discordam quanto à possibilidade de virem a existir restrições de acesso na cidade e 36% quanto à existência de mecanismos de controlo social.

Filipa Guerreiro, coordenadora do estudo em Portugal, afirma que, apesar da maioria dos inquiridos não valorizar a relocalização da habitação, é “expetável que o sentido de retorno a uma vida mais próxima da natureza e a um olhar mais atento às questões do espaço da agricultura (…) ganhe, no contexto e situação presente, uma nova dimensão”.

“A qualidade de acesso à Internet passará a ser cada vez mais um elemento diferenciador nas opções de escolha da localização na habitação no território e, consequentemente, deverá assumir um papel estratégico no ordenamento, planeamento e gestão do território”, considera a também docente da FAUP.

O inquérito ‘A Cidade Emergente’ contou com a participação de mais de 12 mil pessoas de nove países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, México, Peru e Portugal.

De acordo com a FAUP, no primeiro seminário ‘online’ do projeto, que juntou os responsáveis dos vários países, verificou-se que “a maioria dos participantes esteve em confinamento nas respetivas habitações” e em regime de teletrabalho.

Segundo a FAUP, a perceção de que a cidade “mudará depois da crise atual” é mais significativa nos participantes do Peru (49%) e do Equador (48%).

“No caso português, apenas 38% dos inquiridos considera que haverá mudanças nas cidades depois da covid-19”, acrescenta a FAUP.

Foto: Parque da Cidade do Porto | António Sousa Machado

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