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Há mais de 100 anos, o Natal era assim no Porto…

Há mais de 100 anos, o Natal era assim no Porto…

Quando chegam as datas festivas, por vezes damos por nós a pensar: como seria antigamente? Havia muita pobreza no país, mas, no Norte de Portugal, mais concretamente no Porto, os natais eram de mesa farta e muita folia. Neste artigo, levamo-lo numa viagem na máquina do tempo, ao Natal de antigamente, na “mui nobre, sempre leal” cidade Invicta.

Já dizia Sousa Viterbo, poeta, arqueólogo, historiador e jornalista português, que a consoada no Norte era “pantagruélica*”, segundo um testemunho datado do dia 25 de dezembro de 1895, de acordo com o artigo da Sapo sobre o tema.

As celebrações começavam na véspera, tradição que se mantém, e a consoada era “acompanhada de cantares, do vinho quente em roda da lareira e da queima de um tronco de pinheiro”. Na mesa, o bacalhau, que agora é mais caro do que a carne, “era a delícia dos mais pobres”, que o comiam cozido e “ladeado dos belos olhos de couve gallega e de cebolas”.

O autor descreveu, ainda, que era na Praça de D. Pedro, no Porto, que se vendiam os produtos “mais genuínos da confeitaria tradicional: o pão de ló coberto, em forma de corações, com pombinhas e dísticos apropriados, a nogada, grosseira, mas saborosa imitação do torrão de alicante, e uns bonecos de massa bastante dura”, cobertos de açúcar e dourados.

Quanto à animação, essa sempre esteve presente na cidade Invicta. “Na última feira antes do Natal, as ruas portuenses enchiam-se da povoação rural dos arredores da cidade vestidas de trajes domingueiros”, assim como os “vendedores ambulantes de mel e o comércio” do pão de trigo, que na altura era novidade e substituía o molete diário e a regueifa de domingo, que continuam a ser tradição nortenha.

Outro dos costumes que ainda está bem presente é a montagem da árvore de Natal. Como contado anteriormente pela VIVA!, em 1865 ergueu-se a primeira árvore de Natal pública do país, no Porto, e o antigo Palácio de Cristal foi o local escolhido para a exibição da mesma, num evento que incluiu distribuição de prendas e programação especialmente pensada para o público infantil.

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O Comércio do Porto escrevia na altura que a iniciativa, marcada para o final da tarde de 23 de dezembro, tinha sido muito bem recebida pelos portuenses e por quem visitava a cidade. Horas antes da inauguração da primeira árvore de Natal pública da Invicta, o órgão de informação relatava: “Eis finalmente chegado o grande dia das creanças. A festa que para ellas principalmente resolveu levar a effeito a direcção do Palacio de Crystal, está por horas a realisar-se. A arvore do Natal, vistosamente embrincada, acena-lhes já d’aquelle recinto com as mil variadíssimas prendas que hão-de fazer pulsar de anciedade os seus corações infantis”.

Já os presentes, esses mudaram um pouco. Se atualmente é habitual receber o mais recente iPhone do mercado, antigamente, nas famílias da burguesia, “eram oferecidos objetos importados das grandes capitais europeias, que incluíam os cartões-de-visita, os álbuns, as edições impressas especiais de Natal”. A par disso, era comum oferecer-se um costal de bacalhau entre os portuenses.

Foto: Cartão Natal (Arquivo CM Porto / Coleção Hélder Pacheco)

Resumindo, e de uma forma geral, pouco mudou: o Natal continua a ser a grande festa das famílias portuguesas e as suas tradições unem gerações.

Que estas recordações calorosas do Natal de outrora aqueçam o seu coração, nos dias frios que decorrem, e o ajudem a celebrar a beleza desta época mágica, da melhor forma.

*pantagruélicaQue é relativo ou se assemelha à figura do gigante Pantagruel, personagem de François Rabelais; Que é muito grande em tamanho, extensão, quantidade ou diversidade (ex.: apetite pantagruélico; almoço pantagruélico; dimensões pantagruélicas), in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2023

Fotografia: CM Porto (Arquivo)

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