Montar a árvore de Natal é algo muito esperado, durante todo o ano, por várias pessoas. O simbolismo de o fazer, especialmente em família, lembra uma das épocas mais bonitas e com mais significado.
Esta tradição natalícia teve origem na Europa, cerca do séc. XVI, época em que os cristãos levavam árvores para dentro das suas casas. No entanto, foi apenas na segunda metade do séc. XIX que decorar uma árvore dentro de casa ganhou maior popularidade e começou a ser prática entre membros de vários estratos sociais.
A primeira árvore de Natal de todas foi decorada em Riga, na Letónia, e só depois é que a Alemanha popularizou a tradição. Já em Portugal a tradição natalícia foi trazida, precisamente, por um alemão, Fernando Augusto de Saxe-Coburg-Gotha, marido de D. Maria II, que montou o primeiro pinheiro de Natal no país.
No entanto, apesar de o hábito de fazer o pinheiro estivesse enraizado em várias casas, a verdade é que a tradicional árvore de Natal pública só foi instalada, na cidade do Porto, em 1865. O antigo Palácio de Cristal foi o local escolhido para a exibição da mesma, num evento que incluiu distribuição de prendas e programação especialmente pensada para o público infantil.
O Comércio do Porto escrevia na altura que a iniciativa, marcada para o final da tarde de 23 de dezembro, tinha sido muito bem recebida pelos portuenses e por quem visitava a cidade. Horas antes da inauguração da primeira árvore de Natal pública da Invicta, o órgão de informação relatava: “Eis finalmente chegado o grande dia das creanças. A festa que para ellas principalmente resolveu levar a effeito a direcção do Palacio de Crystal, está por horas a realisar-se. A arvore do Natal, vistosamente embrincada, acena-lhes já d’aquelle recinto com as mil variadíssimas prendas que hão-de fazer pulsar de anciedade os seus corações infantis”.
O pinheiro de Natal, com 10 metros de altura, causou forte impressão, segundo a noticia d’O Comércio do Porto, na edição de 24 de dezembro: “A realisação d’este divertimento, novo entre nós, não illudiu a espectativa. A arvore do Natal, vistosamente illuminada e coberta de bonecos de Nuremberg, de «bonsbons» e de brincos infantis de todo o genero, produzia um agradavel effeito, desafiando as pequeninas ambições d’aquelles para quem o esplendente pinheiro tinha sido tão profusa e guapamente embellezado”.
“É de certo para ser festejado o pensamento que a direcção do Palacio de Crystal poz em practica, introduzindo entre nós uma innovação, que tem muito de agradavel para não ser bem recebida. Effectivamente o resultado do primeiro ensaio verificado hontem mostra que o foi”, concluía o referido jornal.
Assim, nascia uma tradição que o Porto continua a manter viva a cada ano, mas agora na Praça General Humberto Delgado. Seja em 1865 ou em 2022, a árvore é o símbolo do espírito natalício e o centro das atenções quando as suas luzes se acendem.
Foto de capa: Filipa Brito