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“Viver abril…sempre!”

“Viver abril…sempre!”

As 16 formas de celebrar a liberdade em Matosinhos

Aquela madrugada, à partida igual a tantas outras, viria a mudar por completo o curso da história de Portugal, ao som das inconfundíveis canções “E depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, e “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso, atualmente consideradas verdadeiros ícones da liberdade. A 25 de abril de 1974, um golpe militar depôs o regime ditatorial do Estado Novo, vigente desde 1933, lançando as bases para a implantação de um regime democrático. Hoje, 40 anos depois da chamada “Revolução dos Cravos”, municípios de todo o país preparam-se para celebrar a efeméride, com um conjunto de atividades especiais dedicadas aos seus protagonistas. É o caso do concelho de Matosinhos que, sob o lema “Viver abril…sempre!”, vai propor aos cidadãos “16 formas de celebrar a liberdade”, ao longo dos próximos 15 dias.

mat_abril_2A programação comemorativa das quatro décadas do golpe militar arranca amanhã, sábado, com a apresentação de “Diz-lhes que não falarei nem que me matem”, da autoria de Marta Freitas, no Cine-teatro Constantino Nery, pelas 21h30. A peça – que estreou em 2012, na Festa do Avante – retrata a realidade vivida pelos presos políticos de Portugal antes da Revolução de Abril. Baseado no testemunho de Carlos Costa, que fugiu com Álvaro Cunhal da cadeia de Peniche, o espetáculo pretende eternizar episódios de outros tempos, que, de outra forma, não poderiam ser apreciados pelas gerações mais recentes. “Estas histórias (repletas de episódios tão aterradores quanto enternecedores) fazem parte de um passado que, inevitavelmente, se vai esfumando aos olhos das gerações que tiveram a sorte de nascer em liberdade. De um extenso trabalho de pesquisa surge uma criação que não pretende ser um manifesto político, mas antes espelhar como se vive privado de liberdade, pela luta de um ideal”, anunciou o cine-teatro.

Dois dias depois, a 14 de abril, Matosinhos receberá, às 21h00, a conferência “O papel do associativismo no desenvolvimento da democracia e no exercício da cidadania ativa”. A iniciativa será realizada no salão nobre dos Paços do Concelho – da autoria do recentemente falecido arquiteto Alcino Soutinho – que, curiosamente, foi o primeiro edifício público construído no pós-25 de abril. Na quarta-feira, dia 16, os cidadãos vão ter oportunidade de conhecer “O 25 de Abril contado através dos jornais de Matosinhos”, numa exposição patente na Biblioteca Municipal Florbela Espanca. A mostra apresentará títulos de periódicos como “O Comércio do Porto”, “O Século”, “O Bom Jesus de Matosinhos”, “A Voz de Leça”, “Jornal do Pescador”, “S. Mamede” e “Diário do Governo – I Série / I semestre – 1974”, que fazem parte do fundo documental de reservados da biblioteca.

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mat_abril_3Através destas atividades, a autarquia matosinhense pretende “reavivar na memória da comunidade o espírito e ideais defendidos há 40 anos na Revolução do 25 de Abril e despertar a curiosidade, junto das faixas etárias mais jovens, por este acontecimento eminente da nossa história”. Assim, especificamente a pensar nos miúdos, haverá, no dia 22, às 11h00, na Biblioteca Municipal de Matosinhos, o encontro “O 25 de Abril contado às crianças”, durante o qual os alunos do primeiro ciclo do ensino básico descobrirão a razão pela qual não vão à escola nesse dia, assim como o significado dos cravos neste episódio histórico.

Na véspera da efeméride, a programação festiva começa às 10h30, no mesmo local, com a oficina de expressão plástica “Do meu canto nasce um cravo”, que integra a leitura e audição de poemas de Abril e ainda a construção de cravos em origami. Em destaque estará também a exposição “Estado Novo – a censura até ao 25 de Abril”, no átrio dos Paços do Concelho, bem como uma apresentação multimédia, disponível na biblioteca, com relatos e testemunhos de matosinhenses que viveram a Revolução dos Cravos. Ainda antes da sessão de fogo-de-artifício, prevista para as 24h00, junto ao edifício da Câmara, haverá, no salão nobre, um concerto do Orfeão de Matosinhos.

Agendada para o feriado nacional está a inauguração do Monumento de Homenagem aos Combatentes do Ultramar, na Rua Alfredo Cunha, junto ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Leixões. “Será um dos momentos de maior emoção, dado que serão recordados os 70 combatentes do Concelho de Matosinhos que perderam a vida na Guerra do Ultramar”, realçou a autarquia. À noite, pelas 22h00, o fadista António Zambujo atuará no Constantino Nery, apresentando temas do seu último álbum, “Quinto”, lançado em 2012. No encerramento das comemorações, a 26, Matosinhos prestará homenagem a Álvaro Cunhal, concedendo o seu nome a uma praceta na Senhora da Hora, junto à Estação de Metro. No dia seguinte, o “Põe-te a mexer”, programa de incentivo à prática desportiva nas marginais, pavilhões e praias do município, será dedicado à liberdade, desafiando pessoas de todas as idades a comparecerem, às 10h00, na Marginal de Leça da Palmeira, para celebrarem, em conjunto, os ideais da revolução.

Texto: Mariana Albuquerque

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