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PD - Revista Sabe Bem

Viajar: Um admirável mundo novo?

Viajar: Um admirável mundo novo?

O Natal ainda vem longe, mas já há uma prenda mais do que desejada por muitos para 2021: a simples faculdade de podermos voltar a VIAJAR. Em plena liberdade de escolha de destinos, sem restrições logísticas de qualquer espécie e, acima de tudo, em total segurança. Este futuro, de regresso a uma saudosa normalidade recente, continua a ser uma incógnita. Se é um facto que ainda não controlamos a covid-19, também o é a nossa capacidade de agirmos, neste caso em prol de uma forma mais consciente e ética de explorarmos o planeta.

A pandemia não trouxe somente desgraças. Foi uma oportunidade para muitos – perdi uns quilos e editei o meu livro de viagens – e continua a ser uma ocasião privilegiada para todos refletirmos sobre as viagens e o turismo. O vírus ofereceu a oportunidade única aos ‘destinos’ para repensarem as suas políticas e de se reinventarem. De analisar os eventuais erros cometidos e alterar modelos, tendo sempre como base a sustentabilidade. Sinto um misto de incredulidade e tristeza quando vejo as cidades entregar-se, num despreocupado piscar de olhos, a uma desgovernada gentrificação. O que dizer quando assistimos à valorização imobiliária de uma zona histórica pressionar os habitantes de menor poder económico a sair em favor do cego poder financeiro do turismo? Que valor damos à alma das nossas cidades?

Dos governos (poderá Portugal meter todos os ‘ovos’ do seu desenvolvimento no cesto do turismo?) e do poder local espero ideias estruturantes assentes em palavras como sustentabilidade, educação, cooperação, numa estratégia transversal que defenda os interesses dos residentes e as expectativas dos visitantes (juntos, são o motor de qualquer mudança), obrigatoriamente abrangendo os diversos atores envolvidos. Cuidando e estimulando de uma desejada coesão do território. Apoiando as comunidades.

Turismo diversão sem cuidar da educação?

As crescentes críticas e controvérsias em torno do setor exigem uma resposta, uma transformação – ou prevenção – e neste processo todos são imprescindíveis. Incluindo os cada vez mais influentes bloggers de viagem, ‘players’ fundamentais na definição de tendências das viagens e cuja crescente importância parece ainda não ter sido compreendida por todos.

E quanto a ti? Quanto a mim, a nós? O que podemos fazer? Bom, acreditemos ou não, temos um papel decisivo através das nossas opiniões, mas, particularmente, das nossas ações e opções em viagem. Desde a escolha dos lugares às formas como os visitamos, há inúmeras opções que revelam de que lado da ‘força’ estamos. O que podemos fazer rumo à sustentabilidade, para que o turismo venha a personificar uma das grandes pragas do século?

Gestos simples, como promover uma relação mais justa e saudável entre turistas e residentes, evitar a época alta, privilegiar os negócios locais, levar um kit reutilizável, usar os transportes públicos, alimentação com produtos desses territórios, apostar num maior envolvimento com as culturas autóctones… Não custa e todos agradecemos.  

Enquanto blogger de viagens, procuro a ética e partilha consciente. No terreno, as minhas vontades distinguem-se pelo facto, menos usual, de ter sido sempre adepto dos ‘Destinos B’, os menos óbvios, menos procurados e menos fáceis logisticamente, logo mais desafiantes e, sobretudo, mais genuínos. O turismo de massas, alicerçado num planeta que se transforma num enorme (e igualitário) parque de diversões, não me cativa. Sou mais pelo respeito das culturas e da preservação da sua singularidade e identidade, do desenvolvimento e valorização das pequenas comunidades, de acordo com o que estas pretendam para si próprias.

Vamos a ideias de viagem?

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Esta reflexão é essencial, porém de forma alguma nos deve demover da firme vontade de partirmos à descoberta.

Obviamente, começo por aconselhar o nosso entusiasmante Portugal. Foi eleito, várias vezes, o melhor destino internacional e, depois de ter visitado 114 países, confio que a escolha é adequada. Somos, de facto, uma nação incrível e com imenso para oferecer. Sugestão? Evitar os lugares da moda, os mais tradicionais. Deem uma verdadeira oportunidade ao interior, onde podemos encontrar todo um novo e maravilhoso conceito de lazer e bem-estar, usufruindo de um povo caloroso e de serviços de extrema qualidade.

Se o leitor já sente saudades de explorar outras culturas, deixo aqui algumas menos óbvias, dependendo do nível da bolsa e da ousadia. Essencial mesmo é sair e, preferencialmente, fazê-lo para fora da nossa zona de conforto, potenciando um autoconhecimento e crescimento interior ímpares.

Acredito que o Irão é incomparável para quem ambicione uma jornada memorável. Pela sua inigualável hospitalidade e cultura do seu povo, pelas riquíssimas história, arquitetura e tradições. Argélia e Sudão são um islão de outras influências, contudo encerram riquezas singulares. No Senegal encontrei uma África genuína, surpreendente e imprevisível, na Guatemala e Nicarágua a mais sedutora América Central e na Colômbia o meu repouso de sonho na América do Sul, a minha ‘casa’.

Não esqueço a Geórgia, Arménia e Uzbequistão numa região do Globo que me fascina cada vez mais. Na Europa aprecio as mais autênticas Bulgária, Roménia e Albânia, que nos fazem divagar no tempo. Se a viagem de uma vida exige a mais estimulante natureza, pois temos a Nova Zelândia, Argentina e Chile, na Patagónia e Terra do Fogo. Ou, mais perto, a Islândia.

Se, para já, prefere transportar-se para sítios distantes através da leitura, sugiro-lhe o meu “BornFreee – O Mundo é uma Aventura”, o primeiro livro de um autor português que nos leva a viajar por mais de 50 países, dos cinco Continentes, não em formato de guia, mas antes em 348 enriquecedoras páginas, 24 das quais com mais de 80 fotografias.

São experiências que nos apresentam pessoas inspiradoras, nos levam a transportes públicos épicos, nos fazem sofrer em fronteiras problemáticas, suspirar com imprevistos e momentos caricatos, sonhar com lugares marcantes… sempre a dar-nos novos olhos à viagem, com espírito aberto, respeitador das culturas e da sua identidade.

Importante mesmo é sonhar e preparar o próximo desafio, de mala ou de mochila, mas sempre com a sustentabilidade em mente e aliviados de barreiras ou qualquer tipo de preconceito.

Rui Barbosa Batista

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