Com encenação de Nuno Cardoso, que regressa à dramaturgia russa após ter mergulhado no universo tchekhoviano, esta obra apresenta quinze personagens que estão de férias nas suas “datchas” (uma casa de verão russa). Refletem sobre as inquietações do futuro, mas vivem demasiado centradas em si mesmas, incentivando, avança o comunicado, o “individualismo” e o “mercado de afetos”.
As elites perpetuam as desigualdades e fogem das “crises”, enquanto fazem turismo balnear em qualquer estância paradisíaca, uma “leitura da ação que permite fazer uma revisitação contemporânea do texto e paralelismos com a realidade nacional”.
“Gorki denuncia a falsa consciência da burguesia bem-pensante, que roça a indiferença da direita conservadora, tendo como alibi, para as várias malfeitorias de classe, o leque das boas intenções, que se usa como um leque real, para refrescar e dar sinais. Cardoso revela os egoísmos mal disfarçados dos pais, filhos e netos da revolução e do desenvolvimento, tornados heróis neste re-início de século”, refere o dramaturgo Jorge Louraço Figueira, no programa do espetáculo.
A peça “Veraneantes” pode ser vista até dia 18 de março: às quartas-feiras, às 19h, de quinta a sábado, às 21h, e aos domingos às 16h. O preço dos bilhetes varia entre os 7,50 e os 16 euros. A sessão de dia 12 março conta com um intérprete em Língua Gestual Portuguesa, e nesse dia está também agendada uma Oficina Criativa para os mais pequenos.
