Tonico, um boneco com vida própria
Mas, afinal, como é que funciona esta arte? “Isso não sei porque, na verdade, o Tonico fala mesmo”, brincou Ricardo Marques, explicando que o ventriloquismo é a capacidade “de falar outras vozes, quase sem mexer os lábios e a boca, dando a impressão de que a voz não vem de quem na realidade está a falar”.
Cada espetáculo é preparado cuidadosamente. “Começo por escrever os textos, pesquisar músicas e estabelecer uma sequência”, contou Ricardo Marques, acrescentando que a fase seguinte é a do ensaio, já na companhia do Tonico. “Quando posso, procuro ter quem me veja para ter análise crítica”, destacou.
A magia do ventriloquismo fica completa no momento em que Ricardo Marques se convence de que Tonico adquire vida própria. “Acontece frequentemente eu soltar gargalhadas por ser surpreendido, naquela fração de segundo, pelo meu amigo”, confessou o artista, considerando ser este o aspeto que o distingue dos outros ventríloquos.
Uma paixão “à José Mourinho”
“Se eu vivesse nos Estados Unidos viveria muito bem”, salientou o companheiro de Tonico, contando que, antes de se dedicar a esta arte, “tinha dias de só comer sandes”. “Agora continuo a comer apenas sandes, mas já coloco alguma coisa dentro do pão”, referiu, admitindo que, para se ser ventríloquo, é necessário “ter uma paixão à José Mourinho, criatividade, humor e capacidade de improviso”. “E masoquismo também, para continuar, mesmo ganhando menos do que o Mourinho”, acrescentou Ricardo Marques, com prontidão.
Apesar das dificuldades e de uma eventual necessidade de conjugar empregos, Ricardo Marques quer ser ventríloquo “toda a vida”. “O Tonico é que está à espera de uma vaga para substituir José Sócrates”, revelou, adiantando que os espetáculos no Hard Club vão estar repletos de humor, análise da atualidade, música e stand-up comedy.
Mariana Albuquerque