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Um em cada três profissionais de saúde apresentam níveis de burnout severo

Um em cada três profissionais de saúde apresentam níveis de burnout severo

Um estudo da Universidade Portucalense, divulgado esta segunda-feira, revela que um em cada três profissionais de saúde apresentam níveis severos de burnout, um estado de stress laboral caracterizado por uma sensação de sobrecarga, desgaste e exaustão física e emocional.

Uma conclusão que, segundo explicou Pedro Ferreira, um dos investigadores do estudo, em entrevista à TSF, resulta também da análise de outros três indicadores: a exaustão emocional, despersonalização e a realização pessoal.

Dos 196 inquiridos, 58,2% apresentam “elevada exaustão emocional”, ou seja, um “esgotamento emocional traduzido por um grande cansaço no trabalho, acompanhado de uma sensação de vazio e pela dificuldade em lidar com as emoções dos outros”. 

Por sua vez, 54,6% dos profissionais apresentam uma “elevada perda de realização pessoal (sentimento de insucesso profissional) e 33,7% revelaram sentir um “elevado nível de despersonalização (atitude mais distanciada na prestação de cuidados)”. 

O estudo, intitulado “Resiliência e Burnout em Organizações de Saúde, contou também com a participação de Sofia Gomes.

Segundo os autores, a resiliência é o fator determinante no combate a esta síndrome. “Quanto maior o nível de recuperação das adversidades e adaptação a situações de tensão e stress, maiores os níveis de realização pessoal, e consequentemente, menores os níveis de exaustão e de despersonalização”, explicam.

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O estudo, desenvolvido pelo Research on Economics, Management and Information Technologies (REMIT), envolveu 196 profissionais de saúde, inquiridos entre novembro de 2020 e janeiro de 2021, dos quais 77% são mulheres, 73,3% tem menos de 40 anos e 53,1% tem filhos.

Nos últimos seis meses, os profissionais inquiridos trabalharam, em média, 47,6 horas, tendo registado um número máximo de 140 horas semanais.

O que é o burnout

O conceito surgiu nos anos 70 pela mão do médico norte-americano Herbert J. Freudenberger, que o denominou como “um estado de esgotamento físico e mental, cuja causa está intimamente ligada à vida profissional”. O problema pode estar no ambiente, nas relações profissionais, na falta de motivação, na ausência de realização profissional, na elevada carga horária, na não-identificação do funcionário com o método de trabalho da empresa ou, até mesmo, ainda que, possivelmente, sejam raras as vezes, na ambição excessiva em querer fazer sempre mais e melhor. No entanto, como, frequentemente, se costuma dizer na medicina, “cada caso é um caso” e, acrescenta o psicoterapeuta Nuno Mendes Duarte, da direção clínica da Oficina da Psicologia, “é possível que cada pessoa experiencie estas dimensões de forma diferente tendo em conta as suas condições laborais específicas”.

De uma forma resumida, o burnout caracteriza-se por “uma corrosão da motivação, um desgaste emocional significativo”, que, naturalmente, tem impacto na saúde física e psicológica da população, com sintomas que vão desde a ansiedade, às insónias, a doenças cardiovasculares, autoimunes e à depressão. Segundo o responsável clínico, esta doença tem três dimensões, que se relacionam entre si, e que têm o seu impacto específico no nível de desempenho e das relações sociais. “O burnout começa com a exaustão emocional que contribui para aumentar o distanciamento cognitivo e que contribui para a perda de eficácia”, exaustão essa que surge “do elevado confronto, desafio, pressão e exigência no trabalho”, resultando, depois, “numa redução de energia e de recursos, com fadiga emocional e física”, que vão conduzir “a um processo de distanciamento, indiferença e desinvestimento pelo trabalho, colegas e empresa” e levar “à diminuição da eficácia profissional e da auto-realização”.

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