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Supervisão escolar em Gaia

Supervisão escolar em Gaia
Convencê-los a ir às aulas pode não ser tarefa fácil, mas há valores maiores que levam a equipa de docentes a encarar o projecto como um desafio. Evitar o trabalho infantil é um deles. Provar aos mais novos que, apesar de não lhes parecer, a qualificação académica é uma das armas para o futuro é outras das apostas.
Tal como afirmou Paula Igrejas, professora envolvida no plano, o PIEF “é uma das respostas possíveis a dar a jovens em situação de exclusão social”. A EB 2,3 Teixeira Lopes adoptou o projecto e tem, neste momento, uma turma, com alunos entre os 13 e os 17 anos, a receber uma formação especial, não só voltada para o ensino, mas também para a aquisição de regras e métodos de trabalho.

A luta pelos “cidadãos interventivos e conscientes”

A turma PIEF da escola de Gaia é composta por alunos com situações familiares complicadas. “São, na sua maioria, alunos sem retaguarda familiar, que estavam em situação de abandono escolar ou revelavam elevada falta de assiduidade, sem hábitos de estudo e com dificuldades em cumprir regras”, contou, à Viva, a docente.
Assim, “o projecto assume-se como uma tentativa de evitar o trabalho infantil, promovendo, no seio da família, a importância da qualificação académica para um bom desempenho profissional futuro”, acrescentou Paula Igrejas. Os docentes trabalham no sentido de formar “cidadãos interventivos e conscientes”, com “sentido de solidariedade e responsabilidade”. Segundo a docente que acompanha a turma PIEF, esta proposta “garantirá também que os alunos que ainda estão dentro da escolaridade obrigatória não venham a integrar precocemente o mercado de trabalho ou enveredar por piores formas em termos de risco social”.

estudantesProfessores e técnicos de olhos postos nos mais novos

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A diferença entre o Currículo Nacional de Educação Básica e o currículo PIEF reside no acompanhamento que é feito aos alunos. Além do apoio dos professores, a turma da EB 2,3 Teixeira Lopes é supervisionada por uma técnica de intervenção local, que os acompanha no seu dia-a-dia e “estabelece contactos diários, se necessário for, com os encarregados de educação”.
“A equipa Técnico-Pedagógica reúne semanalmente e conta com a presença de representantes da Equipa Móvel Multidisciplinar do PIEC, do Programa para a Inclusão e Cidadania, do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social”, afirmou Paula Igrejas. “Há também um trabalho de articulação com os técnicos da Comissão de Protecção de Jovens e Crianças em Risco (…) e outras instituições de solidariedade social que prestam apoio às famílias dos alunos”, acrescentou, em declarações à Viva.
Ficam, assim, reunidas todas as condições para que os quinze alunos tenham oportunidade de prosseguir a sua formação, uma vez que a aquisição de passes e materiais escolares, a marcação de consultas de especialidade e o respectivo acompanhamento dos alunos são garantidos pelas entidades.

Conciliar necessidades e interesses

No dia-a-dia, os docentes procuram “ir ao encontro das capacidades, interesses e necessidades dos alunos abrangidos”. As actividades propostas são “tão práticas quanto possível” e visam manter os jovens atentos, concentrados e colaborantes. Apesar da dedicação, segundo Paula Igreja, a turma PIEC da escola de Gaia tem já “um aluno em situação de abandono escolar e dois outros com elevado absentismo”.
Ainda assim, a docente garante que o projecto tem conseguido motivar alunos que, de outra forma, continuariam isolados da comunidade escolar. “São inúmeras as actividades de enriquecimento do currículo e de convívio proporcionadas à turma”, quer em tempo de aulas como em período de férias. Mesmo que a adesão dos jovens a estes programas raramente ultrapasse os 50%, as atenções ficam centradas naqueles que participam, “com interesse e entusiasmo”. “Só por isso, o esforço dos professores é recompensado”, concluiu a docente.

Mariana Albuquerque

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