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Serralves em Festa 2013

Serralves em Festa 2013

Ainda assim, a magia da 10.ª edição da iniciativa já começou a contaminar a baixa da cidade, nomeadamente através de um projeto da britânica Kaffe Mathews que junta ópera e bicicletas numa experiência de ciclismo sónico que “leva o público por viagens encantadas, frequentemente belas mas também de um outro mundo, por vezes divertidas ou talvez estranhas, mas sempre convincentes”. Através da fest_serralv“Opera Fixi”, realizada para a cidade do Porto em colaboração com a companhia Visões Úteis, o desafio lançado aos interessados é simples: que se desloquem à Loja da Rua Infante D. Henrique, onde estão as bicicletas, peguem numa e comecem a pedalar para ouvir a obra que se vai desdobrando ao longo da marginal do rio até ao farol, e de volta à loja.

O projeto de Kaffe Mathews arrancou no passado dia 25 e vai prolongar-se até domingo, inspirado na pesca contemporânea, no rio Douro e na qualidade da sua água, na duração de uma jornada de pesca durante a noite e na poluição do rio, que determina a taxa de mudança de sexo dos peixes. Por isso mesmo é que, de acordo com a própria organização, o projeto “fala dum tempo e dum lugar em que os pescadores são mulheres e as sereias são homens; em que os ‘sereios’ têm seios, cabelos de algas e tocam harpas feitas com linhas de pesca e as ‘pescadoras’ usam fatos de pele de peixe quando saem para o mar cantando canções na frequência do coração humano (298.7Hz), convidando os peixes machos para as suas enormes redes tecidas com os seus cabelos e vinhas”.

fest_serralv1Interagir com o público e despertar a reflexão

O desafio do “Serralves em Festa”, na sua “casa” habitual, começa logo às 8 horas de sábado com a descoberta do Parque de Serralves, numa visita que pretende mostrar aos participantes um espaço “ainda iluminado pela suave e doce luz do amanhecer”.

Depois de um arranque de dia mais sereno, a animação prossegue a todo o gás com o projeto “Bodies in Urban Spaces”, do coreógrafo austríaco Willi Dorner, que convida a descobrir, sobre a forma de percurso coreográfico e arquitetural, a relação entre o corpo dos bailarinos e a arquitetura dos locais onde se realiza. Desenvolvida em coprodução com o Festival Imaginarius, a performance conta com o apoio da autarquia portuense, tendo-se apresentado esta sexta-feira na baixa da cidade, junto ao edifício AXA, na Avenida dos Aliados, antes de se mudar para o Parque de Serralves. Tal como explicou o próprio coreógrafo, o principal objetivo do espetáculo é o de “mostrar até que ponto nós somos anónimos nas nossas cidades, até que ponto o económico arrasa o humano”. Assim sendo, o austríaco vai apresentar ao público um conjunto de esculturas efémeras, de forma a transmitir uma perceção de domínio da cidade sobre o indivíduo.

fest_serralv6Já na área do Teatro, um dos destaques vai para “Domicília Magic Show”, um trabalho da coreógrafa Sílvia Real e do músico Sérgio Pelágio “que reúne rigor e imaginação numa intensa e hilariante peça de teatro de movimento”. Domicília é a personagem principal da trilogia Casio Tone/ SubTone/ Tritone, sendo que este último espetáculo esteve na edição de 2008 do Serralves em Festa, retratando a desmaterialização da personagem. Cinco anos depois, a peça “Domicília Magic Show” promete recuperá-la, “numa série de fugazes mas espetaculares aparições”.

E como a imaginação é um dos ingredientes chave da grande festa de Serralves, haverá, nos dois dias do evento, “Imaginary Friends”, uma peça de teatro de rua em movimento, realizada no Parque e conduzida por um grupo de pessoas e os seus respetivos “doppelgängers” (duplos ambulantes) em tamanho humano. Fruto de uma colaboração entre a companhia britânica Whalley Range All Stars e a holandesa BABOK, a peça “cria imagens de humor, carinho, surpresa”, brincando com o público “de forma muito consciente e aberta”.

Música para todos os gostos

Como já é habitual, a música será uma constante nesta 10.ª edição do Serralves em Festa, com dezenas de concertos agendados para o palco do Prado, algumas salas do Museu e da Casa de Serralves e até clareiras improvisadas. Logo no sábado, às 13 horas, a Orquestra de Jazz de Matosinhos dá início às atuações da festa, no Prado. Duas horas depois, a Clareira das Azinheiras recebe um “showcase” da jovem editora bracarense PAD, responsável por nomes como The Astroboy, Long Way to Alaska, LaLaLa Ressonance e peixe:avião.

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E a provar que a música pode encontrar fontes de inspiração nas mais diversos temáticas, Woodpecker Wolliams vai apresentar, às 16h30, no court de Ténis, “The Bird School of Being Human”, trabalho exclusivamente dedicado aos pássaros e ao amor que esta “apicultora, parteira e praticante de xamanismo” nutre pela natureza. “As suas canções nascem num terreno fértil onde a beleza pura da fest_serralv3sua voz e de uma harpa se encontra com a música eletrónica e os drones”, descreve a organização do evento. Ao final da tarde (19 horas), no mesmo local, vão atuar os “Bader Motor”, constituídos por Fred Bigot, músico conhecido pelos projetos Electronicat e Melt Famas; Vincent Epplay, artista sonoro que explora as interações entre processamento sonoro e formas visuais e Arnaud Maguet, artista visual, criador e diretor de uma editora.

Entre os pontos altos da Festa do Prado, na noite de 8 para 9 de junho, estão os concertos dos King Midas Sound, à meia-noite, – cuja “sonoridade mereceu comparações aos Massive Attack, mais soturnos – e também dos Diamond Version, que surgem de “uma colaboração entre dois dos grandes nomes da música eletrónica atual: Alva Noto (Carsten Nicolai) e Beyetone (Olaf Bender).

A tarde de domingo ficará marcada pelo showcase “Moe’s Implosion + M.Stad”, da editora e promotora Turbina, pelas 14 horas, no court de Ténis. Meia hora depois, os portugueses “Evols” vão subir ao palco da Clareira das Azinheiras, para mostrar ao público uma “música intemporal, longe dos holofotes, mas perto das pessoas, onde gostam de estar”. Durante o concerto, a banda, influenciada pelas raízes do rock e dos blues, apresentará alguns dos temas que farão parte do novo disco, a ser lançado ainda este ano. De regresso ao Ténis, a 10.ª edição do Serralves em Festa contará com a atuação de Jibóia, às 16 horas, com o carimbo de Óscar Silva.

fest_serralv4Em destaque estará ainda a “big band battle” entre a Orquestra de Jazz de Matosinhos e a WDR Big Band Cologne, que vão partilhar o palco do Prado, pelas 17h30, desafiando os visitantes a “reavivar o espírito sobrevivente das rivalidades entre orquestras americanas dos anos 30 e 40”. Mais para o final da tarde, às 19h30, no Jardim Maria Nordman, serão ouvidas as sonoridades independentes e descomprometidas do coletivo português Monster Jinx, projeto que já assinalou o seu quinto aniversário e que funciona também como uma plataforma de edição e distribuição de música, liderada por “Jinx”, o grande monstro roxo. O concerto de encerramento do evento, às 23 horas, está a cargo dos Dirty Honkers, grupo sediado em Berlim e composto pelo produtor de hip-hop israelita Gad Hinkis e pelos saxofonistas Andrea Roberts, canadiano, e Florent Mannant, francês. Juntos, os artistas combinam “elementos de eletrónica com swing, coroando a mistura com rap, vozes sensuais e as melodias bem-dispostas das big bands”.

fest_serralv2Acrobacias e danças que restituem a “singularidade dos corpos”

O circo contemporâneo será, uma vez mais, uma das ofertas da iniciativa que, em parceria com o FITEI – Festival Internacional de Teatro de expressão Ibérica, receberá “Traz Fusion”, da companhia Jo Bithume. O espetáculo, de fusão entre a percussão e a dança acrobática, apresenta um duo de artistas franceses: Mounira Tairou no trapézio e Philippe Gohard na bateria e voz, assumindo-se como uma “peça forte e sensível”, que chegará ao Prado de Serralves no sábado, pelas 19h30.

A Clareira das Azinheiras vai também receber, às 22 horas, os artistas desajeitados e em cuecas do espetáculo “Slips Inside”, da companhia belga Okidok. A peça promete brindar o público com “o melhor da acrobacia, da mímica, da dança, da poesia breve dos anos gloriosos do music-hall”, num registo clownesco do ridículo e do desastrado. Assim, “numa sociedade invadida de imagens de corpos perfeitos eternamente jovens e sensuais”, a peça pretende restituir “a singularidade dos corpos das personagens, propondo uma imagética mais imediata, mais atual e mais direta em que as personagens são centrais”.

Texto: Mariana Albuquerque  |  Fotos: Serralves

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