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Sabia que… O Bacalhau à Gomes de Sá nasceu no Porto? E nós damos-lhe a receita original

Sabia que… O Bacalhau à Gomes de Sá nasceu no Porto? E nós damos-lhe a receita original

Não é novidade que o Bacalhau à Gomes de Sá é um dos pratos portugueses mais famosos do mundo, mas… e se lhe disséssemos que foi inventado no Porto? E que há uma placa em homenagem ao inventor, José Luís Gomes de Sá Júnior, por cima da porta da casa que o viu nascer, na Ribeira? É tudo verdade e, melhor ainda, vamos partilhar consigo a receita original no final deste artigo, por isso continue desse lado e desfrute da viagem!

As histórias começam sempre pelo início, portanto comecemos pelo nascimento do autor. José Luís Gomes de Sá Júnior nasceu a 7 de fevereiro de 1851, na casa número 114 da Rua do Muro dos Bacalhoeiros, na zona da Ribeira, no Porto. Este muro é histórico, não só por ser a continuação da medieval Muralha Fernandina e ter uma das melhores vistas para o Rio Douro, mas também porque deu origem a um dos pratos favoritos da culinária portuguesa: o Bacalhau à Gomes de Sá.

A forma como este surgiu é interessante e muito simples. Reza a história que José Luís Gomes de Sá Júnior cozinhava muito bem bacalhau, mais concretamente, bolinhos de bacalhau, mas que um dia se fartou e, com os mesmos ingredientes, criou o novo prato.

Foto: Pingo Doce

Mais tarde, e segundo o artigo publicado pela Câmara Municipal do Porto acerca da iguaria, “infortúnios da vida” levaram o autor “a ter de vender (ou escrever em carta) a receita ao seu colega e melhor amigo João, cozinheiro do Restaurante Lisbonense (famoso pela música de orquestra e com entrada principal pela Rua do Bonjardim)”. Deixando, claro, as notas importantes para o sucesso: o prato deve ser servido “bem quente, muito quente” e “João, se alterares qualquer coisa já não fica capaz”.

Segundo a mesma fonte, baseado no blogue “Conversas à Mesa”, de Fátima Moura: “O icónico prato terá sido provavelmente criado na década de 1910, numa das habituais almoçaradas que o comerciante fazia com os amigos em restaurantes dos arredores do Porto. No livro ‘Bem Comer & Curiosidades’, José Quitério [n.r.: antigo crítico gastronómico do semanário Expresso] afirma ter recebido, em 2001, uma carta de um afilhado de Gomes de Sá, onde este lhe faz parte de que o famoso prato terá sido estreado num restaurante do local da Ponte da Pedra (sobre o rio Leça, na estrada do Porto para Braga, à entrada de São Mamede de Infesta)”.

José Luís Gomes de Sá Júnior faleceu em 1926, mas o seu legado ainda é lembrado. Prova disso é a placa, mandada colocar em sua homenagem, em 1988, pelo diplomata brasileiro João Frank da Costa, na casa que viu Gomes de Sá nascer (Rua do Muro dos Bacalhoeiros n.º 114), que pode ser vista atualmente e é um marco no turismo gastronómico da cidade.

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Quanto à receita, esta continua a ser um sucesso nos restaurantes de Norte a Sul de Portugal, sendo um dos pratos mais pedidos e, em 2011, o Bacalhau à Gomes de Sá foi nomeado uma das Sete Maravilhas da Gastronomia portuguesa, chegando a finalista, o que o tornou mais conhecido a nível internacional.

Posto isto, não nos esquecemos do que lhe prometemos: a receita original de José Luís Gomes de Sá Júnior.

Ingredientes:

  • postas de Bacalhau demolhado
  • batata
  • dentes de alho
  • cebolas
  • ovos cozidos
  • azeite q.b.
  • salsa q.b.
  • azeitonas pretas a gosto
  • leite magro q.b.

Preparação:
“Pega-se no bacalhau demolhado e deita-se numa caçarola. Depois, cobre-se tudo com água a ferver, e, depois, tapa-se com uma baeta grossa ou um pedaço de cobertor e deixa-se, então, assim, sem ferver, durante 20 minutos. A seguir, ao bacalhau que está na caçarola e que devem ser 2 quilos pesados em cru, tiram-se-lhe todas as espinhas e faz-se em lascas e põe-se num prato fundo, cobrindo-se com leite quente, deixando-o, em infusão, durante uma hora e meia a duas horas. Depois, em uma travessa de ir ao forno, deita-se três decilitros de azeite fino do mais fino (isto é essencial), quatro dentes de alho e oito cebolas a alourar. Ter já dois quilos de batatas (cortadas, à parte, com casca) às quais se lhes tira a pele e se cortam às rodelas da grossura de um centímetro e bota-se as batatas mais as lascas do bacalhau, que se retiram do leite. Põe-se, então, na mesma travessa, no forno, deixando-se ferver tudo, por dez a quinze minutos. Serve-se, na mesma travessa, com azeitonas grandes pretas, muito boas, e mais um ramo de salsa muito picada e rodelas de ovo cozido. Deve-se servir bem quente, muito quente”.

Agora que já tem a receita original, resta-nos desejar-lhe um bom apetite!

Foto: Filipa Brito / Porto.

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