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S. João 2013

S. João 2013

Contudo, este ano, as artérias da cidade vão ser invadidas por uma figura especial, que promete abalar as recordações daqueles que já viviam a celebração há meio século. Para comemorar os 50 anos da criação do martelinho de S. João, a empresa familiar Estrela do Paraíso decidiu relançar o conhecido símbolo do arraial no seu formato original, numa parceria com a empresa municipal PortoLazer.

martelo_originalDesta forma, o martelo azul e branco, pequenino – do qual muitos se devem lembrar e que, entretanto, deu origem a outros de cor e tamanho diferentes – vai voltar à festividade que o viu nascer, em 1963, pelas mãos de Manuel António Boaventura. Hoje, é o neto do criador do martelo de S. João (e atual proprietário da referida empresa), Manuel Marinho, que está encarregue de continuar a “dar vida” ao emblema da festa popular joanina. E para não deixar passar em branco estas cinco décadas de marteladas, “nada melhor do que voltar a fabricar o primeiro modelo” do martelinho, contou, à Viva, o responsável, felicitando a autarquia local pelo facto de não ter perdido a oportunidade de se associar à iniciativa.

Apesar de ter surgido como um “brinquedo pequeno”, precisamente para as crianças brincarem, o martelo de S. João foi progredindo ao longo dos anos, dando origem a vários modelos, nomeadamente com bonecos e flautas. “Mas foi evoluindo mais no sentido de ir ao encontro do público adulto e, como tal, cresceu em dimensão, existindo, hoje, em vários formatos e tamanhos”, esclareceu Manuel Marinho. O orgulho de pertencer à família responsável pela criação do martelinho é transmitido de geração em geração. “Quando nasci eles [os martelos] já existiam e não consigo precisar de quando são as minhas primeiras memórias. Mas lembro-me de, tal como o meu filho faz agora, andar pela cidade do Porto orgulhoso por saber que era ‘lá em casa’ que se faziam os martelos e de dizer às pessoas que quem os fazia era o meu avô”, recordou o proprietário da Estrela do Paraíso.

sj_013_2Cidadãos batem o pé à PIDE em defesa do martelo de S. João

Mas ao longo da sua existência, o martelo de S. João, que surge inspirado num saleiro/pimenteiro que Manuel António Boaventura viu numa das suas viagens, também teve dias difíceis. Já depois de ter entrado nas celebrações e de ser incondicionalmente aceite pelas pessoas nos seus festejos, o martelinho acabou por ser proibido. “Foi considerado algo que ia contra as tradições populares e, numa altura em que a PIDE controlava tudo, algo que saísse da normal rotina era logo colocado ‘sob observação’ e imediatamente reprimido”, relembrou Manuel Marinho.

O seu avô foi, assim, proibido de vender o símbolo da festa, havendo também a indicação de que quem fosse apanhado com martelos na noite de S. João seria multado em 70$00. O aviso foi ignorado tanto pelo criador como pelos cidadãos, que já não prescindiam das marteladas da noite mais comprida do ano. “E ainda bem! O povo adotou logo o martelinho e continuou a usá-lo, apesar da multa elevada a que estavam sujeitos os que fossem apanhados com ele: 70$00, numa altura em que ganhavam 30$00”, apontou, sublinhando, contudo, não ter conhecido ninguém que tenha sido realmente obrigado a pagar a coima. Atualmente, os martelos já fazem parte de toda a estrutura do S. João, tendo encontro marcado com a cidade na noite de 23 para 24 de junho. “Acho que nunca se conseguirá dissociar uma coisa da outra. Ir ao S. João é levar o martelinho para dar e receber umas marteladas”, concluiu Manuel Marinho.

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sj_013_4Desporto, música e animação: os ingredientes garantidos

Mas antes da festa popular propriamente dita, a cidade do Porto vai ser palco, de 21 a 23 de junho, de grandes emoções automobilísticas, com o Grande Prémio Histórico do Porto, ao ritmo rápido do Circuito da Boavista. Ainda assim, esta não será apenas uma festa de velocidade, uma vez que o programa integra animação paralela que incluirá uma Fun Zone, concertos e edições especiais do Urban Market e das Porto Sunday Sessions. Quando estiverem a decorrer os últimos momentos do Grande Prémio Histórico do Porto, o centro da cidade já estará em modo warm-up com a segunda edição da iniciativa Ranchos em Arruada, que promete encher as principais ruas portuenses com música e boa disposição. Pelas 15 horas de domingo, dia 23, vários ranchos partirão de locais como a Praça Carlos Alberto, Praça da Cordoaria, da Ribeira, D. João I, da Batalha e dos Poveiros rumo aos Aliados, incentivando os transeuntes a segui-los.

A provar que a quadra popular já está bem enraizada na programação cultural portuense, no início da noite, a Casa da Música oferecerá o habitual Concerto de S. João pela Orquestra Sinfónica do Porto que, num ano dedicado a Itália, evocará temas que associamos à Roma antiga através de filmes como “O Gladiador” e “Ben-Hur”. Entretanto, já com o aroma a sardinhas assadas no ar, a noite de S. João começará ao ritmo de bailes e bailaricos, como é o caso do Baile das Fontainhas, que arranca às 22:00 horas, e do Bailarico dos Aliados (22:30), que antecederão o espetáculo de fogo de artifício que iluminará as margens do Douro à meia-noite. De seguida, o roteiro da festa sugere o Arraial Minimal, também na avenida dos Aliados, na qual estará montado um palco com dois sistemas de som orientados em sentidos opostos, com duas sonoridades e estéticas musicais diferentes. Assim, de um lado, será possível dançar ao som da música típica das festas populares e, do outro, haverá rock e música eletrónica. O público poderá, portanto, alternar entre os dois tipos de festa.

sj_013_3E para aqueles que, no dia 24, ainda tiverem energia para prosseguir com o roteiro da festa, o programa sugere um passeio em família com paragem obrigatória nos jardins do Palácio de Cristal, onde vai decorrer, pelas 16:00 horas, o Concerto de S. João da Banda Sinfónica Portuguesa. À mesma hora, é ainda possível admirar os rabelos na Regata de S. João ou até alinhar na aventura de participar na Festa da Caricatura do Porto Cartoon, instalada nos Aliados.

Entre os dias 28 e 30 de junho, a palavra de ordem voltará a ser “acelerar”, com a realização do Circuito da Boavista, que integra duas provas do Campeonato Mundial de Carros de Turismo (WTCC), que prometem fazer subir os níveis de adrenalina do público. Agendadas para o mesmo fim de semana estão ainda as tradicionais Rusgas de S. João, num desfile que pretende animar várias ruas da baixa da cidade rumo aos Aliados, onde os vários grupos atuarão perante os jurados.

Texto: Mariana Albuquerque

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