O candidato independente à Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, tem aconselhado os moradores de bairros sociais que visita a não comprarem as casas, considerando que tal opção, defendida “por outras campanhas”, é, “muitas vezes, um presente envenenado”. A avaliação, feita numa visita ao Bairro do Bom Sucesso, tem em conta o facto de as pessoas que compram não terem, grande parte das vezes, dinheiro para reabilitações futuras. “As pessoas que compraram estas casas por 10 ou 20 mil euros há 6 ou 7 anos achavam que estavam a fazer um excelente negócio, que podiam deixar isso para os seus sucessores, mas subitamente vêem-se a braços com o veneno que é essa situação de não ter dinheiro para reabilitação”, considerou. Para contornar o assunto, Rui Moreira pretende avaliar “até que ponto é possível que essas pessoas contraiam junto da Câmara um empréstimo através de modelos de pagamento com uma amortização muito lenta, a 30 a 40 anos” e espera que o próximo Quadro Comunitário de Apoio permita realizar um “programa integrado”, como já foi feito no passado. No Bairro do Bom Sucesso é essa “mistura” entre casas privadas e camarárias que impede a realização de um “plano ordenado”, defende o candidato independente, que apesar de classificar o bairro como “muito pacífico” acredita que precisa de reabilitação urgente.
Habitantes devem organizar-se e criar associações de moradores
Num pequeno balanço das visitas a bairros sociais que já fez desde que iniciou a campanha, Rui Moreira considerou ser impossível fazer um “diagnóstico transversal” de todos os bairros, mas identificou alguns problemas comuns: espaços exteriores desadequados, falta de zonas para as crianças, habitações ainda muito degradadas e bairros onde não existem associações de moradores. “O trabalho de reabilitação dos bairros vai ser um trabalho seguramente para uma geração. Não se concluiu nos últimos 11 anos por muito que tenha sido feito, e acho que foi feito muito”, considerou. Uma das sugestões do candidato aos habitantes é de que se juntem para criar uma associação de moradores. “Queremos incrementar a formação do associativismo, porque se houver associações de moradores podemos centralizar competências da Câmara para juntas de freguesia”, disse, deixando claro que não concorda com a criação de um “observatório” para os bairros, já proposto pelo candidato Luís Filipe Menezes, uma vez que tal sistema seria apenas “mais um modelo centralista”.