“Para se ter uma noção da importância social e científica que tiveram para a cidade, depois de terem sido expulsos de Portugal [com o Édito da Expulsão do rei D. Manuel I em 1497] o Porto ficou sem médicos”, revelou o autor de “Na rota dos judeus no Porto”.
A obra dá a conhecer a “profunda importância que os judeus tiveram desde sempre” na cidade, na qual já habitavam “ainda Portugal não era independente”, onde, nos séculos XI e XII eram o “mais importante grupo minoritário”.
César Santos Silva, que sempre se sentiu fascinado pelas questões judaicas, percebeu, a dada altura, não existir “nenhum livro síntese” sobre os judeus da cidade.
Para além da história dos judeus no Porto, o livro apresenta também um glossário de termos judaicos, expressões do quotidiano de origem judaica, e um dicionário de personalidades com ascendência judaica que passaram pelo Porto como Ralph Baruch (fundador da Viacom internacional), Ilse Losa (escritora) e Richard Zimler (escritor).
“Nesse aspeto é um livro completo porque se consegue descobrir nele muita da importância que eles tiveram no nosso contexto cultural e histórico”, realçou César Silva, para quem muitos portuenses são hoje “descendentes de judeus”.
A obra é dedicada ao capitão Barros Basto, “o homem da sinagoga, que vai erigir um sonho que é tentar resgatar os judeus da sua penumbra história por motivos religiosos e políticos e também foi o homem a quem se deve a sinagoga de Guerra Junqueiro, a maior da península ibérica”.
O livro “Na rota dos judeus no Porto”, com o prefácio do rabino Daniel Litvak, é apresentado este domingo, na sinagoga Kadoorie Mekor Haim, pelas 16h30 e contará com a participação do presidente da Comunidade Israelita do Porto, Dale Jeffries.
