Para além da presença destes «dois grandes poetas, ainda que pouco conhecidos do grande público», o programador do ciclo, João Gesta, destaca ainda, entre as principais surpresas da edição, uma «performance inusitada do Senhor Loureiro e, por fim, o concerto a solo de Miguel Araújo, dos Azeitonas». Da lista de convidados fazem também parte a poeta Filipa Leal e os atores Teresa Coutinho e Rui Spranger, que ficarão responsáveis pelas leituras. E no arranque do encontro a promessa «do som mágico da cravista Joana Bagulho, que interpretará temas de Carlos Paredes». Inspirada no universo poético dos convidados, a pintora Joana Rêgo irá construir a imagem da sessão.
“Ao serviço da língua portuguesa, o nosso maior património”
Com uma história que soma já 12 anos, as “Quintas de Leitura”, lançadas em 2001, ano da Porto Capital Europeia da Cultura, são estruturadas sempre em torno da obra de um poeta. «Tento sempre que o gosto do programador não entre em conflito com o universo poético do convidado. E, claro, antes de construir a sessão, registo atentamente as suas preferências artísticas. É obvio que, se o poeta não gosta de fado, não fará sentido convidar um fadista para encerrar a sessão», referiu João Gesta.
Para o responsável, a evolução das “Quintas” «tem sido lenta, mas sustentada». «Em 2002 lotávamos salas com 60 lugares. Em 2003 começamos a encher salas com 140 espectadores. Contudo, o grande salto foi dado a partir de 2009. Desde então, o universo do ciclo alargou-se ao âmbito nacional e mesmo as salas de 400 lugares começaram, em certos espetáculos, a revelar-se pequenas», contou, acrescentando que se tentou, a partir de 2002, mostrar o lado mais espetacular, lúdico e dessacralizado da poesia.
«Ficarão na nossa memória sessões mágicas com convidados como José Luís Peixoto, Valter Hugo Mãe, Gonçalo M. Tavares, Manuel António Pina, José Tolentino Mendonça, Vasco Graça Moura, Jorge Sousa Braga, Pedro Mexia, Maria do Rosário Pedreira, Rui Reininho, Pedro Abrunhosa, Bernardo Sassetti, Lula Pena, Clã, Dead Combo, António Zambujo, O’questrada, Vera Mantero, Margarida Mestre, Tânia Carvalho, Sónia Baptista, Luís Guerra, Mafalda Deville, O Copo, Peixe Graúdo, só para citar alguns», refere, no blogue do projeto. Dar a conhecer a obra dos poetas portugueses, «ou, por outras palavras, construir um ciclo literário inteiramente ao serviço da língua portuguesa, o nosso maior património», é o grande objetivo das “Quintas de Leitura”.
Público, o «cúmplice de sempre»
Após mais de uma década de encontros, o intimismo, o sonho, a utopia e a irreverência são, para João Gesta, as principais características que atraem os cidadãos ao ciclo poético. Neste «lento e incendiário caminho», o programador sublinha o «maravilhoso, sábio e crítico público» das “Quintas”, encarando-o como «o cúmplice de sempre», com pessoas de diversas idades. No arranque da iniciativa, a audiência situava-se, em termos etários, entre os 25 e os 50 anos. «Agora, estes espectadores já trazem os filhos com 16 e 17 anos, ou mesmo com 12, como se viu na última sessão. O público das Quintas de Leitura é transversal, estendendo-se das profissões liberais aos desempregados, dos estudantes aos catedráticos, dos integrados aos marginais», descreveu o responsável. O preço dos bilhetes para esta 150ª sessão de «sonho e utopia» varia entre os 7.50 e os 11 euros.
Texto: Mariana Albuquerque | Fotos: Sara Moutinho