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Príncipe Porto

Príncipe Porto

A prova documental mais antiga da abertura do Príncipe Porto, inicialmente designado como “Príncipe das Malhas”, remonta ao ano de 1897. O negócio nasceu precisamente no local onde ainda hoje está situado, na emblemática Rua dos Clérigos, dedicando-se, já na altura, à venda de malhas, fazendas e xailes.

Desde logo obteve um reconhecimento notório no mercado, confecionando sempre “produtos de primeira qualidade”. Mas, durante todos estes anos, muito mudou, desde logo com “a globalização dos mercados”. E, hoje, conta-nos um dos atuais responsáveis pela gestão da casa, o desafio tem sido o de “manter a oferta de artigos artesanais, feitos em Portugal, e que perpetuam as nossas tradições, introduzindo, ao mesmo tempo, novos produtos”.

Para Renato Dias dos Santos, o aparecimento de grandes grupos económicos e, consequentemente, de produtos baratos, muitas vezes com “menor qualidade”, produzidos na Ásia ou industrialmente, aumentou muito a oferta e alterou hábitos de consumo. No entanto, um dos objetivos da atual administração foi, sempre, a de dar continuidade ao sonho do avô Fernando Dias dos Santos, que se apaixonou pelo negócio construído pelo seu tio, e que, entretanto, foi passando de geração em geração.

“O desafio tem sido manter a oferta de artigos artesanais, de qualidade, feitos em Portugal, e que perpetuam as nossas tradições, introduzindo, ao mesmo tempo, novos produtos, também artesanais e portugueses, que «contem» as nossas histórias a quem nos visita e que recordem tempos antigos a todos aqueles que gostam do «mercado da saudade»”, afirma Renato Dias dos Santos, responsável pelo Príncipe Porto.

No Príncipe Porto, é possível encontrar todo o tipo de trajes regionais das mais diversas regiões do país, feitos ou por encomenda, lenços, xailes, mantas, samarras, capotes e calçado tradicional em pele natural. Os produtos, sublinha o responsável, são todos artesanais, de qualidade, e feitos em Portugal.

Com mais de um século de existência, o espaço teve como primeira designação “Príncipe das Malhas”, nome que “evocava, por um lado, a realeza e, por outro, pretendia realçar aqueles que eram os produtos mais característicos da casa: as malhas”.

Só mais tarde, quando adquirida por Jorge Santos, pai de Renato, adotou o nome “Príncipe Porto Portugal”. O objetivo, realça, era evidenciar a diversidade de produtos artesanais portugueses que poderiam ser encontrados na loja, desde os lenços e atoalhados do Minho, às louças de Conimbriga ou do Alentejo, bordados da Madeira, além, dos trajes regionais de todas as zonas do país.

“Atualmente, como forma de manter, por um lado, a história, e, por outro, de melhorar a comunicação estamos a começar a comunicar a loja com nome mais curto «Príncipe Porto»”, sublinha o atual gerente, alertando que o verdadeiro nome continua a ser “Príncipe Porto Portugal”.

“Orgulha-nos vermos os clientes contentes por conseguirem encontrar no Príncipe Porto produtos tradicionais, autênticos e originais, que hoje em dia são já difíceis de encontrar”.

Uma das maiores alegrias da administração é ver “os clientes contentes por conseguirem encontrar na loja produtos tradicionais, autênticos e originais, que hoje em dia são já difíceis de encontrar”. No caso concreto dos turistas, que, como se sabe, têm um carinho especial pela cidade do Porto, “ficam sempre impressionados”, sobretudo com os “trajes regionais, que evocam o nosso passado, a nossa cultura e raízes”.

Desde que a loja abriu, em 1897, tem enfrentado “muitas vicissitudes” e “superado períodos conturbados”, desde a implantação da República, às duas guerras mundiais, ao 25 de Abril e à introdução da tecnologia na indústria. Contudo, o projeto manteve sempre a sua essência: “vender produtos artesanais de qualidade, feitos em Portugal, e que, cada vez mais, valorizam a nossa história, as nossas gentes e a nossa cultura”.

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Para o futuro, o objetivo é continuar a “valorizar e afirmar o «ser português»”.

Como tudo começou

O negócio nasceu pelas mãos de Alberto Santos, tio do avô de Renato Dias dos Santos, ainda no século XIX. Em 1929, Fernando Dias dos Santos, com apenas 14 anos, foi trabalhar para o Príncipe Porto. “As necessidades obrigaram-no a seguir este caminho”, sublinhou o neto, orgulhoso do percurso do patriarca da família, que, ainda jovem, “ganhou «o bichinho» do negócio”.

As dificuldades do primeiro proprietário para continuar com o negócio eram muitas, pelo que este “faliu e a loja ficou fechada por algum tempo”. Assim que foi possível, conta Renato, o avô reabriu o espaço, “tal era o desejo de manter o negócio da família”.

Um dos filhos de Fernando, Jorge Santos, desde cedo se começou também a interessar pelo espaço. “Nos tempos livres e nas férias escolares, ia todos os dias para a loja. Era lá que se sentia bem (…) Ouvia histórias, arrumava lotes, marcava os preços, escrevia frases para chamar à atenção dos clientes e estava à porta a convidá-los a entrar”, sublinha.

Segundo conta o filho, após se ter licenciado e ter ido para a Guerra Colonial, Jorge viu que “a situação económica/financeira da empresa era insustentável”. Contudo, não desistiu “e agarrou-se com todas as energias para conservar a loja”, mesmo depois de vários técnicos e advogados lhe terem dito que já não seria possível salvar o negócio. “Não aceitou o que parecia evidente e venceu”, afirmou, enternecido.

No ano passado, Renato e o irmão foram convidados a assumir a gestão do Príncipe Porto. Tendo em conta o atual contexto de pandemia, os responsáveis estão a aproveitar o momento para “reabilitar instalações e renovar a imagem”, mantendo toda a tradição e a história, mas procurando também “chegar a novos públicos e mercados”.

As histórias que não se esquecem

Entre as memórias guardadas de uma casa com mais de 120 anos, recordam-se, com carinho, “as praxes aos novos funcionários” feitas no tempo do avô Fernando Santos, nomeadamente o desafio de “irem à confeitaria buscar a lista de pastéis para o lanche, irem ao padre pedir a chave da Torre dos Clérigos, entre outros”. “Era toda uma escola prática de comércio, que tinha como intuito integrar os mais novos e criar laços quase familiares, preparando os novatos para a «arte das vendas»”, salientou.

Localização
Rua dos Clérigos, 45
4050-205 Porto

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