A Câmara Municipal do Porto acaba de anunciar que vai ser criado na cidade um “laboratório vivo”, que pretende mitigar as alterações climáticas e alcançar a neutralidade carbónica com que a autarquia se comprometeu até 2050.
Em causa está o projeto “Asprela + Sustentável”, aprovado no âmbito do programa “Ambiente, Alterações Climáticas e Economia de Baixo Carbono”, promovido pelo EEA Grants, que permitirá, entre outras valências, “criar a primeira comunidade energética renovável do Porto em torno da energia solar”.
A Comunidade de Energia Renovável (CER) será desenvolvida entre as habitações das mais de 180 famílias do Bairro de Agra do Amial e a Escola Básica da Agra, onde serão instalados dois sistemas fotovoltaicos distintos. Estes, explica a Câmara do Porto, destinam-se a “a fornecer energia elétrica aos edifícios que os albergam num modelo de autoconsumo”. Por sua vez, a energia elétrica excedente será “destinada a sistemas de armazenamento de energia elétrica e para a instalação de carregadores de veículos elétricos de utilização pública”.
O laboratório, instalado na zona da Asprela, em Paranhos, visa também “a promoção da mobilidade elétrica sustentável, o combate à pobreza energética, o incentivo ao consumo de energias limpas e a transição para um modelo de economia circular”.
“É um projeto criativo, inovador e abrangente, que demonstra bem a ambição do Porto em participar ativamente na transição energética e na descarbonização da cidade e da região, contribuindo para objetivos globais de sustentabilidade”, afirmou Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara Municipal.
De acordo com o Porto., o projeto, financiado no valor de um milhão de euros, permitirá “antecipar alguns projetos previstos no Roadmap para a Economia Circular”, nomeadamente, ao nível do sistema alimentar e da extensão da vida útil dos materiais informáticos.
Entre as 18 “medidas inovadoras a implementar” no “Asprela + Sustentável”, destacam-se ainda a “monitorização e controlo da água das ribeiras do futuro Parque Central da Asprela”, atualmente em construção, o desenvolvimento de iniciativas “Good Food Hubs”, que pretendem mostrar “informação, experiências e alimentos mais sustentáveis”, e ainda o programa REBOOT, de reciclagem e partilha de computadores.
No âmbito do projeto, com prazo de execução de três anos, será ainda criada a plataforma Hub Virtual “Asprela +++”. O objetivo é “recolher dados sobre os impactos conseguidos com as medidas implementadas, como por exemplo a redução de emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE), a qualidade do ar e da água”.
Além disso, a autarquia adianta que está também prevista a “partilha da informação gerada junto dos decisores políticos e da população”.
O consórcio do “Asprela + Sustentável” é liderado pela Coopérnico – Cooperativa de Desenvolvimento Sustentável C.R.L e a coordenação técnica é da responsabilidade da AdEPorto – Agência de Energia do Porto, em colaboração com o município do Porto, Associação Porto Digital, empresas municipais Porto Ambiente e Águas e Energia do Porto, INEGI, EFACEC Electric Mobility, EFACEC Energia, INESC-TEC, VPS, EVIO, Federação Académica do Porto e International Development Norway.