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Percursos comunitários

Percursos comunitários

Percorrer a “alma” portuense

Mais do que conquistar os turistas com a beleza das paisagens portuenses, o objetivo é mostrar-lhes a verdadeira essência das suas gentes, segredar-lhes “aquela” história que os habitantes locais sabem contar como ninguém e levá-los a experimentar as verdadeiras delícias da cidade Invicta. Com os Percursos Comunitários – dinamizados no primeiro sábado de cada mês – a associação Percurso das Memórias pretende cumprir um duplo objetivo: oferecer aos visitantes uma perspetiva diferente da região onde se encontram e, em simultâneo, apoiar as comunidades locais, preservando e divulgando a sua identidade, tradições, usos e costumes.

Estes passeios pela verdadeira “alma” portuense – que se iniciaram em outubro de 2012, numa primeira experiência piloto – são operacionalizados pelos próprios portuenses que vivem nas zonas visitadas, envolvendo, neste momento, as freguesias do Centro Histórico: Sé, Miragaia, São Nicolau, Vitória, Cedofeita e Salto Ildefonso. “Queremos que o Sr. Cândido, que vive no Barredo, partilhe com o mundo as suas histórias de vida. Queremos que a Família Falcão, que tem um café/restaurante na Ribeira, mantenha o seu negócio familiar. Estas pessoas, com as suas vivências e memórias, representam a identidade do centro histórico do Porto. Está-se a desvalorizar as tradições e costumes que tornam os locais únicos e nós temos a obrigação de preservá-los”, alertou a associação, na sua página do percursos_3Facebook, desafiando os cidadãos a participarem no chamado Percurso do Duque da Ribeira. E em fim de semana de “ação”, o ponto de encontro da aventura já está marcado: a porta da Igreja da Sé do Porto será o local de reunião dos turistas que, às 10h00, partirão à descoberta do coração portuense.

Contrariar a perda de identidade sociocultural

A iniciativa da Percurso das Memórias surgiu como estratégia de combate a um problema identificado, em 2012, pelos responsáveis da associação: o da perda da identidade sociocultural do Centro Histórico do Porto, “que se traduz na perda da noção de comunidade, das relações afetivas e de vizinhança, na extinção da tradição associativa local, na desvalorização e desconhecimento das tradições e memórias que caracterizam este lugar”. Assim, Ana Reis e Paula Braga decidiram apostar no turismo comunitário e, no âmbito da pós-graduação em Empreendedorismo e Inovação Social da Fundação Porto Social, idealizaram os primeiros percursos comunitários.

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percursos_4A proposta da dupla consiste, então, na definição de um trajeto ao longo do qual sejam desvendadas as tradições e memórias de um povo. “Dançar folclore, visitar locais improváveis guiados por membros da comunidade, saborear os melhores petiscos e iguarias típicas e aprender o ofício de um artesão” são algumas das propostas apresentadas aos turistas durante a “viagem”.

Saborear petiscos portuenses num edifício centenário

O passeio deste sábado, orientado por guias comunitários – “moradores locais que irão partilhar as histórias de vida, memórias e tradições da zona do Barredo (os seus caminhos estreitos ou sem saída, as suas escadas, os pequenos largos, o velho casario)”, incidirá na “carismática” figura do Duque da Ribeira, herói local apresentado aos visitantes. E como numa cidade conhecida pelas suas delícias gastronómicas há sempre tempo para os pequenos prazeres do paladar, haverá um “lanche almoçarado à moda das Tascas do Porto”, num restaurante familiar situado nos Arcos da Ribeira, onde não faltarão petiscos tradicionais (caldo verde, tripas à moda do Porto, bacalhau com natas e picapau).

percursos_5A adesão dos moradores ao desafio lançado pela associação está a ser satisfatória. “São muito recetivos e disponíveis. Sem eles, o projeto era inviável, já que são os protagonistas deste tipo de percursos”, explicou a organização, adiantando que, neste momento, os trajetos contam com a participação de três artesãos, dois grupos comunitários, dois negócios familiares locais, quatro associações e IPSS e uma junta de freguesia. E nada melhor do que perceber o entusiasmo dos participantes através do seu próprio testemunho. “Graças ao projeto tenho a oportunidade de transmitir os meus conhecimentos a outros…eles não morrem comigo”, frisou um dos guias. Os percursos comunitários foram também acolhidos com satisfação por cidadãos ligados ao Rancho Folclórico. “Há cerca de um ano que não pegávamos nos trajes do Rancho”, confessaram, reconhecendo que acolher os turistas e apresentar-lhes esta tradição portuguesa é um verdadeiro desafio.

percursos_1Desta forma, envolvendo a comunidade nas ações, a associação pretende dotá-la de competências que, a longo prazo, a tornem autonónoma e sustentável. Segundo apontaram as organizadoras, trata-se de uma “alternativa ao turismo convencional”, contrariando o fenómeno do turismo em massa e priorizando “a conservação das culturas tradicionais e do meio ambiente”. “É dar a conhecer os aspetos socioculturais dos locais visitados através dos olhos e da voz do povo. Ao dar oportunidade aos moradores, aos pequenos comerciantes e às associações locais de se organizarem e de se envolverem nas atividades turisticas da sua região, o projeto permite criar rendimentos complementares e condições necessárias para a multiplicação de iniciativas empresarias, associativas e comunitárias. Mas, acima de tudo, é um instrumento de valorização e transmissão da cultura e de capacitação das comunidades locais”, realçaram.

Texto: Mariana Albuquerque   |   Fotos: Percurso de Memórias
Informações e inscrições em:
facebook.com/percursodasmemorias

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