Com mais de 160 anos de história, a Ourivesaria Coutinho, situada na icónica Rua das Flores, uma artéria onde, em tempos, chegaram a existir 37 ourivesarias, ficando conhecida como a Rua das Ourivesarias, é, segundo dizem, a mais antiga em funções da cidade do Porto.
Depois de pertencer à família Coutinho, que deu o nome à casa, aberta em 1859, o negócio passou para aos mãos da família Cardoso, onde está há 119 anos. António Francisco Fonseca Cardoso herdou a ourivesaria do pai, que a adquiriu depois de ser funcionário da casa.
Aqui, é possível encontrar uma vasta variedade de artigos relacionados com ourivesaria, em ouro e em prata, e joalharia, em ouro e pedras preciosos. Todos os produtos se destacam pela qualidade apresentada e pela forma personalizada com que chegam a todos os clientes, a maior parte deles de longa data, que tecem inúmeros elogios aos funcionários e à forma peculiar com que, diariamente, os recebem.
Contudo, os comentários que mais fascinam os responsáveis da Ourivesaria Coutinho prendem-se com a decoração da loja. “Dizem que é representativa da história da mesma. O «gosto» e «orgulho» que vimos na expressão dos turistas, por exemplo, por estarem a adquirir um artigo num estabelecimento prestigiado e no qual se respira história fica-nos gravado na memória”, sublinhou António Cardoso.
A família, segundo contou, nunca desejou fazer “grandes alterações ao estabelecimento”. “Queríamos manter a identidade deste e adaptar apenas aquilo que era estritamente necessário”. E foi precisamente, assim, que conseguiram preservar a essência que representa toda a história envolta da ourivesaria.
Ao longo dos anos foram, naturalmente, muitas as mudanças registadas, sobretudo no que respeita ao “tipo de cliente, movimentação, tanto a nível do negócio como na própria Rua das Flores, e no tipo de artigos com mais saída”. A respeito deste último, o proprietário explica que, antigamente, havia um número mais significativo de clientes a adquirirem “peças diversas de ourivesaria em ouro, como cordões, brincos, voltas, anéis e alfinetes, e peças de joalharia, quer em ouro amarelo como em ouro branco, com pedras preciosas”.
“Os cavalheiros compravam também artigos em ouro, mais direcionados para correntes de relógio, alfinetes de peito e botões de punho. Já em relação aos artigos de prata, os mais comercializados prendiam-se com peças mais direcionados para utilidade e decoração de casa”.
Atualmente, António Cardoso adianta que, além dos produtos mais tradicionais, adquiridos, maioritariamente, pelos estrangeiros, os clientes nacionais tendem a “não investir tanto em grandes peças de ouro ou prata”. “Procuram mais para pequenos artigos de prata e ouro assim como as tradicionais filigranas”.
Para o futuro, a família pretende “continuar a manter viva” a tradição seguida até então e a manter o prestígio dos “resultados da manutenção de procedimentos e comportamentos que merecem a confiança e estima dos clientes”.
Ourivesaria Coutinho
Rua das Flores 187, Porto