A Ourivesaria Brilhante, localizada no coração da cidade do Porto, na Rua de Santo Ildefonso, é mais do que uma loja de joias – é um legado familiar que atravessa gerações. Fundada pelo primeiro proprietário e adquirida nos anos 40 do século XX por Manuel Pessoa, avô de Helena Pessoa, atual responsável, a loja é agora gerida pela terceira geração da família.
Quanto à escolha do nome, “Ourivesaria Brilhante”, Helena presume que o nome já existia quando o avô comprou o negócio, e optou por conservá-lo, pois “faz todo o sentido” dada a natureza dos produtos comercializados.
Com cerca de oito décadas na família, a Ourivesaria Brilhante vende ouro, prata e jóias em segunda mão com especial incidência em peças antigas e ourivesaria popular portuguesa. “Como vendemos usado e naturalmente compramos também, o sócio Arlindo Santos está certificado como avaliador oficial de artigos com metais preciosos e de materiais gemológicos”, explica a responsável.
Tendo em conta as histórias partilhadas pelo seu avô, inicialmente eram vendidas, maioritariamente, peças de uso corrente, tais como voltas, pulseiras, brincos e relógios. “Nessa época tínhamos em permanência na loja um conserteiro para dar assistência técnica aos relógios vendidos na casa e também aos de outras procedências”, conta-nos.
Com o tempo começaram a comercializar peças mais elaboradas de ouro, prata e joalharia “o que trouxe uma clientela com mais poder económico”, não esquecendo, no entanto, os clientes que “não tendo tantas posses” gostam de adquirir “uma ou outra peça para uso”.
Questionada sobre as histórias que as quatro paredes da Ourivesaria Brilhante guardam, Helena afirma que “são muitas”: desde o meliante que foge rua abaixo com uma volta e tem azar porque um dos sócios não se fez rogado e foi em perseguição recuperando a peça; ao freguês que insiste em ser ele a fazer o preço à peça que quer comprar; chegando à freguesa que pede desconto e, não sendo tão grande como ela desejava, sugere despedir uma funcionária para assim baixar custos e vender mais barato.
Para a gerência, os “pontos altos” do negócio e as melhores recordações são “os clientes que voltam, a continuação do trabalho árduo do” seu avô e da sua mãe, levarem a cabo “um trabalho que vai além do que se vê” e terem o selo de “loja histórica da cidade do Porto”.
Quando visitam a Ourivesaria Brilhante, os turistas ficam “impressionados com a variedade e qualidade das peças”, assim como com o atendimento dedicado e profissional, e o próprio espaço em si. É frequente, depois de visitarem a loja, seguirem no Instagram e no Facebook para comprarem as peças “à distância”.
Mas o que realmente emociona Helena, é o privilégio de ver clientes fiéis de décadas que tornam-se parte da família e trazem consigo filhos e netos, que passam a ser clientes também.
Segundo a responsável, o que destaca esta ourivesaria de outras é “a qualidade do atendimento aliada à expertise dos sócios”, assim como os “colaboradores que passam confiança aos clientes”, uma vez que estes sabem o que estão a adquirir, “não havendo surpresas desagradáveis”. O preço é, também, um fator aliciante uma vez que “são muito interessantes para os clientes”.
Quanto às perspetivas para o futuro, estas são positivas pois “tudo nos indica que há lugar, cada vez mais, para o mercado de segunda mão”.
Integrada no programa “Porto de Tradição”, a Ourivesaria Brilhante considera esta iniciativa essencial para preservar a cultura e o conhecimento. Helena Pessoa destaca o papel crucial do programa ao oferecer apoios variados que ajudam a manter a identidade única de cada estabelecimento, a fim de garantir a continuidade das lojas antigas e tradicionais da Invicta.
Ourivesaria Brilhante
Rua de Santo Ildefonso n.º 125, Porto