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PD - Revista Sabe Bem

Os Piratas 2014

Os Piratas 2014
Aventuras de piratas animam fim de semana em Matosinhos

Desde cedo intimamente ligada ao mar pela pesca, produção de sal e construção naval, Matosinhos transformou-se, a partir do século XII, numa terra de homens do mar ligados ao comércio. Entretanto, nos séculos seguintes, com a Expansão Marítima, as páginas de história do concelho encheram-se de episódios de marinheiros, pilotos, contramestres, capitães de navios e, claro, piratas. E é para fazer as delícias de miúdos e graúdos que Matosinhos vai receber esta sexta-feira, pelo terceiro ano consecutivo, a recriação histórica “Os Piratas”, considerada uma das mais divertidas do município.

Assim, até domingo, a zona envolvente do Forte Nossa Senhora das Neves, em Leça da Palmeira, vai ser invadida por corsários, escravos e mestiços, turcos e jesuítas, judeus e cristãos-novos, num misto de aventuras onde não faltarão alquimistas loucos, bruxos desastrados, astrónomos, matemáticos e físicos, príncipes e poetas, comerciantes, pescadores, nobres, mendigos e marinheiros. Uma verdadeira azáfama, vivida durante três dias, durante os quais serão recriadas as artes e os ofícios da época. “Com ‘Os Piratas’ pretendemos relevar alguns acontecimentos de grande importância para a história da região ao longo dos séculos, mas também permitir o acesso e reforçar a identidade da comunidade com um monumento que há quase 400 anos faz parte da imagem da cidade: o Forte de Nossa Senhora das Neves ou Castelo de Leça”, sublinhou o vereador do Pelouro da Cultura da autarquia local, Fernando Rocha.

piratas_rep3Os visitantes terão, por isso, oportunidade de viajar no tempo, regressando a meados do século XIV e cruzando-se com sopradores de vidro, fabricantes de cestas, ferreiros, barbeiros e suas navalhas, dentistas, ardinas, banqueiros e relojoeiros. Os episódios que integram a recriação fazem parte da história documentada de Matosinhos, numa altura em que naus, galeões, patachos e caravelas, que asseguravam o comércio marítimo, resistiam aos ataques de normandos, mouros, franceses, ingleses e holandeses. Tal como explicou o presidente da autarquia, Guilherme Pinto, Matosinhos foi, durante muito tempo, uma terra de corsários.

“No estuário e foz do rio Leça fundeavam embarcações de piratas ao serviço de destacados senhores. Foi o caso, nos finais do século XIV, das embarcações do donatário de Matosinhos que ficaria conhecido como ‘o Sá das galés’. Ele e os seus ‘piratas’ terão um contributo decisivo num momento crucial na História de Portugal quando, em 1384, com os mantimentos fornecidos pelo Porto, conseguem romper o cerco que os castelhanos haviam posto a Lisboa e, desta forma, garantir que o Mestre de Aviz (futuro D. João I) não se tenha rendido”, salvaguardando a independência do reino, detalhou o autarca. “É essa vontade de vencer, esse espírito de ir mais além, que queremos prosseguir neste Matosinhos do século XXI, no ano em que se assinalam os 500 anos da atribuição do seu foral. Evocar e (re)viver a História deste território e da sua comunidade é, por isso, um instrumento ao serviço do futuro”, acrescentou.

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Uma aventura para viver em família

Para além das apreciadas visitas ao Forte, o programa do evento inclui duelos de sabre e florete, caça ao tesouro, treino de armas, acrobacias de saltimbancos, espetáculos de malabares, circo de comediantes e momentos de zaragata entre piratas. Esta noite, pelas 21h30, um Baile de Máscaras do século XVII promete conquistar os apaixonados pela disciplina de História, mostrando-lhe o glamour, a sofisticação e o humor característicos daqueles eventos, com aula de etiqueta e dança da época. Agendado para as 23h00 está o espetáculo de malabares de fogo e pirotecnia “Mare Tenebrum”, que abrirá caminho à sessão de fogo de artifício, no encerramento deste primeiro dia de aventura entre piratas.

piratas_rep1Amanhã, sábado, pelas 12h00, têm início as atividades comerciais. Para além de poderem conhecer os produtos próprios da época, experimentando manjares frescos e acepipes doces, os visitantes vão ter oportunidade de assistir à dramatização “As Sanzalas das lavras de ouro de Minas Gerais”, sendo que, às 16h00, o mestre-de-cerimónias começará a receber os presentes encomendados para a cerimónia de receção a D. João V, enquanto que bailarinas vindas do Oriente desvendam a arte das danças das Arábias e das Índias. Uma hora mais tarde, não passará despercebido o julgamento dos piratas que atacaram e saquearam o Baile de Máscaras. O resto da tarde será de animação, com treinos de armas da Milícia do Reino, músicas de Portugal e das Áfricas, danças populares e palacianas e ainda a encenação de um desembarque pirata e rapto de freiras.

No domingo à tarde (15h00), Matosinhos receberá o Cortejo Histórico para a receção a D. João V, com cânticos em honra ao “Magnânimo” – cujo longo reinado foi profundamente marcado pela descoberta de ouro no Brasil, no final do século XVII – e à arquiduquesa D. Maria Ana de Áustria. Entretanto, depois de novos momentos de diversão pelo mercado, com aventureiros, trapaceiros e piratas a merendarem nas tabernas, haverá uma nova dramatização, desta vez a do ataque de paralisia de D. João V, com a visita dos físicos à corte. Marcado para as 20h00 está ainda o leilão de um lote de escravos da Guiné e o respetivo assentamento no livro da Fazenda pelo Tabelião, com a cobrança das taxas e dízimas. E antes dos piratas se despedirem de Leça da Palmeira, será recriado um auto-de-fé, sendo condenado à morte o escritor judeu António José da Silva, numa adaptação dramatúrgica da obra de Bernardo Santareno. Momentos que prometem alimentar o imaginário dos visitantes, dando-lhes a oportunidade de ver, ouvir e testemunhar alguns acontecimentos que que fazem parte dos manuais de História.

Texto: Mariana Albuquerque

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