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Oriente na Casa da Música

Oriente na Casa da Música
2014: o “nascer do sol” na Casa da Música

Depois de ter “visitado”, desde 2007, países como Espanha, Brasil, Áustria, Estados Unidos e Itália, a portuense Casa da Música (CdM) decidiu, este ano, voltar-se para o Oriente e absorver um pouco do exotismo associado às sonoridades do extremo leste. Desta forma, o “nascer do sol” no equipamento cultural projetado por Rem Koolhaas será feito, por exemplo, na presença da compositora sul-coreana Unsuk Chin, do maestro e instrumentista japonês Masaaki Suzuki e do Ballet Real do Cambodja.

O primeiro grande núcleo programático da temática do Oriente arranca já este mês, com abertura oficial agendada para o dia 17. Num período intitulado “A Leste Tudo Mudou”, ficará a promessa de se cruzarem olhares entre a representação do Oriente na música ocidental e o cânone ocidental na música do Oriente. “Com a Orquestra Sinfónica proporemos “Nas estepes da Ásia Central”, de cm1Barodin, e “Suite Cita”, de Prokofieff”, destacou António Jorge Pacheco, diretor artístico da Casa da Música. Numa altura em que a instituição enfrenta a manutenção do corte de 30% na dotação do Estado (tendo, por isso, de contar de novo com apenas sete dos dez milhões de euros contratualizados) haverá uma diminuição de 16% do número de concertos, mas a exigência de qualidade, essa, estará assegurada, frisou o responsável.

Para além de uma sucessão de concertos da Orquestra Sinfónica, do Coro, do Remix e ainda do Ensemble Gamelão, este momento programático ficará marcado por um concerto de fado com “alma japonesa”, pela voz de Kumico Tsumori, no domingo, dia 19 de janeiro, pelas 21 horas. Natural de Osaka, Kumico descobriu a canção típica portuguesa há dez anos, cantando sempre em português, tanto no Japão como em Portugal. Veio a Lisboa absorver as raízes do fado com o auxílio do mestre da guitarra António Parreira e o seu primeiro CD de fados, intitulado “Flor”, foi editado em 2007. Segue-se, a 22 deste mês, outro dos momentos mais esperados do público: o concerto, já esgotado, de Gisela João, “considerada por variadíssimos críticos a voz mais importante surgida no fado desde Amália”. Lançado no verão de 2013, o seu disco alcançou, duas semanas depois, o top de vendas nacional. “Sem desvios nem artifícios”, Gisela “parte duma formação tradicional e mergulha na sua génese, reencontra a sua autenticidade e questiona os seus excessos e maneirismos”.

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cm4Três dias depois, a 25, Miguel Poveda, um dos grandes nomes do flamenco contemporâneo, traz a Portugal um “espetáculo íntimo”, que propõe uma viagem composta por duas etapas. “Na primeira parte, acompanhado pela guitarra de Juan Gomez ‘Chicuelo’, percorre o universo clássico do flamenco, refletindo o seu mais recente trabalho discográfico, ‘Artesano’”, avança a CdM. Depois, num segundo momento, o acompanhamento passa para o piano do maestro Joan Albert Amargós, numa abordagem “mais moderna e improvisada”.  De regresso às propostas orientais, a Sala Suggia vai abrir as suas portas, a 4 de fevereiro, pelas 21 horas, à Orquestra de Música Chinesa de Jiangsu, que pertence ao mais importante Grupo de Artes Performativas do país. O agrupamento é composto por artistas associados aos 11 grupos: dois cantores, uma bailarina e executantes de instrumentos tradicionais de sopro, de cordas dedilhadas e de cordas friccionadas.

Este ano, em fevereiro, a Casa da Música vai recuperar o ciclo Invicta.Música.Filmes, com Marlene Dietrich a desfilar no grande ecrã da Sala Suggia, acompanhada, ao vivo, pelo Remix Ensemble e a música de Pascal Schumacher, o compositor premiado com o ECHO Jazz de 2012 e autor de uma nova banda sonora para o filme “The woman one longs for”. Entretanto, a 14 de fevereiro, pelas 21h30, Márcia subirá ao palco para apresentar o seu mais recente trabalho, “Casulo”, contando com a participação de Filipe Monteiro, Rui Freire, Manuel Dordio e David Santos. No dia seguinte, agendado para as 18 horas está um cine-concerto da Orquestra Sinfónica baseado no filme mudo “A Nova Babilónia”, de Grigory Kozintsev e Leonid Trauberg, que conta a história de dois amantes separados pelas barricadas erguidas em Paris, durante o primeiro governo operário da história.

cm5No já consagrado ciclo de Piano destaca-se o regresso do pianista checo Lukás Vondrácek, a 20 de fevereiro, que traz na bagagem o “repertório predileto dos melómanos”. Na primeira parte do recital, promete desvendar o lado mais poético e sonhador de Schumann, nas célebres “Cenas Infantis”, apostando, num segundo momento, na “portentosa Sonata n.º 7 de Prokofieff”. Três dias depois, a 23, o cantautor Bill Callahan, que se tornou um “fenómeno de culto da música norte-americana”, virá ao Porto apresentar o seu novo disco de originais, “Dream River”, editado em setembro de 2013. De referir ainda o regresso, a Portugal, do pianista Grigori Sokolov, a 18 de março, que trará consigo a última sonata de Chopin, uma das obra que sempre acompanhou a sua carreira. Entre os nomes nacionais em destaque na CdM neste primeiro trimestre está ainda o de Mónica Ferraz, que lançou, em 2010, o seu primeiro álbum de originais, “Start Stop”, depois da passagem pelos “Mesa”, e que atuará na Sala Suggia a 26 de março.

Texto: Mariana Albuquerque

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