Com mais de 75 anos de existência, O Pretinho do Japão não se trata de um negócio familiar, mas “é como se fosse”. “A sabedoria tem passado de geração em geração e o ambiente de trabalho espelha por vezes uma família”, contam os responsáveis.
Segundo indicam, o nome, curioso, está associado aos chás que vinham antigamente do Japão. Contudo, ainda se está a tentar perceber com mais clareza a sua origem.
Com tantos anos de funcionamento, esta mercearia fina já viveu vários marcos históricos. Antigamente este tipo de estabelecimentos eram os mais procurados pelos portugueses para fazer as suas compras e na O Pretinho do Japão não era diferente.
Entre as principais diferenças do negócio de outros tempos e agora é o facto de atualmente haver uma oferta mais diversificada de produtos alimentares. Na altura da guerra na Europa as dificuldades financeiras faziam-se sentir, “por isso, existiram as senhas de racionamento destinadas a produtos alimentares específicos como o açúcar ou arroz”.
“Vendia-se sobretudo café, chás, biscoitos, leguminosas, sendo tudo a granel”, descrevem os proprietários, revelando que hoje se está “a voltar ao que era antigamente”.
“Os clientes podem optar por trazer os próprios recipientes e compram apenas a quantidade de produto que necessitam”. Neste caso são os jovens que mais optam por este método de compra a granel e se “preocupam em reduzir o desperdício alimentar, criando um ambiente mais sustentável”.
Durante vários anos apenas esteve a funcionar a zona da frente da loja, mas em 2014 a área do armazém foi convertida num novo espaço de venda. “Este espaço inclui quatro destaques: a garrafeira, uma mesa dedicada a workshops, uma área com os chás e suas propriedades e, por último, a mesa de corte do bacalhau”.
Quem se dirigir a esta «Loja Histórica» pode também desfrutar da esplanada «Jardim do Japão». Aqui é possível encontrar “um espaço lindíssimo com sombra e sol” e experimentar “refeições saudáveis muito saborosas como um caril de camarão, couscous vegetariano, salada de bacalhau, petiscos e doces caseiros” ou “degustar o café, conservas, vinho e outros produtos” que estão à venda na mercearia fina.
Na O Pretinho do Japão existem vários produtos típicos destes estabelecimentos, entre os quais, o “bacalhau inteiro ou em partes (lombos, cachaços, postas, rabos, badanas, desfiado, línguas ou samos), frutos secos e desidratados, sementes, farinha de arroz, mandioca, flocos de aveia, centeio, leguminosas, conservas, chás, chocolates, bombons, biscoitos, compotas e marmeladas”.
A verdadeira estrela é mesmo o café, “em grão ou moído na hora, conforme a necessidade do cliente”. “As misturas com café, chicória ou cevada também são muito procuradas pela baixa concentração de cafeína” e “durante todo o ano, mas em especial no Natal, o bacalhau é um dos produtos que tem mais sucesso”, salientam os responsáveis.
Os clientes deste estabelecimento são na sua “grande maioria vizinhos e portuenses”, no entanto há também quem seja fiel aos produtos da O Pretinho do Japão um pouco por todo o país: “ainda mantemos encomendas para Lisboa, Alentejo e Serra da Estrela, entre outros locais”.
Nos dias de hoje são várias as gerações de famílias que recordam a companhia dos avós nas compras na Baixa portuense e mercearia. Para estes «a tradição ainda é o que era»” e o «cheirinho a café» mantém-se o mesmo.
Os melhores elogios vêm dos clientes tanto nacionais como turistas que se mostram satisfeitos com “a qualidade dos produtos que adquirem na mercearia e pelo atendimento simpático, atento ao pormenor e personalizado”. O facto de ter sido mantida e conservada a traça histórica da loja é muitas vezes referido, assim como a beleza dos azulejos e “muitos outros objetos espalhados por todo o espaço”.
Para os proprietários aquilo que distingue O Pretinho do Japão é “a tradição incutida na qualidade dos produtos”, bem como “a história que está marcada pelos objetos antigos como balanças, documentos e registos e a manutenção dos moinhos de café”.
Além disso é também referido “o atendimento personalizado, que procura servir melhor, com qualidade e vai ao encontro daquilo que o cliente procura”.
O balanço de todos este anos é muito positivo e as perspetivas para o futuro são as melhores. Os responsáveis admitem que estão “sempre a pensar em inovação, produtos com qualidade, comércio sustentável e amigo do ambiente”.
Em breve será lançado um novo site de forma a que sejam aumentadas as entregas no domicílio. O principal objetivo é fazer chegar “os melhores produtos conquistando e fidelizando novos clientes, tanto nacionais como além-fronteiras”, concluem.
