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O Porto dos brasileiros de torna-viagem

O Porto dos brasileiros de torna-viagem
No passado sábado, dia 18 de fevereiro, a  Viva “viajou” pelas preciosidades que a zona oriental proporciona, ou melhor a história enraizada em cada pedaço de terra e edifícios. Desta vez fomos ao encontro do Porto dos brasileiros de torna-viagem. E sabem que mais? Queremos repetir.

“O bairro oriental é principalmente brasileiro, por mais procurado pelos capitalistas que recolhem da América. Predominam neste umas enormes moles graníticas, a que chamam palacetes; o portal largo, as paredes de azulejo – azul, verde ou amarelo, liso ou de relevo; o telhado de beiral azul; as varandas azuis e douradas; os jardins, cuja planta se descreve com termos geométricos e se mede a compasso e escala, adornados de estatuetas de louça, representando as quatro estações; portões de ferro, com o nome do proprietário e a era da edificação em letras também douradas; abunda a casa com janelas góticas e portas rectangulares, e a de janelas rectangulares e portas góticas, algumas com ameias, e o mirante chinês. As ruas são mais sujeitas à poeira. Pelas janelas quase sempre algum capitalista ocioso.” Júlio Dinis em “Uma Familia Inglesa”

Trata-se de uma reflexão muito pertinente que Manuel de Sousa, um dos mais entusiastas divulgadores da história da cidade do Porto, autor do livro “Porto d´Honra” leu na viagem histórica que a Viva teve a oportunidade de testemunhar. De facto, a zona Oriental foi um importante “porto de encontro” para os brasileiros de torna-viagem. Quem era esta fatia endinheirada da população, afinal de contas?
porto_dos_brasileiros_1A cidade foi o porto de embarque para milhares de portugueses que buscaram fortuna no Brasil, mas também acolheu muitos dos chamados “brasileiros de torna-viagem”, os portugueses que, uma vez enriquecidos no Brasil, regressaram à pátria, ostentando a riqueza acumulada, mas também promovendo muitas iniciativas filantrópicas. A sua influência ainda hoje é visível na cidade.
E o resultado está na edificação de edificios imponentes que testemunhassem precisamente essa riqueza acumulada.
Tivemos, assim, a oportunidade de conhecer a faceta brasileira da cidade do Porto. Aqui nasceram Pero Vaz de Caminha, autor do documento que é considerado a “certidão de nascimento” do Brasil; Brás Cubas, o fundador da cidade de Santos; Tomás Gonzaga, herói da Inconfidência Mineira.
No percurso rico que fizemos destacamos a atual Liga dos Combatentes cujas instalações remontam ao palacete de Visconde Pereira Machado, ao Grande Hotel do Porto e nas origens dos cafés “Guarany” e “A Brasileira”.

imponencia_lkiga_dos_combatentesA atual Liga dos Combatentes e a sua ligação ao Visconde Pereira Machado
Sabia que o imponente edifício da Liga dos Combatentes, situado na Rua da Alegria nº39, na cidade do Porto, “esconde” autênticas preciosidades arquitetónicas de um brasileiro de torna-viagem, de seu nome Visconde Pereira Machado?
O edifício, agora repleto de material de guerra, ainda conserva os tetos imponentes com forte luminosidade e trabalhados esteticamente ao pormenor. A não perder.
O Visconde Pereira Machado, que aqui habitou, “celebrizou” o imóvel pelas festas e bailes que organizava e que tanta fama granjearam na sociedade portuense de então. Nascido na cidade invicta, viveu no Brasil até aos 30 anos, época em que regressou à terra natal, onde desenvolveu, graças à sua “imensa fortuna”, uma ação benemérita a favor de várias instituições, o que lhe mereceu, em 1861, o título de Visconde.
O seu palacete testemunha uma época de desenvolvimento do Porto, marcada pelo “gosto neoclássico e algum ecletismo”.

hotelkO Grande Hotel do Porto
Passou-se pelas visitas do imperador D. Pedro II ao Porto, no Grande Hotel do Porto. Houve ainda tempo para a história de Teresa Cristina, última imperatriz do Brasil e conhecida como a “mãe dos brasileiros”. Foi um desgosto muito grande para Teresa Cristina abandonar o Brasil, as suas gentes, as suas raizes. Acabou por morrer de desgosto.
Nos seus últimos instantes de vida, confidenciou à baronesa de Japurá: “Maria Isabel, eu não morro de doença. Morro de dor e de desgosto”.

Nas origens dos míticos cafés “A Brasileira” e “Guarany”
Outra curiosidade: Adriano do Vale vendia café e foi percursor do slogan “o melhor café é o da Brasileira”.
O mítico café foi palco de reuniões politicas, “agitando” social e culturalmente a cidade.
O Guarany, que transporta consigo inequivocamente uma significação brasileira nasceu com a construção da Avenida dos Aliados.Em 1933 era descrito pelo JN como um “café moderno e artificial”. Artificial porquê? Primórdios de aquecimento.
Já o café Majestic, equivalente ao café Colombo no Brasil, recebeu icónicas visitas como as de Gago Coutinho.

E já agora , sabia que….
Machado de Assis casou com uma portuense, de seu nome Carolina e que teve direito precisamente a um poema intitulado com o nome da esposa?

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Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs o mundo inteiro.

Trago-te flores – restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

Machado de Assis, 1906

porto_dos_brasileiros_2São apenas algumas das “preciosidades” que tivemos a oportunidade de testemunhar no passado sábado, neste Porto que esconde segredos brasileiros, um país irmão, não só na lingua, mas também na fusão das suas gentes.

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