
Os portugueses sempre tiveram uma relação bastante simpática com os seus “hermanos” espanhóis. Além da proximidade física, há muitos outros critérios que se destacam nesta relação (quase) umbilical, nomeadamente a cultura e a língua, muito semelhantes, e a admiração perante paisagens verdadeiramente deslumbrantes, quer do lado de Portugal como de Espanha. Mas, há um outro fator que se destaca, particularmente, na relação afetiva…
Em tempos, o Norte de Portugal e a Galiza já constituíram a mesma unidade geográfica, cultural e política, através do Reino da Galiza. Uma união que se manteve até ao dia 24 de junho do ano de 1128, quando aconteceu a divisão do reino e se proporcionou o primeiro passo para o nascimento de Portugal.

O feito, segundo conta a história, assinalou-se depois da Batalha de São Mamede, mas só 15 anos depois, em 1143, o território português viu reconhecida a sua independência, com a assinatura do “Tratado de Zamora”. A Batalha de São Mamede, recorde-se, travada perto de Guimarães, cidade berço da nação portuguesa, destacou-se pelo facto de as tropas de D. Afonso Henriques, I Rei de Portugal, vencerem as forças da sua mãe Teresa e do Conde Galego Peres.
“O Reino de Portugal converteu-se em estado independente em 1143, a partir do Condado Portucalense, que fazia parte do Reino da Galiza. Nessa altura, o Condado estendia-se já desde o rio Minho e Trás-os-Montes ao Condado de Coimbra e Viseu. No entanto, consumada esta separação, Portugal e a Galiza seguiram caminhos diferentes”, resume a Vortexmag, num artigo onde recorda a “conexão forte” entre Portugal e a Galiza.
Com Portugal independente, o reino da Galiza foi abolido e incorporado na vizinha Espanha, em 1833, depois de um longo processo de castelhanização a um nível social, cultural e linguístico.
Volvidos quase 900 anos desde a separação entre Portugal e a Galiza, a publicação considera que existiram “três fortes razões” para poder voltar-se a fazer deles um único país. O primeiro, segundo explica, está relacionado com a sua “história em comum”, uma vez que “Portugal e a Galiza foram parte da mesma província romana durante séculos (a Galécia), e ambos foram, mais tarde, parte do Reino Suevo”.
“A Galécia tinha proporções muito maiores que a atual Galiza, cujos limites se mantiveram estáveis até ao século XII, altura em que Portugal passou a ter personalidade própria e a constituir um reino independente”, lembra.

A este critério, junta-se ainda o facto de os dois países possuírem “a mesma língua”, uma vez que, como refere a publicação, a língua galega e a portuguesa “têm origem no galaico-português, que se foi expandido para sul com a expansão da Reconquista Cristã, sobrepondo-se aos poucos aos dialetos moçárabes (falados pelos cristãos sob domínio muçulmano)”.
Com a criação do reino de Portugal, ter-se-á perdido a comunicação e ligação entre as duas partes, o que foi crucial em termos de língua e terá levado às “diferenças atuais”.
A título de cuirosidade, a Vortexmag destaca ainda o facto de, hoje, Portugal e a Galiza, juntos, puderem dar origem a um “espaço enquadrado na faixa atlântica da Península Ibérica”, com uma população de 13 milhões e 700 mil habitantes e um PIB próximo de 300.000.000, o que se iria traduzir numa “economia pujante”.
Além do Porto, os principais centros dos dois países, sejam políticos, culturais, económicos e académicos, seriam, “a zona de Lisboa, Vigo, Corunha, Braga, Coimbra, Santiago de Compostela e Faro”.
“Esta grande frente atlântica poderia ser um imenso projeto económico, que teria um enorme poder de atração que estaria ao serviço da comunidade mundial dos Países Lusófonos”, acredita.