A maior conferência científica anual dedicada ao estudo da forma física das cidades – que terá o Porto como um dos seus temas centrais – decorrerá até domingo.
O estudo sistemático da forma física das cidades começou há pouco mais de um século com o trabalho de investigação desenvolvido por um conjunto de geógrafos alemães. Desde então, a morfologia urbana tem vindo a desenvolver e a consolidar todo um conjunto de abordagens, teorias, conceitos e métodos para descrever e explicar os fenómenos urbanos e para possibilitar uma intervenção mais informada sobre essa realidade. A morfologia urbana portuense vai ser um dos casos analisados durante o evento. O ponto de partida será um trabalho desenvolvido por Vítor Oliveira, investigador da FEUP, cuja análise e estudo sistemático da forma física da cidade Invicta à luz da morfologia urbana concluiu que, de um modo geral, nas últimas décadas do século XX, a qualidade urbana das ruas e praças, dos quarteirões e dos edifícios da cidade do Porto foi diminuindo progressivamente. Segundo o investigador, o fenómeno apresenta duas explicações: por um lado, a autarquia local não dispôs, neste período, de um plano com uma forte visão de cidade (como o plano de Almeida Garrett nos anos 50), capaz de conferir uma estrutura de suporte às novas áreas, de regular de um modo eficaz o desenho das novas formas e de preservar o valioso património edificado; por outro lado, a ação de proprietários e promotores, de arquitetos, engenheiros e construtores, não foi capaz de produzir formas urbanas com a qualidade daquelas que vinham a ser construídas até à viragem para a segunda metade do século.
