Um estudo realizado por médicos do Serviço de Pediatria do Hospital da Senhora da Oliveira – Guimarães concluiu que 28% dos adolescentes da região de Guimarães e Vizela tem nas redes sociais a atividade que ocupa a maioria do seu tempo livre, mas em contrapartida 97% prefere estar com os seus amigos pessoalmente.
A informação é avançada pelo Notícias ao Minuto, que enfatiza, ainda, o facto de a investigação, intitulada “As redes sociais e o adolescente”, ter verificado a dificuldade, cada vez maior, dos pais em controlar o acesso dos filhos a essas plataformas e que “a maior parte dos adolescentes já mentiu sobre a idade para ter acesso a conteúdo limitado”.
Realizado por Alícia Rebelo, Sofia Vasconcelos, Liliana Macedo e Miguel Salgado, o estudo tinha como objetivos caracterizar a utilização de redes sociais entre os adolescentes, avaliar o conhecimento dos adolescentes sobre os riscos associados e identificar o tipo de monitorização parental. Para isso contaram com a colaboração de 3518 alunos com idade entre os 9 e os 21 anos do Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda e da Escola Secundária Martins Sarmento, em Guimarães, e do Agrupamento de Escolas de Infias, em Vizela, durante o ano letivo 2017/18.
“Dos resultados obtidos, no que se refere ao parâmetro de caracterização de utilização, destaca-se que 98% dos adolescentes são utilizadores de redes sociais, que iniciaram esta utilização entre os 10-12 anos e que o Youtube, o Instagram e o Facebook são as redes mais usadas. Ainda que utilizam estas redes várias vezes por dia, durante 1-2 horas, predominantemente à noite, que 28% tem nas redes sociais a atividade que ocupa a maioria do seu tempo livre, mas que 97% prefere estar com os seus amigos pessoalmente. No parâmetro da monitorização parental, é constatado que 85% dos adolescentes teve autorização dos pais para criar conta de acesso, mas também que 85% afirma que os pais não sabem a palavra-passe de acesso a essa conta”, lê-se na notícia publicada pelo órgão de comunicação citado.
Por sua vez, no que se refere ao capítulo da perceção do risco, verifica-se que “65% já contactou com desconhecidos”, que “61% já mentiu sobre a idade para ter acesso a conteúdo limitado” e que os jovens “entendem que os conteúdos publicados não prejudicam a sua privacidade”. Além disso, 39% considera que os conteúdos que publica não terão qualquer tipo de influência no seu futuro.
Para Alícia Rebelo, uma das médicas das responsáveis pelo estudo, acredita que cabe aos pediatras “não só tratar as doenças dos adolescentes, mas também prevenir e promover o seu bem-estar geral”. “O acesso às redes sociais é uma realidade. É um acesso fácil, temos a tecnologia desse acesso no bolso, através, por exemplo, do smartphone. Entendemos que as redes sociais não devem ser diabolizadas. Elas têm muitos benefícios e vantagens, como o desenvolvimento de capacidades técnicas ou a interação entre pares. Mas têm também obviamente os seus riscos. Com este estudo tentamos perceber como podemos ajudar e educar para uma utilização segura e positiva destas redes sociais”.
As conclusões apontam, assim, a tecnologia como uma presença constante no quotidiano dos adolescentes e que o acesso às redes sociais é uma das atividades mais comuns entre mesmos, estando o controlo parental cada vez mais dificultado no que respeita à monitorização dos conteúdos partilhados e das políticas de privacidade. “O que temos que fazer é alertar os adolescentes, de uma forma aberta e honesta, dos riscos que correm nas redes. Se estiverem cientes disto, irão atuar de forma mais cautelosa, minimizando esses riscos e aproveitando os benefícios que estas redes sociais proporcionam”, indica Alícia Rebelo.