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Mário Augusto

Mário Augusto
Tudo passado a limpo no ‘Caderno Diário da Memória’

O baú das memórias é infindável, ainda para mais se contarmos com a preciosa ajuda de Mário Augusto. É que o jornalista nortenho tem uma memória invejável. Ainda se lembra quanto custava um bitoque? A ‘festa’ que se podia fazer com 20 escudos? Calma! Sabemos que, para já, são apenas perguntas retóricas. Para já… reiteramos. Falamos com Mário Augusto e extravasamos para o seu também delicioso mundo cinéfilo. Livro de novas memórias de Hollywood à vista? Ficou a sugestão…

O livro “Caderno Diário da Memória” chega um ano depois da “Sebenta do Tempo”.
Mário Augusto, em nota acerca desta nova obra, confessou: “fui surpreendido pela excelente reação que teve [Sebenta do Tempo] e, por isso, decidi continuar a vasculhar no baú das recordações, tirando notas para passar a limpo as folhas do nosso ‘Caderno Diário da Memória’”.
O Gabriel Garcia Marquez disse, continuou Mário Augusto, ”‘aquele que não tem memória arranja uma de papel’. Não quero que este livro tenha essa função mas sim que nos proporcione uma bela viagem ao que deixamos para trás. A ‘Sebenta’ e o ‘ Caderno’ complementam-se, tudo passado a limpo para não apagar com a borracha do tempo. Divirtam-se que eu cá, diverti-me“, apelou.

Mario_Augusto_4Depois de ter escrito a “Sebenta do Tempo”, o que levou a escrever este “Caderno da Memória”?
Desde logo a vontade das duas partes (editora e eu) em dar continuidade ao projeto começado com “A Sebenta do Tempo”. Ficaram logo na altura algumas histórias por contar. Houve também por parte dos leitores muitas dicas e sugestões que me foram essenciais para a preparação do novo livro. No fundo, quis fazer um ‘upgrade’ do conceito, sendo fiel ao projeto inicial.

Que balanço estabelece até ao momento da recetividade a esta nova obra?
Muito positivo pela forma como os leitores reagiram e por sentir que, de alguma forma, e com a minha escrita e memórias, despertei em quem leu as melhores recordações de crescimento. Por isso acho que cumpri bem o propósito dos livros que desenhei com a Bertrand Editora.

Podemos esperar um novo “manual”?
Nesta altura digo que não. Os dois livros fazem a evocação da memória no repositório certo de objetos, livros, música, filmes e todas as outras recordações. Continuar o formato acho que não faz sentido, a menos que me surja uma ideia completamente complementar ao conceito original que resultou em dois livros que escrevi com muito prazer. Desde logo os dois livros foram para mim uma viagem emocional com o grande prazer que tenho na escrita.

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Na era digital tudo é consumido ao segundo. Numa época de ‘clickbait’ considera que edições como o “Caderno Diário da Memória” e “A Sebenta do Tempo” podem fazer a diferença?
Não sei se fazem a diferença, mas evocam essa diferença muito embora não queira estar a defender que o papel é bom. Na minha geração, continuo a gostar de sentir um livro pelo papel, pelo cheiro da tinta, pela folha dobrada ao cantinho… também é verdade eu sou muito recetivo às novas tecnologias mas são universos diferentes. Um livro é um produto físico, que se agarra e sente. Pelo menos por enquanto ainda não temos esse prazer no digital que, apesar de tudo, nos oferece outras possibilidades.

O livro em termos de público-alvo vai dos 8 aos 80? Considera um desafio captar o público jovem? Tem recebido feedback deste público?
Gostava de ter mais… na verdade acho que os meus livros funcionaram melhor como prenda dos mais jovens aos pais do que os pais a despertarem o interesse dos filhos a evocarem outros tempos vividos. Diria que ambos os livros são manuais de memória deixada lá atrás e que fazem parte da vida vivida e que os tempos correm muito e vão empoeirando. Mas são os mais velhos que mais me comunicam e deixam dicas e sugestões por e-mail.

Mario_Augusto_2Fugindo um pouco para o seu percurso enquanto jornalista cultural na área cinéfila (não resistimos), há alguma entrevista que recorda com especial saudade?
Com saudade, não muitas porque continuo no ativo e com o mesmo entusiasmo. Mas talvez evoque entrevistas àqueles a que jamais voltarei a fazer porque, entretanto, partiram. Nesse rol está o Robin Williams, muito divertido, e o Jack Lemmon, muito sábio do tempo.

E em jeito de remate, para quando um novo registo dos bastidores de Hollywood? O que acha destas notícias que seguem diariamente na imprensa sobre esta máquina de hits?
Primeiro começo pelas notícias… acho que há exageros de extremos de procedimento, como é muito habitual na América. Este tipo de atitudes condenáveis sempre fizeram parte do showbiz. Agora estão todos a fazer uma espécie de expiação coletiva e em alguns casos hipócrita. Não se deveria estar a medir tudo com a mesma bitola e cada caso é um caso. Estão a exagerar em alguns casos e procurar vinganças e ajuste de contas e isso na história de Hollywood já é um argumento antigo e muito batido.

Mario_Augusto_5Relativamente a um próximo livro…
Por que não? É uma boa ideia. Este ano o meu magazine de cinema completa 15 anos ininterruptamente no ar (entre SIC e RTP). Já falei com mais de 2 mil figuras do cinema entre atores e gente dos bastidores… vou pensar nisso e sugerir à editora.

O livro
O livro revela-se uma verdadeira máquina do tempo, para miúdos e graúdos, com ótimas contextualizações: seja na música, cinema ou tv. Tudo meticulosamente bem segmentado.
É um verdadeiro serviço público chegar às novas gerações e demonstrar que os anos 70 ou 80 também foram vanguardistas nos seus tempos. E não, não foi apenas pelos penteados… Desde o sucesso (e a loucura) com a febre de sábado à noite, passando para a “música viciante” a bordo a título de exemplo dos Blondie, Bob Dylan, GNR, com direito a um pequeno salto pela série televisiva “O Santo” ou “Soldados da Fortuna”.
Não havia grandes tecnologias, pelo menos não tão avançadas, é certo, mas havia acima de tudo muita criatividade. Ah, as festas improvisadas nas garagens. Boa memória!
Depois há todo um trabalho a nível gráfico que merece também a nossa atenção. Com efeito, o design é apelativo, enquadrando o leitor no contexto de um caderno diário muito especial, despoletando a leitura.
Um caderno para ler, absorver e contemplar.

mario_augustoPerfil
Nasceu no lugar de Espinho, Vila Nova de Gaia, em março de 1963. Iniciou a carreira de jornalista em 1985, estagiando no jornal O Comércio do Porto, vindo posteriormente a colaborar regularmente, sempre na área do cinema, no semanário Sete e nas revistas Sábado, Cosmopolitan, Nova, Caras, Invista e Focus. Fundou e dirigiu a revista Cinemania. Trabalhou na Rádio Comercial, na RDP Antena 1 e, em 1989, integrou a equipa fundadora da Rádio Nova, do Porto. Na televisão, estreou-se em 1985 nos programas infantis do Canal 2 da RTP. Foi assistente de produção na RTP Porto, estação onde produziu e apresentou diversos programas e rubricas de divulgação cinematográfica. Em 1987 integrou o Departamento de Informação da RTP, onde se manteve até 1992, altura em que se transferiu para os quadros da SIC. Na SIC integrou a equipa que produziu e realizou uma série de documentários sobre o século XX português e coordenou e apresentou diversos programas dedicados aos Óscares de Hollywood.
Desde maio de 2003 coordena e apresenta semanalmente o magazine de cinema “35mm”, nos canais Lusomundo e SIC Notícias, onde emite muitas das entrevistas que continua a fazer, desde há quase 20 anos, às grandes estrelas do cinema norte-americano e europeu. Desde 2005, tem uma rubrica semanal de comentários às estreias de cinema na Rádio TSF.

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