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Mala Voadora

Mala Voadora
Novo “lar” de residência artística no coração do Porto

A completar o seu décimo aniversário, a companhia de teatro lisboeta Mala Voadora inaugurou um espaço no Porto, em pleno coração da cidade, que pretende funcionar como um pólo cultural aberto a acolhimentos artísticos. O edifício industrial do final dos anos 30 do século XX, situado na Rua do Almada, foi recuperado e já está a funcionar como a nova “frente de trabalho” da companhia. José Capela, diretor artístico da Mala Voadora, foi o arquiteto responsável pelo projeto de remodelação do espaço, um antigo armazém de ferro.

“Descobrimos este edifício por acaso. Não estava à venda. Vimo-lo e andámos a perguntar aos comerciantes da rua se sabiam quem era o proprietário. Acabámos por conseguir o contacto de uma pessoa que tinha o contacto dos proprietários, eles estavam disponíveis para vender e assim se iniciou o processo que culminou com a inauguração do passado dia 30”, explicou o grupo, em declarações à Viva. Apesar da abertura do equipamento, mudar-se “de malas e bagagens” para o norte do país não faz parte dos planos da companhia. “Os nossos principais parceiros – artísticos e institucionais – continuam a ser sobretudo de Lisboa”, esclareceu. “Além disso, se nos mudássemos para o Porto, o espaço portuense passaria a ser apenas o espaço da nossa atividade e não um espaço tão aberto a acolhimentos, colaborações e à variedade de programação como, potencialmente, é agora”, acrescentou a Mala Voadora.

mala_1Projetado por Júlio Brito, o mesmo arquiteto e engenheiro responsável pelo Rivoli Teatro Municipal, o edifício mantém, na fachada, as letras do nome da antiga empresa que o ocupava, só que restauradas e colocadas por ordem alfabética. No rés-do-chão do espaço principal fica o lounge de acolhimento e, num piso superior, dois estúdios para residências artísticas e uma área comum de trabalho. Noutro edifício, separado deste primeiro por um pátio, foi construída uma “Black Box”, vocacionada para a apresentação de espetáculos e ainda uma “Blue Box”, com potencialidades para a realização de atividades ao ar livre.

“Entrar em diálogo com o tecido cultural do Porto”

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A programação que o espaço poderá ter ainda está “em aberto”, mas já há alguns objetivos traçados. “Queremos ter tempo para refletir, experimentar, negociar, conquistar parceiros e ir assim fazendo opções. Contudo, há algumas coisas que, à partida, gostaríamos de fazer: apresentar os nossos espetáculos e fazer residências, apresentar espetáculos de outras companhias (designadamente de Lisboa) que têm poucas oportunidades de vir ao Porto, acolher residências de outros artistas, entrar em diálogo com o tecido cultural do Porto e integrar ou acolher as suas atividades, trazer até ao Porto os artistas estrangeiros que fazem parte da nossa rede de colaborações”, sintetizou a companhia.

mala_2“Evoluir sem envelhecer” entre os desejos para 2014

Com uma história de vida que começou a ser escrita há já dez anos, a Mala Voadora reconhece que o balanço do trabalho efetuado só poder ser “muito positivo”. “Temos tido um ritmo de trabalho bastante intenso e estamos muito contentes com o público que nos tem acompanhado e com a rede de artistas e instituições com que temos tido a oportunidade de colaborar”, reconheceu. Mais do que fazer teatro, o grupo procura, em cada novo projeto, “reequacionar o que pode ser teatro”. “Por vezes partimos de materiais estranhos à tradição teatral, outras vezes confrontamo-nos com coisas mais convencionais. Peças de teatro, por exemplo. Desenvolvemos atividade também no âmbito do nosso serviço educativo”, esclareceu.

Entre os principais obstáculos sentidos pela equipa ao longo dos anos está “a inércia dos sistemas de atribuição de apoios estatais relativamente ao reconhecimento do valor das companhias dirigidas por pessoas com menos de 60 anos”. “A idade continua a ser um valor determinante, por vezes em detrimento da relevância artística”, lamentou. Ainda assim, a Mala Voadora pretende continuar a lutar pelo seu projeto ‘com unhas e dentes’ e já delineou as principais metas para o próximo ano: evoluir sem envelhecer; colaborar e estabelecer parcerias e ainda encontrar e produzir bons desafios.

Texto: Mariana Albuquerque  |  Fotos: facebook.com/malavoadora

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