O Teatro Sá da Bandeira, no Porto, foi comprado esta quinta-feira por 3,5 milhões de euros pela Livraria Lello.
A hasta pública teve lugar esta quinta-feira de manhã, no edifício da Câmara do Porto.
O valor base de licitação eram 2,19 milhões de euros e, segundo avança o Jornal de Notícias, foi disputado com António Oliveira, antigo jogador de futebol e selecionador nacional, e proprietário da Brasileira, em frente ao Teatro Sá da Bandeira, que não foi além dos 3,2 milhões de euros.
De recordar que a venda do Teatro Sá da Bandeira estava sujeita a condições especiais. “O adquirente do imóvel (…) obriga-se a destinar exclusivamente o imóvel com entrada pelo N.º 94 A: Teatro, composto por galerias, duas ordens de camarotes, tribuna, palco, camarins e bufetes,ao Teatro Sá da Bandeira não podendo afetá-lo a um uso distinto”; “Se o prédio for destinado a fim distinto do indicado no número antecedente, o mesmo reverterá para o Município do Porto” e “Se após a adjudicação definitiva do prédio, o comprador pretender transmiti-lo a terceiros, antes ou depois da celebração do contrato, o Município do Porto reserva para si o direito de preferência na respetiva alienação”, lia-se no anúncio de hasta pública, disponível no portal da Câmara do Porto.
Fundado como Teatro-Circo Príncipe Real e inaugurado em março de 1874, o Teatro Sá da Bandeira é o edifício de espetáculos mais antigo do Porto, com atividade praticamente ininterrupta desde a sua fundação, representando um dos mais importantes marcos do património cultural da cidade, lê-se na página da Direção-Geral do Património Cultural.
Já a Livraria Lello e Irmão é considerada uma das mais belas do mundo e um ex-líbris da cidade do Porto. Inaugurado em 1906, o edifício foi concebido segundo projeto do engenheiro Xavier Esteves. A fachada neogótica, um arco Tudor de grandes dimensões, uma grande janela tripla, flanqueada por duas figuras representando a Arte e a Ciência, os arcos em ogiva apoiados em pilares esculpidos com bustos de escritores como Antero de Quental, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Teófilo Braga, Tomás Ribeiro e Guerra Junqueiro, o amplo vitral revivalista com a divisa da casa, Decus in Labore (Dignidade no Trabalho), da claraboia, os esplêndidos tetos em estuque dourado e o magnífico trabalho de marcenaria, bem representado pelo corrimão em madeira da imponente escadaria, constituem os elementos decorativos mais emblemáticos da livraria.
Foto: Teatro Sá da Bandeira