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Língua Portuguesa: 20 expressões do tempo das nossas avós

Língua Portuguesa: 20 expressões do tempo das nossas avós

A Língua Portuguesa está repleta de pequenos segredos e nem sempre as palavras querem expressar o seu sentido mais óbvio. É o caso das expressões idiomáticas. Uma expressão idiomática ocorre quando um termo ou frase assume significado diferente daquele que as palavras teriam isoladamente. Assim, a interpretação é captada globalmente, sem necessidade da compreensão de cada uma das partes.

Algumas destas expressões da Língua Portuguesa são cada vez menos utilizadas e têm vindo a ser substituídas por outras (talvez com menos charme e encanto), fruto da evolução dos hábitos e da sociedade. Mesmo assim, fazem parte do nosso património linguístico e cultural e devem ser relembradas. Afinal de contas, recordar é viver e, neste caso, recordar expressões do tempo das nossas avós, além de engrandecer a Língua Portuguesa, é também uma homenagem às gerações mais velhas que tanto nos ensinaram e tanta sabedoria nos transmitiram.

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  1. “Meter o Rossio na Betesga”
    Esta é uma expressão tipicamente Lisboeta. A Betesga é a rua mais curta da cidade (com apenas 10 metros) e o Rossio uma grande praça. Utiliza-se quando se quer dizer que um sítio é muito pequeno para o número de objectos ou pessoas que se quer pôr lá dentro, por exemplo.
  2. “No tempo da outra senhora”; / “No tempo da Maria Cachucha”
    Ambas designam coisas que são muito antigas, tão antigas que já não se pode precisar exactamente quando foram feitas ou sucederam. Outra expressão semelhante que também se pode utilizar é “Mais velho que a Sé de Braga”, (Com o início da sua construção no século XI).
    Cachucha é uma dança Espanhola criada no início de 1800. “Era normalmente dançada a solo por uma mulher, acompanhada de castanholas. Começava num movimento lento, que ia acelerando, até terminar num vivo volteio.
    Maria Purificação da Silva (1900-1960) popularmente conhecida por Maria Cachucha, trabalhava no Matadouro Municipal e causava admiração a forma como ela desempenhava tal profissão. Nessa época a única em Portugal que matava bois, com uma destreza impressionante.
  3. “Diz o roto ao nu!”
    Baseada num conto de crianças, expressa a pouca moralidade do acusador respectivamente ao acusado. Se por acaso alguém critica uma outra pessoas mas a sua conduta respectivamente a esse comportamento também não é a melhor, utiliza-se este “dizer” para fazer notar a falta de moral de quem acusa.
  4. “Chover a potes”
    Esta quer dizer literalmente que está a chover muito. Como se potes cheios de água estivessem, literalmente, a ser despejados sobre nós, em períodos de chuva abundante. Usa-se apenas quando a situação está mesmo muito crítica.
  5. “É a banha da cobra”
    Visa dizer que é uma aldrabice, um engano. A banha da cobra foi um produto vendido em tempos em Portugal em feiras e mercados e prometia tratar uma panóplia de problemas de saúde, apesar de não ter nenhuma comprovação laboratorial. Normalmente usado quando alguém tenta vender algo como verdadeiro, seja este uma ideia um objecto.
  6. “Coisas do arco da velha!”
    “É sabido que por volta do século XIX, a expressão “arco da velha” servia para descrever o arco-íris, algo que já não é tão comum nos dias de hoje. Uma das explicações por trás dessa expressão é que essa denominação foi criada graças à história bíblica de Noé, quando depois do dilúvio, Deus criou o arco-íris para demonstrar a sua aliança com o ser humano, e que não voltaria a enviar outro dilúvio dessa magnitude. Assim, na expressão “do arco da velha”, o termo “velha” representa a velha aliança que Deus formou com o Homem. Por esse motivo o arco-íris também é conhecido como arco-da-aliança.
    Uma explicação alternativa para a origem desta expressão é que originalmente ela seria “arca da velha” e não “arco da velha”. Isto porque senhoras de certa idade tinham o hábito de guardar coisas incríveis e espantosas nas suas arcas.
    Basicamente, usa-se quando uma situação relatada não faz sentido nenhum e demonstra alguma falta de noção por parte de quem a praticou. Também se pode utilizar para enfatizar uma situação rocambolesca e pouco justificada, ou algo fantástico e espantoso.
  7. “Quem tem boca vai a Roma!”
    Esta é muito engraçada e reveladora do espírito português. Hoje em dia temos Internet nos nossos smartphones, o que já não nos obriga a ter de fazer tantas perguntas aos locais se precisamos de alguma indicação. Significa que uma pessoa faladora, disposta a ter a coragem de perguntar pelas informações que precisa, será muito melhor sucedida que outra que não faça e tenha uma atitude mais passiva.
    Utiliza-se muito quando alguém está sem jeito e pede se podemos fazer mais isto ou aquilo por elas. Esta é uma boa resposta para as chamar à atenção para a necessidade de serem mais activas na resolução dos seus próprios problemas.
  8. “Está daqui!”
    Esta é para a comida e é acompanhada de um gesto que em Portugal usamos para dizer que a comida está muito boa e saborosa. (Puxando levemente o lóbulo de uma orelha). É utilizável em casos em que a refeição que nos é oferecida está mesmo muito bem confeccionada e é um gesto de agradecimento e reconhecimento ao mesmo tempo.
  9. “À noite todos os gatos são pardos”
    Esta expressão apela à cautela. Refere-se aos gatos de rua, que durante a noite parecem todos da mesma cor, só se vendo os olhos ou os dentes. Usa-se para chamar a atenção das pessoas sobre outras pessoas ou situações que podem ser perigosas por não estarmos a tomar as respectivas previdências e por estarmos a ignorar indícios evidentes de que algo pode estar ou vir a correr mal.
  10. “Nasceste com o rabo virado para a lua”
    Talvez ligada às antigas crenças relacionadas com as fases da lua, que acreditavam que a sorte e o destino de uma pessoa eram determinados pela altura do ciclo em que nasciam, esta é uma expressão muito divertida.
    Supostamente as pessoas que nasceram com o rabo virado para a lua são pessoas sortudas, que mesmo sendo desorganizadas, pouco trabalhadoras ou afins, têm sempre sorte na vida. É quase utilizada para descrever uma situação injusta de favorecimento divino!
  11. “Bater as botas”
    Esta é uma forma de dizer que a pessoa morreu, sem usar as palavras em si. É uma expressão que não é muito delicada, que não se utiliza em momento de perda junto dos familiares e dos amigos. É uma expressão popular, usada principalmente com calão, em conversas informais com pessoas com as quais nos sentimos confortáveis.
  12. “Bater o dente”
    Compreender esta basta pensar no gesto. Pode ter dois significados: ou estar com muito, muito medo ou estar com muito, muito frio. O significado depende sempre do contexto e da situação em que é utilizado.
  13. “Olho clínico”
    Supostamente os médicos devem ser muito atentos ao detalhe e treinados para não deixar passar um único indício de uma possível doença. Assim, diz-se que alguém tem “olho clínico” se é muito atenta ao pormenor ou não deixa nada por investigar.
  14. “Dar com o nariz na porta”
    Só de imaginar visualmente, esta torna-se divertida! Usa-se quando uma loja ou um serviço está quase para fechar ou por acaso a pessoa não se lembra que este se encontra fechado. Também se pode usar com residências privadas, quando os residentes não abrem a porta, ou quem os procura não os encontra em casa.
  15. “Chegar a roupa ao pêlo”
    Outra muito “portuguesa”, quando se ameaça alguém de “se lhe chegar a roupa ao pêlo”, ameaça-se de violência física subtilmente. É sinal que uma das partes está a ficar extremamente descontente e que qualquer outro passo em falso pode causar problemas maiores para a parte oposta.
    Às vezes é usado em tom de brincadeira, mas sempre irónico. É necessário está muito atento e compreender o contexto para perceber com que intenção é dito.
  16. “Dia D” / “Hora H”
    Duas expressões que querem dizer “É hoje o dia!” ou “É esta a hora!”. Indica confiança e que a pessoa acredita que algo de bom acontecerá naquele momento. Se alguém disser “Chegaste mesmo na Hora H! “, também quer dizer que se chegou mesmo no momento exacto ou na hora pretendida. É tão improvável chegar num momento exacto, que esse momento tende a ser ressaltado.
  17. “Caçar no ar”
    Quem caça no ar, não apanha nada. Pessoas que “caçam no ar” são frequentemente consideradas sonhadoras e pouco realistas ou cientes das suas qualidades. São consideradas um pouco tontas e ingénuas. A expressão também se usa quando uma pessoas vai demasiado longe nos seus planos e estes se tornam demasiado megalómanos.
  18. “Chegar a pimenta ao nariz”
    A pimenta faz-nos espirrar e esta expressão é usada para descrever o momento em que alguém se começa a enervar ou irritar por algum motivo ou com alguém. É sinal para aliviar a conversa pois as coisas poderão não estar a ir no caminho certo.
  19. “Línguas de perguntador”
    Esta é uma resposta muito comum que se dá às crianças, em tom de brincadeira, quando, estas perguntam muito insistentemente “O que é que é o jantar?”. Também se utiliza na brincadeira num tom jocoso entre adultos se alguém demonstra grande impaciência em relação à refeição. Implica que o cozinheiro irá servir a língua de quem pergunta pela comida.
  20. “Está para nascer um burro”
    Para terminar – com outra expressão inspirada no mundo animal – esta expressão usa-se quando alguém diz que irá fazer algo fora do normal, e não é fácil acreditar que tal irá mesmo suceder. Como, por exemplo, uma pessoa muito preguiçosa dizer que vai arrumar o quarto.

(VortexMag)

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