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Junta da Galiza

Justa Nobre

Justa Nobre

“Sempre tive uma grande força de vencer. Se hoje fazia bem, amanhã queria fazer melhor”

Nasceu na aldeia de Vale Prados, em Macedo de Cavaleiros, mas aos sete anos de idade mudou-se para a aldeia de Lamas para viver com uma tia. Aos nove já cozinhava “sem problema” e foi aí que percebeu que até tinha algum jeito.

Inicialmente dividia o sonho de ser enfermeira ou cozinheira, mas com as várias oportunidades que foram surgindo, rapidamente percebeu que seria na cozinha o seu caminho.

Aos 16 anos mudou-se para Lisboa e consigo levou a alma e o sabor da cozinha tradicional portuguesa. Começou por chefiar um restaurante na Rua Alexandre Herculano e mais tarde abriu o seu primeiro restaurante, o Constituinte, na Rua de São Bento.

Justa Nobre é um nome incontornável da cozinha portuguesa, no entanto ficou ainda mais conhecida do grande público com a sua função de jurada no programa Masterchef Portugal. Tem quatro livros publicados, um deles em nome próprio e os restantes em co-autoria.

A sua cozinha é “de autor, conforto e amor”. Atualmente, é possível provar os pratos da chef Justa n’O Nobre, no Campo Pequeno. Os mais conhecidos são a Sopa de Santola, Robalo à Justa e Perna de Cabrito à Transmontana.

Quem é a Justa Nobre? Quais as principais características que a definem?
Sou uma pessoa simples e amiga dos meus amigos. A minha família está sempre em primeiro lugar. Honestidade, integridade e amor pelo próximo são algumas das características que me definem. Não gosto de ver ninguém com dificuldades.

Que coisas ou lugares a fazem feliz?
Voltar à aldeia onde nasci e estar com a família.

O que gosta de fazer no seu tempo livre?
Ler e passear à beira-mar

O que a faz levantar todas as manhãs? O que é que a motiva?
O meu trabalho, do qual gosto muito, e a família.

Situações ou coisas que a irritam?
A desonestidade, a falsidade, a mentira e o egoísmo do ser humano.

Conte-nos um bocadinho da sua infância, onde nasceu e cresceu até à sua ida para Lisboa.
Nasci na aldeia de Vale Prados, em Macedo de Cavaleiros, vivi lá até aos sete anos com os meus pais e irmãos. Dos sete aos 14 anos fui morar com uma tia (irmã da minha mãe) na aldeia de Lamas a 8 km de distância.
Até aos sete anos fui muito feliz. Dos sete aos 14 anos fiquei um pouco solitária, uma vez que estava sozinha, com os meus tios, distante dos meus pais e irmãos. Aos fins de semana era quando aproveitava para ir visitá-los e matar saudades. Aí sim era uma alegria!
Voltei para a aldeia e aos 15, a fazer 16, vim para Lisboa.

Foi fácil para si a adaptação à cidade?
Sim foi fácil porque estava com a minha irmã Guida.

O que começou por fazer nos primeiros tempos em que se mudou para a capital?
Companhia a uma menina da minha idade com paralisia cerebral, onde fui tratada como família.

Quando era mais pequena alguma vez pensou que seria chef de cozinha e teria restaurantes seus? Qual era o seu sonho?
O meu sonho era ser enfermeira ou cozinheira. As oportunidades foram surgindo até que decidi que era mesmo chef de cozinha que queria ser.

Em que altura da sua vida percebeu que tinha jeito para cozinhar e poderia fazê-lo de forma profissional?
Logo cedo, com 9 anos, eu já cozinhava sem problema. Comida simples, claro…
Sempre tive um paladar muito apurado. Mais tarde, quando casei tive oportunidade de chefiar um restaurante, acabado de abrir, e foi aí que decidi enveredar por esta profissão.

Como e com que idade começou a trabalhar no primeiro restaurante?
Aos 21 anos sou convidada para chefiar um restaurante em Lisboa, o 33, na Alexandre Herculano. Depositaram confiança em mim e eu soube aproveitar. Eu na cozinha e o meu marido a chefiar a sala fizemos um grande restaurante, no qual estivemos 8 anos.

Quais os principais desafios que teve de enfrentar nessa época?
Era nova e não tinha qualquer prática de chefia. Só gostava de cozinhar, mas sempre tive uma grande força de vencer. Por isso andava sempre em competição comigo mesma. Se hoje fazia bem, amanhã queria fazer melhor. 

Quando e porquê que decide abrir um restaurante seu? Foi difícil tomar essa decisão?
Depois de 8 anos no 33, fui com o meu marido abrir o Iate Ben em Carcavelos, onde estivemos um ano. Ao fim desse ano, sentimos que estávamos prontos para abrir o nosso próprio espaço. Abrimos o Constituinte, na Rua de São Bento onde estivemos dois anos.
Não foi difícil porque profissionalmente estávamos preparados. O mais complicado foi que abrimos com pouco dinheiro…mas conseguimos e foi um êxito.

Alguma vez teve receio de os seus pratos não serem bem recebidos?
Não. Sempre foram os meus clientes mais conhecidos que serviram de cobaias para as minhas criações.

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O que é que é para si mais desafiante no mundo da culinária?
A magia de olhar para os produtos e transformá-los num bom prato.

Como é que descreveria a sua cozinha?
Cozinha portuguesa, de autor, de conforto e de amor.

Quais os pratos que são a sua marca identitária?
Sopa de santola, Robalo à Justa, Perna de Cabrito à Transmontana…entre muitos.

O que é que acha que as pessoas procuram, hoje em dia, quando vão a um restaurante?
No meu restaurante procuram qualidade , frescura e pratos que os levem à infância.

Mudou muito a forma como os portugueses olham para a comida desde que começou a trabalhar profissionalmente nesta área?
Os portugueses, hoje em dia, são mais viajados, informados e mais atentos aos sabores. Como tal são mais exigentes.

Teve alguns clientes em que foi mais complicado agradar? Como resolveu essa situação?
Nem sempre superar expectativas é fácil. Tento sempre oferecer outras soluções, como substituir o prato. Felizmente nunca tive grandes problemas.

Conte-nos uma ou duas experiências caricatas vividas ao longo destes anos nos seus restaurantes, quer seja na cozinha ou com clientes.
Um cliente estava acompanhado a jantar num dos nossos restaurantes. Entretanto chega a mulher vai direita à mesa, pega na toalha, atira com a comida (que era caril) para a acompanhante e vai-se embora… Imaginem como ficou a senhora e o cavalheiro (risos).

A Justa chegou a ser jurada no masterchef Portugal. O que guarda dessa experiência?
Foi uma experiência maravilhosa e muito enriquecedora.

Foi fácil para si avaliar outras pessoas?
Nunca é fácil avaliar alguém porque o facto de um prato não correr tão bem não é suficiente para sabermos se essa pessoa cozinha bem ou não. A postura dos concorrentes é muito importante ter em conta, para percebermos se têm capacidade para serem profissionais ou não, visto que o stress é muito grande, e nem toda a gente aguenta.

Para alguém que se está a começar a aventurar no mundo cozinha de forma profissional, quais os conselhos que daria?
Ter em conta que é uma profissão que precisa de muita dedicação, entrega, amor pelo próximo e respeito pelos alimentos.

O que é que para si um bom cozinheiro tem de ter?
Ambição, paixão e respeito pelos alimentos.

Sentiu alguma vez que desvalorizaram o seu trabalho por ser mulher?
Não, nunca senti.

Existem diferenças entre a Justa mulher, chef de cozinha e mãe?
Creio que não…

De que forma foi gerindo esses três papeis ao longo da sua carreira profissional?
Nem sempre foi fácil conseguir encontrar um equilíbrio. Trabalhar com o meu marido, ter uma criança sem avós por perto para ajudar e ter uma profissão exigente a nível de horários foi um desafio muito grande, mas consegui.

Fale-nos dos projetos ou restaurantes que tem em mãos neste momento.
Hoje em dia só tenho O Nobre, no Campo Pequeno, é onde eu me encontro na maior parte do tempo. Tenho a sorte, de ter uma boa equipa no restaurante, o que me permite ter alguns projetos fora como consultorias gastronómicas e trabalhos com marcas.

Qual o prato que lhe sai sempre bem e é garantido que as pessoas gostem?
Sopa de Santola.

O que nunca pode faltar na sua dispensa e frigorífico?
Na despensa, azeite. No frigorífico, vegetais.

Prato ou iguaria que é incapaz de comer?
Tudo o que leve sangue (lampreia, cabidela, …).

O que costuma estar sempre presente no seu jantar ou almoço de natal?
Bacalhau e polvo nunca falta (tradição transmontana).

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