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João Pedro Pais

João Pedro Pais
“As músicas venceram pela sua própria força”

João Pedro Pais celebra os seus 20 anos de carreira com um novo disco e concertos, dois deles na Casa da Música nos próximos dias 3 e 4 de março, completamente esgotados. Ponto de partida para uma agradável conversa com o músico. Sem filtros.

Marcou (e marca) toda uma geração com os seus temas melódicos e sinceros, conquistando de imediato o público, com quem João Pedro Pais criou forte empatia.
Sempre com a sua simpatia contagiante, não se esqueceu nunca de agradecer ao público pelo “apoio, carinho, vontade e generosidade”, mas sobretudo, destaca, a paciência. “Ao fim de 20 anos a paciência para me aturar” [risos].
São dois concertos na Casa da Música, nos dias 3 e 4 de março. Já esgotados. Aproxima-se música para os nossos ouvidos.

VIVA!: O que se pode esperar destes dois concertos na Casa da Música?
João Pedro Pais: São espetáculos especiais, em nome próprio. É a primeira vez que atuo na Casa da Música, um espaço que estimo bastante como espectador, uma vez que já lá vi um grande amigo meu, o Lenine, grande cantor brasileiro. Tinha muita curiosidade e vontade de atuar neste espaço magnífico que é do Porto. Já tinha feito os Coliseus por duas vezes. E faltava-me a Casa da Música.

O que acha do público nortenho?
Brutal. Muito acolhedor. Os portuenses recebem-me com grande carinho e estima. Todos merecem o meu maior respeito.

joao_4Que balanço estabelece desde o primeiro álbum lançado em 1997, “Segredos”?
Claro que as coisas mudaram um pouco. A minha maneira de interagir. A minha maneira de estar, de cantar, a minha voz vai vivendo comigo e vai ganhando maturidade e experiência.
Tenho agora uma maneira diferente de abordar os temas. Não sou tão ingénuo, nem tão infantil, como era há 20 anos atrás.

A evolução foi, portanto, paulatina. Há algum álbum em específico que representa todo esse processo de maturidade?
O terceiro álbum. Antes de lançar a coletânea eu tive a curiosidade de ouvir os registos, para ponderar quais as canções a ser escolhidas e vi que onde começo a cantar com mais maturidade é apenas no terceiro álbum, no “Falar por sinais”.

Então como é que as anteriores canções ganharam tamanho sucesso?
As canções venceram por elas, pela sua própria força.

Aliás, ingenuidade pode ter sido a chave para o sucesso…
Sim. A experiência por vezes é enganadora.

7De facto, o álbum “Falar por sinais” consolidou o seu trabalho. Contava com todo o impacto do registo posteriormente?
Fui fazendo as canções paulatinamente. Nunca esperei nada. Ainda hoje, sem demagogia alguma, não sei o que é que vou ser, no que as coisas vão dar. Não sei mesmo. Sempre foi a minha maneira de estar na música. Não espero dados adquiridos. Porque eu estou sempre à espera que, tanto posso triunfar, como cair.
Então devo estar minimamente preparado para a queda, para saber qual a ‘cambalhota’ que deva dar para poder levantar-me a seguir.

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Qual o segredo para tamanho sucesso? Acho que o João já me respondeu… o trabalho contínuo…
Sim. O trabalho, a perseverança, a credibilidade, o caráter. Um dia, quando falarem de mim, podem dizer que não gostavam das canções, mas que eu tenho muito caráter. E é verdade. É a minha maneira de estar. Saber dizer não. De tentar fazer aquilo com que me identifico e não fazer porque o que o meu colega do lado desenvolve tem muito êxito.
Eu até há pouco tempo numa conversa com o Pedro Abrunhosa disse: ‘eh pá, não tenhas medo de dizer não, que não te identificas’… ele até disse: ‘estás parvo (risos), não é nada disso. Sabes que eu gosto de ti’. E falamos assim. É apenas um exemplo de uma pessoa que curiosamente é do Porto. Tenho muita consideração pelo Pedro Abrunhosa. E acho que o Pedro tem por mim. Porque quando falamos olhos nos olhos é com esta sinceridade, sem rasteiras. Faço isto tudo com todos os colegas com quem me identifico: o Palma, pessoas que já atuaram comigo.

Esse segredo também se desvenda precisamente por essa transparência, autenticidade…
Não tenha dúvidas. Identifiquem-se ou não, sabem que de mim podem esperar a maior verdade e sinceridade. É o saber estar. E sair, quando sentir que estou a mais.

com_bryan_adamsFez em 2003 a primeira parte da tournée ibérica com Bryan Adams. Como recorda essa experiência?
Foi brutal. Penso que foi um salto. Repare, o álbum “Falar por sinais” sai em 2001, que é quando, como já expliquei, começo a ganhar experiência a cantar. E só lanço o álbum seguinte em 2004. Foram três anos de interregno e nesse período de tempo foi onde fiz a tournée ibérica com o Bryan Adams. Foi um salto definitivamente a nível de público e visibilidade. Tudo isto correu bem. A partir daí tive a sorte de ter sido convidado para o primeiro Rock In Rio, em 2004. Depois, nesse mesmo ano, vou gravar a casa do Bryan Adams, em Vancouver, com a sua banda, o disco “Tudo bem”.

Experiências certamente inesquecíveis…
Claro que sim. Mas que acabam logo num abrir e fechar de olhos. Fez-se, mas depois acabou. Nada é para sempre. Tudo é efémero.

Mas fica carimbado na história…
Fica principalmente, não na história dos livros, mas na história da minha vida.

Em 2006 teve um projeto com a Mafalda Veiga, “Lado a Lado”. Também é muito especial para o público…
Isto é muito interessante. O projeto refere-se a duas pessoas que na altura se identificavam uma com a outra musicalmente. E aconteceu por isso. Foi muito natural e deu resultado.

palmaColaborou também com Jorge Palma, Pedro Abrunhosa, o Zé Pedro [Xutos & Pontapés]. Há mais algum artista com quem gostava de colaborar e ainda não teve a oportunidade?
Dou muita importância à postura das pessoas, que façam boa música, com os pés bem assentes no chão. Essas é que eu tento procurar. Se aparecer alguém com quem me identifique, falarei com esse músico.

Ó álbum “Desassossego” teve o carimbo de Adam Kasper, ligado a Eddie Veder, Pearl Jam. Depois, Alan Winstanley (Bush, Elvis Costello).
O último que referiu, trabalhei com ele em 2015. Estava uma vez em estúdio e perguntei-lhe: ‘com quem trabalhaste’? E ele disse os nomes todos! Fui ao Google e lá estava ele mais novinho, com cabelo (risos) ao lado das bandas. E eu: ‘ah, afinal é verdade’. Ver para crer (risos).
Eles às vezes ficam um pouco ofendidos. Isso também aconteceu com o Luís Jardim. Com o Seal sabia que tinha colaborado. Vi certa vez um best of dos Rolling Stones a dizer “Forty licks”. Comprei esse álbum e vinha lá special guest, percussion: Luís Jardim. Liguei-lhe logo a seguir (risos). ‘Vi um álbum dos Rolling Stones e está cá o teu nome’. E ele muito direto: ‘Oh João, eu não te minto, rapaz’ (risos).

joao_pedro_paisEsta busca incessante de novos produtores denota essa procura contínua por melhoria e inovação.
Claro que sim. No novo álbum fui buscar um miúdo novo, o Benjamim, que trouxe uma nova sonoridade para os dois temas novos. Considero que fez um trabalho muito íntegro, com muito carisma e talento, com os temas muito bem construídos.

Há algum plano futuro, para além dos concertos, que possa divulgar à VIVA!?
Vou continuar a fazer os concertos que estão agendados. Estou a apresentar a coletânea ao vivo. Tudo está a correr bem. A minha criatividade é fundamental pelo que vou bebendo influências para inovar.

Quer deixar alguma mensagem ao público portuense?
Um grande abraço. Que sejam muito felizes e um agradecimento a todos pelo apoio, carinho, vontade e a generosidade.
E mais: também a paciência. Ao fim de 20 anos paciência para me aturar (risos).
Ao fim de 20 anos, as pessoas saírem a um sábado e a um domingo da casa delas, do seu bem-estar para me irem dar apoio e aplaudir… Sou muito grato por isso.

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