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Israelitas contra Centro da Memória Judaica no Porto

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O rabino Daniel Litvak, da Comunidade Israelita do Porto, apelou, segunda-feira, à intervenção do Patriarca de Lisboa para cancelar o projeto “malévolo” do Centro da Memória Judaica do Porto, considerando o comportamento do padre Agostinho Jardim Moreira “abominável”.

Na segunda-feira foi noticiado o chumbo no atual QREN do projeto do Centro Interpretativo da Memória Judaica e Cristã-Nova do Porto, sendo também anunciado pelo padre da Vitória, e líder da Rede de Judiarias de Portugal, Agostinho Jardim Moreira, o Encontro Diálogo e Reconciliação. Numa carta dirigida ao Patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, a que a agência Lusa teve acesso, o rabino Daniel Litvak, da Comunidade Israelita do Porto, recorda uma conversa que manteve, há quatro meses, com o padre Jardim Moreira e os líderes da comunidade judaica do Porto, onde foi expressa a oposição a este projeto. “Advertimos que iríamos considerar a sua execução como uma agressão ao judaísmo e que iria criar grande descontentamento no mundo judaico. Dada a trágica história do judaísmo em Portugal, para nós, a criação de um museu sobre o tema seria uma espécie de Museu do Holocausto”, condenou.
Contactado pela agência Lusa, o padre Agostinho Jardim Moreira disse desconhecer esta missiva, acrescentando que o rabino de Lisboa e de Belmonte, a comunidade judaica de Lisboa e de Belmonte e a rede de Judiarias “estão sintonizados e de acordo com este centro”, tendo recebido o seu apoio e manifestação do propósito de estar presentes no encontro.
Sobre o Encontro Diálogo e Reconciliação, o padre Agostinho Jardim Moreira garante que usou o meio de comunicação do qual dispunha, um membro da comunidade “que já tinha sido intermediário nos encontros anteriores”, através do qual convidou a restante comunidade do Porto.
O rabino Daniel Litvak revela “grande surpresa e estupefação” com o convite à comunidade do Porto, conhecido através da imprensa, para um “’encontro ecuménico’ a pretexto de um ignominioso projeto do Centro Social e Paroquial da Vitória de erguer, com a ajuda do município de Porto, um museu e/ou centro de interpretação judaica”.
“Por todo o exposto anteriormente, é óbvio que aquele encontro ecuménico é uma burla, e eu solicito a vossa excelência que intervenha no sentido de cancelar o projeto malévolo do museu e/ou centro de interpretação judia, já que o comportamento do dito padre é abominável”, apela.
O rabino Daniel Litvak considera ainda “malévolo e maquiavélico que um padre representante da Igreja Católica, que foi responsável pela tragédia da judiaria portuguesa e de uma das épocas mais obscuras da História de Portugal, dirija semelhante projeto”.
“E afigura-se-nos sumamente cínico e provocador que o dito padre diga que o projeto não seria apenas uma questão histórica, mas que serviria para ajudar a fortalecer os laços inter-religiosos. É muito estranho que o padre se pronuncie publicamente desta maneira quando lhe explicamos anteriormente, e ele pareceu compreender e aceitar a nossa mensagem, que o museu só iria exacerbar as sensibilidades nas relações com o judaísmo local e internacional”, criticou.
Na sua opinião, este ato seria visto “como uma continuação dos atos inquisitoriais que foram acompanhados pelo roubo de propriedade judaica, dentro da qual estão muitas sinagogas que foram transformadas em igrejas”.

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