Um recente inquérito realizado pela Federação Académica do Porto (FAP) revelou que mais de metade dos jovens estudantes da Academia do Porto considera emigrar após a conclusão do Ensino Superior.
“O inquérito aplicado teve como objetivo identificar as principais preocupações sentidas pelos estudantes no que respeita às políticas de Juventude e de Ensino Superior. A amostra foi constituída por um total de 1.002 estudantes, inscritos em instituições de Ensino Superior da Academia do Porto, distribuídos da seguinte forma: 45% do Ensino Universitário Público, 32% do Ensino Politécnico Público e 23% do Ensino Particular e Cooperativo. Entre o total de inquiridos, 58% do sexo feminino e 41% do sexo masculino, 27% são beneficiários de bolsa de estudo e 35% são estudantes deslocados, que reside fora do seu agregado familiar de origem durante o período letivo. A maior parte encontra-se a frequentar cursos de licenciatura, num total de 77%, sendo que 21% dos estudantes frequentam mestrado”, lê-se na ficha técnica do comunicado enviado à VIVA!.
Os dados, obtidos através de uma amostra representativa de estudantes, indicam que 53% dos inquiridos ponderam a emigração como possibilidade após terminarem o Ensino Superior, com 33% preferindo não responder. A pesquisa também destaca que 52% dos estudantes foram admitidos nos cursos com médias iguais ou superiores a 17 valores, enquanto 33% tiveram médias entre 15 e 17 valores. A necessidade de explicações durante o Ensino Secundário, a predominância de despesas com alojamento e alimentação, bem como as expectativas salariais dos jovens, são alguns dos outros pontos destacados no inquérito.
A análise revelou, ainda, que mais de metade dos estudantes teve acesso a explicações durante o Ensino Secundário, levantando preocupações sobre a qualidade da educação pública. Quanto aos custos associados ao Ensino Superior, o estudo mostrou que a habitação é a despesa mensal mais significativa para os estudantes deslocados, seguida pela alimentação. Além disso, a pesquisa apontou que 46% dos inquiridos já consideraram interromper ou abandonar o Ensino Superior, destacando a urgência na implementação do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior.
Já no que diz respeito à emancipação jovem, apenas 22% dos estudantes esperam arrendar ou comprar habitação antes dos 25 anos, com a maioria a acreditar que isso só será possível após os 30 anos. Essa realidade reflete-se nas expectativas salariais, com um terço dos estudantes prevendo salários inferiores a 1.000€ no primeiro emprego, apesar das qualificações académicas.
O presidente da FAP, Francisco Porto Fernandes, salientou a necessidade de uma atenção especial aos jovens, propondo medidas como a tutela da Secretaria de Estado da Juventude sob o primeiro-ministro. A pesquisa também revelou que a área de formação influencia a propensão para a emigração, sendo que 62% dos estudantes de Ciências e Tecnologias consideram trabalhar no exterior, em comparação com os 38% dos estudantes de Direito.