O projeto europeu NUDGE propõe-se estudar, aplicar e avaliar potencial de estratégias comportamentais na melhoria da eficiência energética. Envolvendo 10 instituições, o projeto será posto em prática em Portugal, sob a responsabilidade do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI), bem como na Bélgica, Alemanha, Grécia e Croácia.
Zenaida Mourão, investigadora do instituto portuense, explicou à Lusa que o projeto NUDGE visa “perceber quais são as práticas energéticas das famílias” e tentar mudar essas práticas por forma a “contribuir para a eficiência energética”.
“Mudar a altura do dia em que ligamos o aquecimento, o nível de temperatura de set-point, o período em que abrimos as janelas para arejar, e até corrigir ineficiências estruturais das nossas casas – o acumular das escolhas individuais de cada um pode ter um impacto muito significativo”, salienta a responsável pelo projeto no INEGI. “Razão pela qual prever a resposta dos consumidores a certos incentivos, permitindo apoiar melhores escolhas é uma estratégia importante”.
Os investigadores vão assim desenvolver uma aplicação para ‘smartphones’ que gerará notificações com base nos níveis de consumo medidos por contadores de eletricidade e gás natural inteligentes, bem como sensores de baixo custo que monitorizam a qualidade do ambiente interior (medem temperatura, humidade, dióxido de carbono, partículas em suspensão e compostos orgânicos voláteis).
Segundo avança a Lusa, em Portugal, a aplicação vai ser testada em 100 famílias da Área Metropolitana do Porto, sendo que a ideia passa por “instalar sensores nas habitações que permitam fornecer informação sobre o consumo energético e práticas que influenciam esse consumo”.
Os investigadores do INEGI vão ter também 50 famílias “controlo”, onde vão monitorizar a qualidade do ambiente interior das habitações.
“Queremos ver se na zona Norte há maior aderência às práticas de eficiência energética se a isso associarmos mais informação sobre a salubridade dos ambientes interiores onde estas pessoas vivem e o tipo de ações que podem ter para melhorar a qualidade”, explicou Zenaida Mourão.
Além de fornecer informação sobre os consumos e qualidade do ar, a aplicação vai também “recomendar diferentes ações para otimizar o uso de energia, ao mesmo tempo que garante níveis de qualidade ambiental saudáveis para toda a família. Os dados recolhidos irão depois permitir avaliar a mudança de comportamento dos consumidores participantes, e comprovar um eventual aumento da eficiência energética”, salienta o INEGI.
De referir que a aplicação será “diferente” e “personalizada” aos hábitos e práticas de cada país que integra o projeto.
O projeto NUDGE arrancou em setembro, é financiado em 1,9 milhões de euros pelo programa Horizonte 2020 e, “em última instância, o objetivo é abrir caminho ao uso generalizado deste tipo intervenções, contribuir para o desenho de políticas públicas, e formular recomendações específicas a cada país”, assinala o INEGI.
Foto: INEGI