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Hotel “A Brasileira”

Hotel “A Brasileira”
Café histórico “A Brasileira” transformado em hotel

É um espaço emblemático do coração da cidade Invicta que serviu de palco às mais animadas tertúlias culturais da baixa portuense. O paradigmático café “A Brasileira” – cujo edifício, situado no gaveto da Rua do Bonjardim com a Rua Sá da Bandeira, ainda segreda histórias de literatos, jornalistas, políticos e gente do teatro dos anos 50 e 60 do século passado – vai ser transformado num hotel de 4 estrelas com 80 quartos, num projeto que pretende devolver-lhe “o brilho de outrora”.

As obras de requalificação do imóvel deverão arrancar este outono, estimando-se que a nova unidade hoteleira esteja concluída no prazo de um ano. Devolver “A Brasileira” à cidade, “recuperando toda a sua história”, e transformá-la num ponto de passagem obrigatória na cidade, “com o objetivo assumido de, a curto prazo, integrar o ranking dos mais belos cafés e restaurantes do mundo”, é o grande objetivo do seu proprietário, o antigo futebolista e selecionador nacional António Oliveira. Apesar de não ter revelado o investimento total da compra do edifício e da construção do hotel, o empresário referiu que a intenção “é obter ganhos significativos para que o preço médio de construção por quarto não ultrapasse os 100 mil euros”.

brasileira_4O projeto do novo equipamento – que criará “mais de meia centena de postos de trabalho diretos e outros tantos indiretos” – foi desenvolvido pelo Gabinete de Arquitetura de Ginestal Machado. Os espaços do rés-do-chão e as fachadas do edifício, onde se destacam os pormenores de ferro e o vidro do para-sol, vão permanecer intactos. O hotel terá 14 suites, 57 quartos duplos e oito individuais, contando ainda com um ‘health club’, um ginásio e um pátio interior com um jardim vertical. Para preservar o património arquitetónico, a escadaria semicircular existente no espaço constituirá um elemento de destaque no lobby do hotel, permitindo o acesso ao wine bar e ao auditório.  

brasileira_3A manutenção do café e do restaurante será uma das mais-valias da estrutura, tendo em conta o objetivo de honrar o seu “glorioso passado”. Desta forma, a cafetaria irá renascer, à face do passeio, para fazer justiça ao velho slogan “O melhor café é o da Brasileira”. O restaurante, esse, terá 60 lugares, estando aberto a toda a cidade, para além de servir de apoio à respetiva unidade hoteleira. “Este será o projeto da minha alma”, confessou António Oliveira, esclarecendo que o futuro hotel preservará também o histórico nome “A Brasileira”.

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Uma história que começou a ser escrita em 1903

O emblemático café foi fundado em 1903, em plena baixa portuense, por Adriano Teles, antigo farmacêutico emigrado em Minas Gerais, no Brasil, que decidiu regressar ao Porto para criar uma marca própria de café. O proprietário da loja introduziu, então, uma particularidade na sua estratégia de venda, oferecendo a cada cliente uma chávena de café e uma brochura que ensinava a preparar a bebida. O sucesso de vendas foi tão evidente que Adriano Teles se viu obrigado a ampliar o espaço, apostando em mais uma novidade para a época: a criação de uma sala de café, que rapidamente se transformou num local de passagem obrigatória para a elite portuense.

brasileira_1Entretanto, para separar as duas zonas, optou por comprar um prédio contíguo à loja, adquirindo, mais tarde, os restantes edifícios existentes entre as ruas de Sá da Bandeira e do Bonjardim. Assim, na década de 20, depois de profundas obras de remodelação no conjunto dos edifícios, “A Brasileira” reabriu as portas, com uma luxuosa decoração, transformando-se no café dos escritores, artistas, políticos, jornalistas e boémios, que ali começaram a discutir assuntos da vida cultural, cívica e política da cidade do Porto.

Na década de 90, o estabelecimento encerrou, ficando a degradar-se durante mais de uma dezena de anos. Em 2003 voltou a ver “a luz do dia”, como café e restaurante, apenas com uma sala, explorada pela multinacional Caffé Di Roma. Dez anos depois, apagaram-se, uma vez mais, as luzes do emblemático local, reclamado pelo BPI devido a uma dívida do proprietário. No final de 2013, António Oliveira procedeu, então, à compra do edifício, aceitando o desafio de provar aos turistas que o Porto tem uma mão cheia de motivos que vão fazê-los querer regressar à cidade.

Texto: Mariana Albuquerque   |   Fotos: http://www.abrasileiraporto.pt/

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