A associação “No meio do nada” está a angariar fundos para a construção do novo hospital e, se tudo correr como previsto, as obras deverão arrancar no primeiro semestre de 2013. Retirar as crianças com doenças crónicas dos cuidados intensivos dos hospitais, onde não precisam de ficar, é um dos objetivos da nova unidade, que ficará situada no número 399 da Rua Godinho Faria, na freguesia de São Mamede de Infesta, em Matosinhos.
Em declarações à Viva, a fundadora e presidente da associação, Teresa Fraga, explicou que o projeto nasceu da constatação da dor e da angústia dos pais face ao sofrimento dos filhos. “As crianças portuguesas com este tipo de necessidades ficam internadas por longos períodos nos Serviços de Pediatria, cujo objetivo não passa só por este tipo de doentes. Consequentemente, verifica-se o comprometimento do vínculo familiar e do próprio desenvolvimento infantil, provocando, por vezes, a desestruturação familiar devido à conjuntura social”, sublinhou. Assim, se a “No meio do nada” conseguir angariar a quantia de que necessita – um milhão de euros – fica cumprido o desígnio de Marta Ortigão Sampaio, que deixou o imóvel ao Centro Hospitalar do Porto (CHP) com a condição de ser utilizado para apoiar crianças doentes ou carenciadas.
A angariação de fundos arrancou há um mês e, de acordo com a responsável, os resultados estão a ser satisfatórios. “Um euro” pode fazer “a diferença” no percurso que a “No meio do nada” iniciou para proporcionar aos meninos doentes, dos zero aos 18 anos, um ambiente mais próximo do familiar. O projeto garantirá, assim, a continuidade dos cuidados cedidos às crianças com doenças graves ou em fase terminal, numa luta que tem como bandeira a felicidade. Mas a unidade infantil de cuidados continuados atuará também junto das famílias dos miúdos, através da disponibilização de ajuda psicológica, do apoio no luto e da articulação de apoios sociais destinados a responder às necessidades dos agregados familiares.
Casa requalificada e novo pavilhão de internamento
A casa que vai acolher o novo hospital de crianças conta com um terreno de cinco mil metros quadrados, com árvores e uma horta. O projeto de arquitetura está concluído, prevendo a recuperação do imóvel, que albergará uma sala de convívio, ginásio, refeitório, gabinetes de consulta e serviços administrativos, além de um espaço destinado ao internamento.
Segundo Teresa Fraga, alguns profissionais da equipa serão do serviço de Pediatria do CHP e outros da “No meio do nada”, nomeadamente enfermeiros e assistentes operacionais. A unidade foi pensada de forma a estimular as crianças com atividades (de reabilitação e lúdicas) que as capacitem para a vida diária. O jardim e a horta serão, por isso, arranjados para que os miúdos possam utilizá-los. A partir do arranque das obras, estima-se que meio ano seja suficiente para a requalificação da casa e a construção do pavilhão de internamento.
Ajuda moral e material
Lançada no dia 8 de março de 2011, a associação “No meio do nada”, a funcionar no edifício do Hospital de Santo António, visa “prestar serviços de apoio de natureza moral e material a pessoas e grupos que deles careçam”, nomeadamente a pais e familiares com vivências em cuidados intensivos neonatais e pediátricos. De salientar que, com o apoio da autarquia portuense, a instituição já criou uma casa para hospedar os pais de crianças internadas que residem longe da cidade.
Texto: Mariana Albuquerque
Fotos: “No meio do nada”
