“É uma cirurgia que permite a reconstrução do sistema linfático que é lesionado durante a cirurgia de mastectomia (remoção completa da mama), em doentes com cancro da mama”, explicou o cirurgião Gustavo Coelho, que introduziu esta técnica em Portugal.
O tratamento, segundo o especialista, consiste no transplante de gânglios linfáticos do pescoço/cervical para o punho, recorrendo a técnicas microcirúrgicas.
Frequentemente, os doentes submetidos a mastectomia são também submetidos à excisão dos gânglios linfáticos. Este procedimento torna-se necessário porque existe a possibilidade de algumas células cancerígenas poderem ficar alojadas nesses gânglios. Essa remoção vai tornar o processo de retorno da linfa (fluído linfático) ao sistema circulatório mais lento, o que pode conduzir a um inchaço/edema no braço.
O linfedema é muitas vezes associado ao cancro da mama, mas ele pode acontecer por outro tipo de patologias, nos membros superiores e inferiores.
“Associado ao cancro da mama a prevalência é muito alta. Pensa-se que cerca de 50% das cerca de seis mil mulheres que são mastectomizadas e submetidas à excisão dos gânglios linfáticos vão desenvolver linfedema do braço, isto faz com que existam cerca de três mil novos casos de linfedema por ano em Portugal”, frisou.
Segundo o especialista, “os benefícios desta técnica são óbvios, com uma franca melhoria dos sintomas como dor, melhoria significativa e duradoura da deformidade do membro afetado, mobilidade, e um retorno da qualidade de vida que, infelizmente, estes doentes perdem com a progressão desta doença”.
A maioria dos linfedemas do membros superiores desenvolve-se entre o primeiro e o segundo ano após a cirurgia oncológica, havendo no entanto observações clínicas de aparecimento tardio, mais de 10 anos após a terapêutica inicial.
O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho afirma ser pioneiro em Portugal no tratamento do linfedema dos membros superiores com a técnica de transferência de gânglios linfáticos vascularizados submentoneanos (cervicais).