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Homo Plasticus, será esse o nosso futuro?

Homo Plasticus, será esse o nosso futuro?

O tema está na ordem do dia. Os alertas são recorrentes. As notícias ressurgem com um tom cada vez mais incisivo. Ainda que, em tempos de crise na saúde pública – e não o é o plástico? – a narrativa possa por vezes perder alguma urgência.

Mas será que, de facto, estamos conscientes da problemática do plástico na nossa vida? Será que conhecemos ou contribuímos para a solução? Ou, qual pathos, estamos irremediavelmente condenados a um futuro envolto em plástico?

Recentemente, a Agência Europeia do Ambiente alertou para o aumento de consumo de plástico na Europa, consequência das exigências e normas de higienização impostas pelo combate à COVID-19. As máscaras, luvas e frascos de desinfetante passaram a fazer parte do quotidiano.

Nas escolas e creches, os sacos plásticos são diretamente solicitados para transporte de objetos pessoais, por serem de mais fácil desinfeção. As proteções individuais descartáveis, como os plásticos para colocar sobre os nossos sapatos ou as viseiras, tornaram-se preferenciais como forma de garantir a segurança e bem-estar comum.

Criaram-se e generalizaram-se ainda mais dependências de plástico – em especial de utilização única – na sociedade civil, agudizando-se outras em setores específicos, contrariando os esforços dos últimos anos no sentido de reduzir o seu consumo.

A pandemia fez deste um ano de exceções e incertezas. Mas os dados (em parte divulgados em 2020) não deixam margem para dúvidas: por ano, cada português utiliza cerca de 460 sacos de plástico (dados Agência Portuguesa do Ambiente); apenas 12% dos plásticos que estão presentes nos resíduos urbanos portugueses foram reciclados (dados Associação Zero relativos a 2018); 80% do lixo marinho na Europa é constituído por plástico, dos quais 70% são produtos descartáveis e relacionados com pesca (dados Parlamento Europeu) e 72% do lixo encontrado nas praias portuguesas em zonas industriais e de estuários são microplásticos (dados WWF). O impacto é enorme ao nível ambiental, animal (na cadeia alimentar, sobrevivência das espécies) e humano, num ciclo vicioso.

Então, o que poderemos nós fazer? Por onde começar?

Enquanto a diretiva da União Europeia não proíbe (a partir de julho de 2021) a venda de produtos de plástico de utilização única, como é o caso dos pratos, talheres, cotonetes, palhinhas, recipientes feitos de poliestireno expandido e produtos de plástico oxodegradável, o que certamente contribuirá para uma alteração em escala, a mudança pode e deve começar em nossas casas.

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Pensemos numa situação tão prática e comum quanto ir ao supermercado. Ao sair de casa, optemos por levar uma máscara social em vez de uma máscara cirúrgica descartável: já há várias marcas que as produzem de forma sustentável, inclusive utilizando plástico retirado do oceano! Depois, podemos tomar várias opções que, sendo pequenos gestos, fazem toda a diferença: comprar por atacado cereais e leguminosas, o que evita uma boa quantidade de embalagens, ou acondicionar as frutas em sacos que trazemos connosco, em lugar de sacos de plástico descartáveis que nos disponibilizam. Alternativamente a comprar sacos (de plástico ou papel) para trazer as nossas compras, podemos levar um saco de tecido para as carregar. Se o peso for muito, sabe sempre bem um gole de água – da torneira, transportada numa garrafa ou recipiente reutilizável – para recuperar o fôlego e energia.

E o que fazer com as embalagens que, apesar de tudo, não conseguimos evitar trazer para casa? Devemos pensar como reutilizar antes de reciclar. Preferir embalagens em vidro, que podem ser utilizadas para embalar alimentos e outros objetos. E só depois pensar em reciclagem, que deve ser a última das hipóteses (ainda assim há muitas dúvidas e ideias erradas sobre o que é ou não reciclável)!

Todas estas opções podem parecer pequenas ou não ter a dimensão suficiente para produzir uma verdadeira mudança. Mas são um princípio. Decisões acessíveis a todos. E quanto mais cedo começarmos, seja em idade ou na nossa rotina, melhor.

Já há mais de 150 milhões de toneladas de resíduos plásticos nos oceanos (dados Parlamento Europeu), mas a nossa parte não precisa de estar contabilizada nestes números e podemos contribuir para os inverter.

Da mesma forma que não começamos a andar de um dia para outro, a adoção de comportamentos sustentáveis e ecológicos, particularmente numa sociedade e economia em que o plástico está em todo o lado, é um processo que se vai apreendendo e desenvolvendo. E é natural que surjam várias questões, momentos de desorientação. Mas, refletirmos sobre o assunto, interrogarmo-nos sobre o que podemos fazer ou como o vamos fazer é indispensável. Da mesma forma que é fundamental a informação, o envolvimento em iniciativas (como limpezas de praias): começar desde cedo com pequenos passos até nos sentirmos seguros e capazes de caminhar. Depois correr. Caso contrário, acabamos por nos desequilibrar e cair.

O caminho é longo, mas parte de cada um de nós deixar uma pegada mais firme em direção a um futuro melhor. Afinal, somos Homo Sapiens!

Adriana Mano
Fundadora da Zouri Shoes

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