A Câmara Municipal do Porto abriu o procedimento de classificação como Monumento de Interesse Municipal (MIP), em Diário da República, do Grande Hotel do Porto por ser representar um “valor cultural de significado relevante”.
Segundo a autarquia, o hotel apresenta “um valor cultural de significado relevante, uma vez que reflete valores municipais de memória, exemplaridade e autenticidade transportados para a atualidade”.
As fundações e paredes do edifício, contam histórias que remetem a 1880, ano em que abriu portas, desde hospedar nobres e aristocratas de todo o mundo, ser local de refúgio de espiões, políticos e exilados ou ser morada permanente de artistas, boémios e intelectuais. Deste modo a câmara sublinha que nomear o hotel como Monumento de Interesse Municipal “representará uma mais-valia, enquanto testemunho construído e simbólico, integrante da história social da cidade”.
Segundo o site oficial do Grande Hotel do Porto quem o desenhou e arquitetou foi José Geraldo da Silva Sardinha a pedido de Daniel Martins de Moura Guimarães, um portuense bastado, recém-chegado do Brasil.
Tinha 40 quartos, cinco suites, sala de leitura, sala de música, de jogos e a Sala das Senhoras, o hotel apresenta-se com uma com fachada vitoriana e conta com o que mais de moderno existia em termos de conforto e kuxo, como por exemplo os espelhos franceses, os florões dourados e as colunas em mármore.
Disponibilizava até, ao que hoje se chamaria de uma espécie de spa, nas traseiras do Hotel, na Rua do Ateneu Comercial do Porto, uns balneários, abertos ao público com água quente e fria.
Na mesma década os Imperadores do Brasil D. Pedro II e D. Teresa Cristina ocuparam o primeiro piso, que foi especialmente adaptado para receber a comitiva real.
No final do século XIX, começaram as obras para a ampliação do espaço. Nesta altura o proprietário era José de Oliveira Bastos, também ele regressado do Brasil. Findadas as obras, agora o hotel possuía no total 55 quartos e um terraço.
Mais tarde, o edifício foi vendido a D. Ângelo Vasquez Enriquez e António Maria Lopes, e foi construída criada uma nova cozinha no vão que existia entre o hotel e a então Camisaria Confiança.
Já no século XX, entre os anos 20 e 40, nasce o Salão de Inverno, e entre 1940 e 1960, já como António Maria Lopes como único proprietário, dá-se outra grande reforma nas instalações, passando todos os quartos a contar com casa de banho privativa e completa.
Até aos dias de hoje, o hotel continua a sofrer modificações, mantendo sempre o estilo clássico e a herança de 1880, sendo que a ultima alteração foi no terraço, onde agora existe uma horta biológica cujos produtos são utilizados na confeção do restaurante.
Segundo o portal Porto. “na fase de instrução do procedimento de classificação, o imóvel em causa fica abrangido pelas disposições legais em vigor, pelo que a partir da data desta notificação a sua alienação ou transmissão, por herança ou legado, dependem de prévia comunicação. As disposições legais determinam ainda que, nesta fase, os comproprietários e a Câmara do Porto gozam, pela ordem indicada, do direito de preferência em caso de venda ou dação em pagamento”.
Pode ler-se também que nem a autarquia nem qualquer outra entidade pode emitir ordens ou licenças de construção ou “quaisquer trabalhos que alterem a topografia, os alinhamentos e as cérceas e, em geral, a distribuição de volumes e coberturas ou o revestimento exterior do edifício, sem prévio parecer favorável dos serviços municipais competentes”.
Fotografia: Site Oficial O Grande Hotel Porto