“Nets of Hyphae” e “Que horas são que horas”, assim se intitulam as exposições que inauguram nos próximos dias 4 e 17 de dezembro na Galeria Municipal do Porto.
De Diana Policarpo e com curadoria de Stefanie Hessler, diretora da Kunsthall Trondheim, “Nets of Hyphae” retoma, como escreve a Câmara Municipal do Porto, “a investigação da artista sobre as redes de fungos, estabelecendo paralelismos especulativos entre o ergotismo, a supressão de conhecimentos ancestrais e a justiça na saúde”.
“Convulsões, alucinações, sensações de ardor. O parasita da cravagem que infeta o centeio é conhecido como sendo a causa do ergotismo, ou Fogo de Santo António. Em pequenas doses, o fungo tem sido tradicionalmente usado por curandeiras para provocar abortos. No entanto, o conhecimento destas, assente na experiência e no conhecimento da terra e das plantas, foi erradicado pelo progresso do capitalismo patriarcal, que o substituiu pela obstetrícia. Ainda hoje os historiadores especulam se o ergotismo terá tido um papel nas acusações de bruxaria contra mulheres durante a crise de Salém em 1692, assim como contra os xamãs Sámi nos julgamentos de Finnmark em 1621, e noutras ocasiões”, lê-se na sinopse de “Nets of Hyphae”, composta por trabalhos em vídeo, animação, têxteis e ambientes sonoros.
Pela mão dos curadores José Maia, Paula Parente Pinto e Paulo Mendes chega também em dezembro, concretamente no dia 17, a exposição “Que horas são que horas”, que mostra um “olhar sobre a paisagem histórica das galerias de arte no Porto”.
“Inscrita entre a aparente abertura cultural do final da Segunda Guerra Mundial e a retração do tecido cultural provocada pela recente crise económica, revela as muitas faces da civitas, e as cumplicidades transformadoras entre artistas, agentes culturais e públicos que a conformam”.
As duas exposições vão estar patentes na Galeria Municipal do Porto até ao dia 14 de fevereiro de 2021.
