É um dos fotógrafos de surf mais respeitados da Europa e viu, agora, o seu nome incluído na lista dos 100 melhores repórteres fotográficos de ação e aventura do mundo de 2015, publicada pelo site norte-americano Soul id. Natural do Porto, onde nasceu em 1974, Tó Mané tornou-se mais conhecido do público depois de captar a famosa onda gigante que o norte-americano Garrett McNamara surfou, na Nazaré, em 2013. O profissional é, para já, o único português presente no top 100 avançado pela plataforma online. A lista ainda não se encontra encerrada e novos nomes deverão ser apresentados em breve.
No breve texto publicado pelo site, o trabalho do portuense é elogiado “pelo facto de não se concentrar na edição das suas imagens, mas sim na produção de fotografias com um ligeiro contraste”. “Ondas grandes, ‘swells’ épicos e uma fotografia espantosa são algumas das razões pelas quais Tó Mané se tornou famoso no mundo do surf”, acrescenta a página, sublinhando que o repórter “é geralmente o homem por detrás da câmara quando se trata de captar as imagens de surf mais épicas em Portugal”.
A conhecida fotografia, tirada há dois anos, na Nazaré, retrata o momento em que McNamara voltou a fazer história, dominando uma onda com 30 metros de altura. O instante, imortalizado por To Mané, correu o mundo e inundou completamente as redes sociais, tendo sido capa do jornal britânico The Times. O surfista norte-americano já tinha dado que falar em 2011, quando surfou uma onda com 23,77 metros, colocando-a no livro de recordes do Guiness. A Praia do Norte, onde se geram ondas gigantes graças ao canhão da Nazaré, transformou-se num sítio tão especial para McNamara que foi escolhido para ser o cenário do seu casamento com a professora de Ciências Ambientais Nicole Macias, em novembro de 2012.
Surf e fotografia: dois vícios indissociáveis
A residir, atualmente, no Porto, Tó Mané começou a praticar surf em 1988 e, a partir de então, nunca mais se afastou da modalidade. Dez anos depois, quando publicou a sua primeira imagem numa revista de surf portuguesa (já extinta), percebeu que os dois vícios se haviam tornado indissociáveis. Os seus trabalhos já percorreram os quatro cantos do mundo, tendo-se destacado igualmente ao fotografar uma onda surfada pelo brasileiro Carlos Burle, em outubro de 2013. Colabora regularmente com a Galeria Surf Leça.
Há três anos, avançou com a publicação do livro “Travel”, no qual conjuga as paixões pelo surf e pelas viagens. Do casamento destes dois ingredientes resultou um método fotográfico que encontra nas linhas, formas, perspetivas e cores os seus elementos fundamentais. A seu favor tem ainda o facto de ser um real conhecedor dos ventos e marés, sabendo exatamente onde se posicionar, estrategicamente, para captar o momento-chave. Depois, como é possível ler na sua página pessoal, basta resistir “até encontrar a simbiose perfeita entre o homem e a natureza”. “Adoro visualizar a fotografia que quero captar e fazer com que ela aconteça”, confessou. O portuense já arrecadou vários prémios internacionais, entre os quais o “The 45 Most Powerful Photos of 2013”, “The Most Surprising Photos of 2013” e “National Geographic Spontaneous Adventure”.
Causas ambientais e sociais
Além de se dedicar à fotografia de surf, Tó Mané luta igualmente por valores ambientes e sociais, apoiando diferentes associações, nomeadamente a Surf for Food, Freewaters Project e a Associação Portuguesa de Surf Adaptado.
Texto: Mariana Albuquerque | Fotos: Tó Mané/João Pedro Rocha
