A edição deste ano do Fórum do Futuro é destinada ao tema “Ligações”, e leva a diferentes espaços do Porto uma série de conferências protagonizadas por interlocutores de várias áreas artísticas, humanas e científicas, até este domingo à noite.
O festival internacional de pensamento, que decorre no Rivoli, mas também em Serralves, Casa da Música e Teatro Nacional São João, tem como intuito reunir convidados de múltiplas disciplinas para refletir sobre questões que importam às sociedades contemporâneas.
O festival já contou, ao longo desta semana, com importantes oradores como Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura no Vaticano, ou o famoso fotógrafo Samuel Fosso.
O Fórum do Futuro é desde o seu nascimento apelidado por “festival do pensamento” e pretende privilegiar caminhos que abrem novos acessos para o conhecimento e para a ação.
Um dos objetivos desta edição do festival é de causar a reflexão sobre as maneiras de como a sociedade se relaciona com o contemporâneo, sensibilizando para temas como o terrorismo na Europa, o racismo ou a crise dos refugiados que atualmente se vive em território europeu.
Assim, todas as atividades ao longo da iniciativa são feitas com olhares que se estendem ao pensamento que vem de África ou do Médio Oriente, e à utilização da comunicação por artistas de outros continentes minando o eurocentrismo e mostrando a universalidade das suas obras; mas também à exposição daqueles que, no Ocidente, exploram os limites da relação entre artes e a ciência, procurando, já não uma ligação, mas o longo catálogo de possibilidades que as ligações oferecem.
Ainda esta sexta-feira, pelas 19h, o Rivoli recebe o realizador e produtor de documentários Teddy Goitom, que falará sobre “Afripedia: do gueto para a aldeia global”. A Afripedia é uma plataforma digital de colaboração e ligação entre artistas, editores, curadores e outros.
A sessão das 21h30 desta sexta-feira, no Rivoli também, tem como convidado principal Ron Arad, que falará sobre “Design for Living”.
No sábado, pelas 16h, no Mosteiro de São Bento da Vitória, é a vez do escritor Tahar Ben Jelloun falar sobre a ameaça terrorista e o consequente crescer do racismo e da xenofobia e do crescente populismo político na Europa. Tahar Ben Jelloun foi o primeiro escritor magrebino a vencer o prémio Goncourt (1987) e tem lutado ao longo dos anos pela causa feminista e pelos direitos humanos.
Às 19h, no Rivoli o realizador e artista John Akomfrah falará sobre a representação do papel dos negros na História, com uma conferência com o nome de “Black lives and the matter of history”.
John Akomfrah, que tem ao longo dos anos realizado peças com cuidado político, vai afundar-se na memória e partilha histórias da experiência pós-colonial que ficaram por contar.
Para terminar o sábado, pelas 21h, o Rivoli torna a abrir portas, desta vez a uma conferência com o nome “Forensic Architecture: a arquitetura a analisar a guerra”, que contará com a presença do arquiteto israelita Eyal Weizman, que dirige o Centro de Pesquisa Arquitetónica de Goldsmiths, na Universidade de Londres, e cofundou a agência de investigação Forensic Architecture.
Esta Agência pretende estudar conflitos das regiões fronteiriças do Paquistão ao interior de florestas na América do Sul, sem esquecer a disputa israelo-palestiniana. Assim, investigando os locais onde decorreram e decorrem alguns dos conflitos contemporâneos, monitorizando os crimes cometidos pelos estados e por outras partes através da arquitetura forense, é possível, defende o arquiteto israelita, fornecer novos instrumentos de análise política e de intervenção humanitária.
O último dia do Fórum do Futuro – domingo – começa às 15h com a exibição da obra “O Peso do Silêncio”, de Joshua Oppenheimer. O cineasta americano vai falar, pelas 18h, na sessão “Contra o esquecimento, a memória” e explicará por que razão e de que maneira os seus filmes romperam com décadas de silêncio.
Pelas 21h30, o Rivoli recebe a sessão de encerramento do festival que terá como tema “Refugiados: na linha da frente”. Este momento contará com a presença de Hasan Kara, presidente da Câmara Municipal de Kilis, cidade turca candidata ao Prémio Nobel da Paz pelo modo como tem vindo a acolher os refugiados sírios, o presidente de Câmara de Chios, na Grécia, Manolis Vournous, que ameaçou processar o seu governo de maneira a garantir que o centro de acolhimento criado na sua cidade não se tornaria em campo de detenção, e Hassan Akkad, o refugiado sírio que chegou ao Reino Unido depois de quase se ter afogado no mar Mediterrâneo e atravessar a Europa tornando-se protagonista do documentário da BBC, Exodus.
