Na apresentação oficial da programação, o responsável adiantou ainda que o corte orçamental para esta edição foi de cerca de 16%. No entanto, a organização acredita que conseguiu elaborar uma proposta “com o mesmo espírito da dos anos anteriores”, pelo que considera que o público não ficará desiludido.
A organização do FITEI encontrou, assim, uma forma de contornar a crise, dando às companhias “Bisturi”, “Erva Daninha”, “A Turma”, “A PELE – Espaço de Contacto Social e Cultural”, “Ponto Teatro” e “Rei Sem Roupa” a oportunidade de mostrar o que valem, sob o olhar atento do público.
O ciclo, denominado “Vão de Escada”, é caracterizado por Julieta Guimarães, comissária do projeto, como “um espetro muito largo de disciplinas, com espetáculos da mais alta qualidade, com linguagens tão distintas como a dança, o circo ou a intervenção”. “Gostava que esta iniciativa representasse um alerta para as dificuldades que as companhias criadas no pós-anos 1990 estão a passar”, acrescentou a responsável, recordando a ausência de apoios às programações das estruturas mais recentes.
A comissária do “Vão de Escada” explicou também que o nome da iniciativa resultou da “marginalidade” em que se movimentam as estruturas emergentes. “O ‘Vão de Escada’, às vezes, também é uma vontade. Estamos lá porque queremos estar”, assumiu. Deste modo, é com espetáculos como “Histórias de Família”, do “Bisturi”, “Pira Te”, da “Erva Daninha”, “História de Amor”, da “Turma” e “Meto a colher”, da associação PELE, que os novos artistas pretendem afirmar-se em cima do palco.
O FITEI 2011 vai passar por diversos locais do Porto, nomeadamente o Teatro Nacional São João, Teatro Nacional Carlos Alberto, Biblioteca Municipal Almeida Garrett, Fundação de Serralves, Teatro Helena Sá e Costa, Centro Português de Fotografia, Estúdio Zero, Estúdio Latino, Balleteatro, ESAP, Mosteiro S. Bento da Vitória, Fábrica da Rua da Alegria e Cine-Teatro Constantino Nery.
Na primeira performance, inspirada no romance de Lima Barreto “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”, o encenador brasileiro retrata a “história de um herói ingénuo e bem-intencionado, um nacionalista fervoroso, que acaba por ser vítima das suas próprias crenças”, uma vez que o país que defende nada de bom lhe dá em troca.
Em “Lamartine Babo”, Antunes Filho “homenageia um dos maiores compositores da Música Popular Brasileira, Lamartine de Azeredo Babo, que se consagrou pela sua criatividade, humor e irreverência”.
Homenagem a João Paulo Seara Cardoso
Trata-se de uma peça que “recria, com uma estética bélica contemporânea e até futurista, uma guerra que, no fundo, é igual a todas as guerras”. Música e fogo-de-artifício são alguns dos ingredientes que acompanham a performance de homenagem, em Serralves.
Além dos espetáculos de teatro, a programação do FITEI conta ainda com várias exposições fotográficas e conferências. Logo no dia 27, Renato Roque inaugura o projeto “Hollywood e outros cenários”, no qual “ao captar imagens de barragens do Douro consegue abordar várias questões, como por exemplo, a ambiguidade como essência do processo fotográfico”.
A conferência “Cinema com gente de verdade: teatro, ilusão e realidade no cinema cubano”, o “III Encontro Ibérico de Publicações Periódicas de Artes Cénicas” e o encontro “A dramaturgia alemã no panorama teatral português” são outras propostas da 34.ª edição do FITEI.
Mariana Albuquerque