São 40 horas seguidas de animação, durante as quais é possível partilhar lugares e experiências com artistas, aproveitar o bom tempo e dançar madrugada fora. A 12.ª edição do Serralves em Festa arranca este sábado, às 08h00, e só termina no domingo, perto da meia-noite, com atividades multidisciplinares para todos os gostos. O maior festival de expressão artística contemporânea do Porto passará, como habitualmente, por vários locais da cidade, com iniciativas e espetáculos protagonizados por artistas de todo o mundo. O acesso, como sempre, é gratuito.
“Um entre muitos” é o tema do programa deste ano, que, segundo explicou a organização, “reforça aquela que é uma das principais singularidades do evento – que propõe, durante dois dias, uma verdadeira existência coletiva”. A agenda “integra propostas que ilustram a interação das artes visuais com as artes performativas, nas áreas disciplinares da Performance, Música, Dança Contemporânea, Teatro e Cinema, Arquitetura e Ecologia, apresentadas numa relação estreita e integrada com as atividades regularmente desenvolvidas no Museu e no Parque de Serralves”, acrescentou.
Um dos destaques musicais de sábado vai para a atuação (às 16h00, no Prado) do coletivo de jazz “The Pyramids”, fundado nos Estados Unidos em 1972. O grupo separou-se em 1977, mas voltou a juntar-se em 2007, acabando por lançar um novo álbum, intitulado “Otherworldy”. Serralves desafiou os músicos a colaborarem com cinco jovens artistas portugueses da área do jazz e da música experimental: Angélica Salvi, Gabriel Ferrandini, Gil Dionísio, João Guimarães e Pedro Sousa, que vão, assim, juntar-se ao coletivo para um concerto inédito no festival.
The Pop Group na Festa do Prado
Reconhecidos internacionalmente como uma das bandas pioneiras da cena post-punk, os britânicos The Pop Group vão atuar, à meia-noite, na Festa do Prado, um dos pontos altos de cada edição do Serralves em Festa. Uma hora e meia depois, a sinergia entre os portugueses Paus e a artista britânica Jemima Stehli também deverá atrair curiosos. Mas antes disso, pelas 22h30, a coreógrafa francesa Emanuelle Huyhn recriará a peça de Iannis Xenakis, “Persephassa”, agora com bailarinos portugueses. E ao longo do festival, a norte-americana DD Dorvillier vai transmitir o seu arquivo coreográfico a bailarinos estrangeiros e locais, na criação “A Catalogue of Steps”.
Mas também haverá circo contemporâneo (por exemplo às 22h00 de sábado), com a estreia em Portugal da companhia francesa Les Philébulistes, que apresentará “Hallali ou la 5e. de Beethov”. O espetáculo – que decorrerá na clareira das azinheiras – envolve seis trapezistas e uma estrutura gigante que permite coordenar os movimentos aeróbicos e acrobáticos. O público mais pequeno não ficará esquecido. Nesta edição, haverá “Poemas para Bocas Pequenas” (domingo, às 11h00), recitais de poesia nos quais Margarida Mestre pretende explorar a vertente plástica e sensitiva dos textos.
Programa radiofónico entre as novidades
Uma das inovações introduzidas este ano será a criação de um programa radiofónico chamado “Rádio Já”, para o qual todos poderão sugerir conteúdos, transmitidos via streaming para quem estiver longe e também quiser fazer parte da aventura.
Destaque ainda para os projetos de performance A String Section, da companhia inglesa Reckless Sleepers, com visões perturbadoras e insólitas de cinco mulheres vestidas de negro com serrotes na mão, agendados para domingo, às 19h00, na Casa de Serralves.
De recordar que, na edição de 2014, o Serralves em Festa recebeu mais de 140 mil pessoas. “O número de públicos para o qual trabalhamos é sempre incerto, mas o que posso garantir é que estamos completamente dimensionados quer em termos de atividades quer em termos de restauração e capacidade de acolhimento para todos quantos quiserem vir passar 40 horas inesquecíveis”, afirmou Cristina Passos, diretora de recursos e projetos especiais da Fundação.
Fora de Serralves também há festa
Numa espécie de aquecimento para o fim de semana de folia, o festival já se estendeu, esta sexta-feira, à Baixa da cidade, nomeadamente à reitoria da Universidade do Porto e ao Largo da estação de São Bento, num primeiro contacto do público com uma mão cheia de propostas artísticas.
Texto: Mariana Albuquerque
