
Uns metros à frente de José Carvalho – e entre dezenas de pessoas atentas aos títulos expostos – está um casal de namorados a observar a banca dos livros infantis. Mas as opções de leitura não se esgotam aqui. O certame apresenta cerca de 400 mil livros das mais diversas áreas: culinária, arte, biografia, vinho, saúde, música, automobilismo e humor. “A festa está organizada por preços e por temas para que os visitantes possam percorrer o espaço com alguma organização”, salientou à Viva Francisco Madruga, director da editora Calendário de Letras.
Além do preço, a raridade de algumas obras é outro dos aspectos a destacar. “Temos algum stock de livros raros, de editoras que, por vários motivos, deixaram de existir”, afirmou o director da Calendário das Letras, referindo-se, por exemplo, a “obras de Torga, de capa branca e fechadas à moda antiga”.
Cinco mil visitantes nos primeiros dias
Em declarações à Viva, Francisco Madruga assegurou que a adesão à XVI Festa do Livro “está a ser bastante boa”. “A iniciativa conta já com uma história de 16 anos e, mesmo que não a divulguemos, as pessoas procuram saber quando é que se realiza”, notou. O certame encontra-se, pelo segundo ano consecutivo, na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda e já passou por locais como o Palácio de Cristal e o Mercado Ferreira Borges.
“Na primeira semana recebemos cerca de cinco mil visitantes e, até ao fim da festa, estimamos ter entre 15 e 20 mil visitas”, referiu.
Difundir a leitura por toda a cidade do Porto
Para Francisco Madruga, “as pessoas estão mais sensibilizadas para a importância dos livros”, graças à “própria política governamental”. “Por exemplo, grande parte dos municípios portugueses já tem bibliotecas municipais, o que acaba por contribuir muito para o aumento da leitura”, apontou.
José Carvalho acredita que “eventos destes deviam ser constantes durante o ano, apresentando livros de vários temas a preços acessíveis”. “A feira é uma mais-valia mas devia alargar-se a outros pontos da cidade. Os jovens de Campanhã, por exemplo, são capazes de não vir cá, porque fica longe, por isso, é bom que estes eventos se espalhem”, defendeu. Ainda assim, fica registada a satisfação do curioso que seguiu caminho, sorridente, em busca da “delícia” de obra de Teixeira de Pascoaes.
Mariana Albuquerque