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Fernão de Magalhães: o português inesquecível

Fernão de Magalhães: o português inesquecível

É um nome que transcende gerações, que atravessa fronteiras e enaltece o orgulho de qualquer português. Fernão de Magalhães, o navegador que deu novos mundos ao mundo e se tornou um dos mais reconhecidos e destemidos heróis da era dos descobrimentos.

Corria o ano de 1521 quando o explorador realizava o projeto da grande viagem para ocidente, que se propunha atingir as ilhas Molucas, ricas em especiarias, produtos bastante raros e valiosos, na altura. Esse era o principal objetivo da viagem de Magalhães – provar que se podia navegar diretamente do Oceano Atlântico para o Pacífico e chegar às ilhas, onde se previa que estivesse um sem fim de especiarias orientais, um dos bens mais preciosos no comércio da altura. O sonho acabou, contudo, por ser brutalmente “interrompido” pela sua morte. O trágico acontecimento ocorreu a 27 de abril [uma data que assinalou na última semana o marco dos 500 anos], durante um confronto militar travado na ilha de Mactan, junto a Cebu, uma das ilhas Filipinas onde a expedição espanhola que comandava tinha ancorado semanas antes.

Segundo José Manuel Garcia, historiador e biógrafo de Fernão de Magalhães, terá sido Lapu Lapu, rei da ilha de Mactan, de acordo com o cronista António Pigafetta, o principal responsável pelo fim do português. “Foi ele quem chefiou os guerreiros que o mataram, depois de se ter recusado a obedecer às suas exigências para que pagasse o tributo que lhe era exigido e se submetesse à autoridade do seu inimigo Humabon, rei de Cebu e, através deste, a Carlos V”, explicou, em entrevista ao Diário de Notícias, assinalando que, por isso, podemos admitir que “foi Lapu Lapu quem se opôs com sucesso à infeliz investida que acabou tragicamente para Magalhães”.

Aquando da sua morte, Fernão de Magalhães encontrava-se ao serviço da coroa espanhola, uma vez que a sua ideia não interessava a Portugal, que não viam vantagem comercial na viagem, mas sim ao rei de Castela e Aragão. O navegador comandou, assim, a viagem que ficaria conhecida como a primeira circum-navegação, ou seja, a primeira volta ao mundo feita por mar, que começou, oficialmente, a 20 de setembro de 1519. Sob o seu comando estava uma frota de cinco navios, três dos quais – “Concepcion”, “Trinidad” e “Victoria” – chegaram às Filipinas dois anos depois, a 16 de março.

A travessia do Oceano Pacífico, segundo informação avançada pela Comissão Cultural de Marinha, durou mais de três meses, “com mantimentos e água reduzidos ao mínimo”. “Numa tentativa de criar aliados e estabelecer igualmente bases de apoio para futuras viagens, [Magalhães] encontrará apoio na ilha de Cebu, onde chegou a 7 de abril. Estabelecidas boas ligações com o governante local e, entrando assim, no xadrez político da região, concordou em levar a cabo uma investida militar contra o seu inimigo, Lapu Lapu, governante da ilha vizinha de Mactan”, recorda, a propósito da batalha que tirou a vida a uma das mais importantes figuras da história universal.

O confronto, marcado pela inferioridade numérica, opôs 50 espanhóis comandados por Fernão de Magalhães a cerca de 1500 guerreiros da ilha, revelam os historiadores.

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A tripulação prosseguiu o seu objetivo de encontrar as ilhas Molucas, numa viagem que teve dois novos líderes, o português Duarte Barbosa e o espanhol Juan Sebastián Elcano. Foi este último que acabou por comandar a armada espanhola até ao Cabo da Boa Esperança e a partir daí até Espanha. O navegador regressou em setembro de 1522 com uma única nau, a “Victoria”, ocupada por 18 dos 270 tripulantes iniciais. Contudo, os créditos da circum-navegação, mesmo com a sua morte, foram mundialmente atribuídos a Fernão de Magalhães.

Foto: Fernão de Magalhães. Portugal, Torre do Tombo, SNI, Arq. Fotográfico, n.º 68760

“Foi devido às circunstâncias por que passou a expedição após a morte de Magalhães que ele [Juan Elcano] acabou por conseguir acabar a viagem de regresso à Europa ao ter a coragem de desobedecer a Carlos V para que não se entrasse pela parte portuguesa do mundo, a qual já havia sido percorrida por Magalhães entre 1505 e 1513. Elcano saiu das Molucas em dezembro de 1521 e navegou pelo sul do Pacífico, numa zona onde fugia aos portugueses, que estavam mais a norte. Foi por isso que realizou uma viagem que não estava planeada, tendo podido alcançar Espanha em 6 de setembro de 1522, rumando sempre para oriente, e alcançar a justa glória de ter concluído de forma surpreendente a primeira circum-navegação da Terra feita de seguida e de forma direta”, sublinhou José Manuel Garcia.

Fernão de Magalhães foi o maior navegador português e internacional até então. A circum-navegação ao globo foi o maior feito da navegação da história. Foi graças a ela que a Europa confirmou que “a Terra era de facto redonda e maior do que então se pensava e que possuía um outro enorme oceano, o Pacífico”. “Quando Magalhães descobriu as Filipinas em 16 de março de 1521 e assim chegou à Ásia indo por ocidente, teve sempre à mão o planisfério que Jorge e Pedro Reinel lhe haviam feito em 1519 e ele ia atualizando. Teve por isso de se aperceber da dimensão da esfera terrestre, o que aconteceu porque, pela primeira vez, ele acabara de a circum-navegar na prática, ainda que de forma indireta”, sublinhou, por sua vez, o historiador e biógrafo.

“Ele apercebeu-se experimentalmente da esfericidade da Terra, a qual era já conhecida e aceite teoricamente desde a Antiguidade, ao ter conseguido avaliar a sua real dimensão (…) Só depois de ter atravessado inteiramente o Pacífico, em toda a sua extensão, é que se apercebeu, conseguindo revelar que o nosso planeta tinha mais água do que terra”, continuou.

Magalhães, o navegador que de acordo com investigações recentes terá nascido na freguesia da Sé do Porto, foi o maior navegador português e internacional de todos os tempos. O português magnífico e inesquecível, cujo nome ficou imortalizado em “diferentes espécies de fauna e flora, universidades, regiões, crateras lunares, constelações e naves espaciais”.

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