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Feira Medieval 2015

Feira Medieval 2015
Matosinhos prepara-se para novo regresso ao passado

É, “desde há muito, um ponto de passagem obrigatória da História de Portugal e da Península Ibérica” – tal como descreveu o presidente da autarquia matosinhense, Guilherme Pinto – e está prestes a acolher mais uma edição da tão apreciada recriação histórica “Os Hospitalários no Caminho de Santiago”. Falamos, obviamente, do Mosteiro de Leça do Balio que, de 10 a 13 de setembro, recuará ao período medieval, comprovando a íntima ligação de Matosinhos às rotas seculares das peregrinações religiosas.

O monumento, que chegou a ser, no século XII, a casa mãe da Ordem dos Hospitalários em Portugal – que se dedicava, entre outras coisas, a ajudar os peregrinos – surge, assim, como uma importante peça do vasto Património da Humanidade de que fazem parte os Caminhos de Santiago.

feira_medieval15_2Agora na sua décima edição, o certame – dinamizado pela Câmara de Matosinhos com o intuito de promover o património histórico do concelho – promete apresentar ao público (regra geral mais de 200 mil pessoas) aromas afrodisíacos, aves raras de olhar penetrante, sons típicos de espadas em ação e sugestões gastronómicas de outros tempos. “Participe numa visita guiada ao local, conheça o trabalho dos artesãos ao vivo, assista aos espetáculos de teatro, música e torneios a cavalo, divirta-se com o circo de saltimbancos e malabaristas, percorra as tabernas, delicie-se com os doces conventuais, abrace o espírito medieval e interaja com as personagens típicas daquela época”, é o convite deixado pelo município.

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O “cenário singular e mágico” da Feira Medieval dá as boas-vindas ao público às 17 horas do dia 10, com os “almocreves, bufarinheiros e mesteirais a acorrerem à praça para montarem as suas tendas e bancas”, enquanto saltimbancos e menestréis preparam as suas atuações burlescas e jocosas. Entretanto, “em anúncio da visitação do Reposteiro-Mor de D. Fernando ao mosteiro, senhores e servos saem a receber a nobre comitiva, aprestando-se o tabelião e aprendizes em trazer para o terreiro as mesas e assentos com que se há-de redigir o termo desta visita”, antes da qual se enxotam “os cães sarnentos para longe das vistas”. E é chegado o momento de receber o visitante: “ao som das trombetas, o préstito irrompe na praça de armas”. “O cortejo detém-se e dessedentam-se as visitas com água e malvasia. O comendador da Ordem do Hospital agradece ao nobre Reposteiro-Mor o empenho e a preparação dos esponsais de El-Rei. Há bênção e oração devota. E mandam-se dar vivas ao Rei”, descreve a autarquia.

feira_medieval15_3Ao final da tarde, pelas 19h00, arranca a segunda recriação histórica da feira, com a receção dos peregrinos de Santiago pelos freires hospitalários, que lhes lavam as feridas, concedendo-lhes ainda “alimento e palha enxuta para pernoitarem”. E marcado para as 23h00 está o primeiro ajuste de contas: o Auto de Fé da época medieval, durante o qual os “acusados de desmandos contra a Santa Madre Igreja serão chicoteados até à pública confissão das suas perversões”. E como o velho mosteiro esconde, no seu silêncio, muitas lendas e tesouros, as reconstruções históricas não se ficam por aqui. Assim, no dia seguinte (sexta-feira, 11 de setembro), à meia-noite, será retratada a Lenda do Ferro-Caldo. De acordo com esta narrativa popular, a mulher de um ferreiro do lugar do Souto, acusada de adultério, vê-se obrigada a ser submetida à referida prova como meio de afirmar a sua inocência. O desafio, esse, consistia em caminhar pelo menos oito pés com um ferro em brasa nas mãos, sem qualquer lamento. Acha que ela será capaz?

No sábado, a animação regressa ao mercado por volta das 12h00, com uma mão cheia de atividades medievais: mostras e treinos de armas, dança do ventre, teatro cómico e de improviso, acrobacias e torneios a cavalo. Mas o ponto alto do certame decorrerá, como é habitual, no domingo, com a recriação histórica do “Casamento de D. Fernando e D. Leonor”. Assim, pelas 17h00, o rei contraria definitivamente o descontentamento do povo e, “reprimindo violentamente os seus protestos, toma-a como sua esposa”, no velho mosteiro. “Por tudo isto, a recriação “Os Hospitalários no Caminho de Santiago” é bastante mais do que uma feira medieval anualmente demandada por dezenas de milhares de visitantes. É um momento em que a história se renova e em que Matosinhos se mostra como talvez já fosse no século XIV: uma terra tão incontornável e vibrante como queremos que continue a ser”, frisou Guilherme Pinto.

Texto: Mariana Albuquerque     |     Fotos: CMMatosinhos

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