Assim, em resposta ao repto lançado pela autarquia local, um grupo de famalicenses alinhou na aventura de cumprir o seu dia a dia deslocando-se apenas de bicicleta. Depois de efetuarem a inscrição no projeto – individualmente ou em grupo – através do site do evento (www.ecc2013.net), os participantes apenas têm de fazer jus à palavra de ordem do desafio: pedalar. Ao longo do mês, os trajetos percorridos pelos participantes vão ficando registados, assim como as distâncias percorridas e a quantificação de CO2 não emitido, de forma a identificar, no final, a cidade com melhor desempenho.
A concurso estão, para além de Famalicão, as cidades de Bolonha (Itália), Dublin (Irlanda), Kaunas (Lituânia), Lewisham (Reino Unido), Lille (França), Padova (Itália), Rimini (Itália), Tallinn (Estónia), Tartu (Estónia), Utrecht (Holanda) e West London (Reino Unido). Em declarações à Viva, o presidente da autarquia famalicense, Armindo Costa, explicou que a participação do município no desafio surgiu na sequência das “consistentes” políticas de sustentabilidade que a câmara tem protagonizado, “tanto na mudança do paradigma da mobilidade – com o desenvolvimento do projeto “Famalicão Ciclável” – como na própria estrutura ecológica da cidade, com a criação do Parque da Devesa”. “De facto, foi no âmbito do estudo do projeto ‘Famalicão Ciclável’, que vai avançar em breve com a criação de redes cicláveis, que os nossos técnicos tomaram conhecimento do European Cycling Challenge 2013”, explicou, acrescentando que, como a iniciativa se enquadra nos objetivos do projeto ambiental desenvolvido no município, a autarquia decidiu, desde logo, contactar os italianos responsáveis pela promoção do evento.
Até às 15 horas do passado dia 30 de abril, o evento desportivo somava 46 pessoas inscritas. Ainda assim, ao longo do mês, os cidadãos interessados podem juntar-se à iniciativa, bastando, para isso, que efetuem a respetiva inscrição. Armindo Costa afirma estar confiante de que o número de participantes irá crescer até ao final do projeto. “As inscrições estão a aumentar e, segundo os organizadores, nos anos anteriores, na maior parte das cidades, o número de inscrições mais do que duplicou até ao final. Também esperamos que isso aconteça”, realçou. Concluído o processo de inscrição, os famalicenses “podem optar por descarregar uma aplicação para um smarthphone com gps, inserir uma rota manualmente no site ou mesmo importar ficheiros .gpx de outros dispositivos”.
Apostar numa cidade “mais sustentável”
Para além de representar uma estratégia de sensibilização dos cidadãos para as vantagens do “uso da bicicleta como meio de transporte mais económico, saudável e melhor para o ambiente”, o projeto visa também dar-lhes a oportunidade de contactarem com pessoas de outros países que também não quiseram deixar de fazer parte do desafio. “Para o município, o objetivo central é apostar numa cidade sustentável com a melhoria da qualidade de vida das pessoas, partilhar experiências com outras cidades europeias; estabelecer uma rede de contactos com os futuros utilizadores das ciclovias a implementar na cidade e dar-lhes a conhecer o projeto, envolvendo-os no seu desenvolvimento”, mencionou o presidente da câmara. No final de maio, altura em que termina o “European Cycling Challenge 2013”, o município terá acesso a um mapa com todos os percursos efetuados pelos participantes que será uma importante estratégia no processo de identificação dos trajetos prioritários do “Famalicão Ciclável”.
O entusiasmo gerado em torno do evento desportivo tem estado refletido nas só nas redes sociais como também na adesão às sessões de apresentação do projeto. “Em Vila Nova de Famalicão temos muitas associações e grupos de ciclistas que andam de bicicleta por desporto e por lazer, que são muito ativos, assim como dinâmicas associações de defesa do ambiente e juventude que têm apoiado esta iniciativa”, notou Armindo Costa. Por outro lado, acrescentou, o número de cidadãos que privilegiam a utilização de bicicleta tem vindo a aumentar. “Pudemos comprová-lo, no passado dia 28 abril, no passeio do movimento “Massa Crítica”, organizado em Famalicão, em que apareceram mais de uma centena de pessoas de todas as idades”, referiu o autarca, reconhecendo que, contudo, ainda há um longo caminho a percorrer na luta contra “os preconceitos, o comodismo, a falta de respeito dos automobilistas pelas bicicletas e as condições de circulação”.
Vinte quilómetros de ciclovias até 2020
O projeto “Famalicão Ciclável”, na sequência do qual Vila Nova de Famalicão decidiu alinhar no “European Cycling Challenge 2013”, pretende introduzir na cidade uma rede ciclável de forma a incentivar a população a investir no uso da bicicleta como meio de transporte. “Consiste num projeto transversal para a implementação de cerca de 20 Km de ciclovias em Famalicão até 2020, com o envolvimento da comunidade e de entidades públicas e privadas que queiram dar o seu contributo”, explicou o autarca local.
Texto: Mariana Albuquerque
